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Mostra no Sesc Madureira transforma arte em caminho contra intolerância religiosa

A partir do dia 12 de julho, o público que frequentar o SESC Madureira, no Rio de Janeiro, terá a oportunidade de mergulhar em uma exposição única, que retratará diversas religiões do mundo, de modo especial do Brasil e de outros países da América Latina, pelo olhar singular da artista visual Kelly S. Reis. Por meio da arte, ela nos convida a refletir sobre essa diversidade religiosa, com ênfase nas tradições indígena, afro-brasileira e africana. É a mostra Pagã, que reunirá mais de 40 obras, entre pinturas, mural e instalação, em um espaço onde arte, fé e resistência caminharão lado a lado.

Com curadoria de Maria Luiza Menezes, produção de Letícia Souza e expografia de Karine Guerra, a exposição é resultado das experiências espirituais e da trajetória de Kelly S. Reis, que constrói sua obra a partir de símbolos, gestos, saberes ancestrais e práticas sincréticas que habitam o cotidiano de muitas brasileiras e brasileiros. “Essa exposição foi pensada por mulheres e fala sobre as dinâmicas de mestiçagem biológica e cultural. Ela não busca definir uma religião como correta, mas sim questionar a ideia de purismos religiosos e espiritualistas”, afirma Kelly.

O projeto, que já passou pelo Centro Cultural Tendal da Lapa, em São Paulo, traz ao Sesc Madureira um recorte sensível das intersecções entre fé, corpo, território e natureza. A artista convida o público a observar com atenção os detalhes que compõem o universo sincrético da espiritualidade latino-americana — como a sobreposição de símbolos cristãos e africanos, o uso de ervas de proteção, e rituais cotidianos presentes nas mais diversas crenças. “Mesmo uma pessoa católica, em algum momento da vida, já solicitou o trabalho de uma benzedeira. Isso é parte da nossa história cultural e espiritual”, destaca.

A curadora Maria Luiza Meneses explica que as obras de Pagã são protagonizadas por figuras femininas e andróginas cercadas por elementos simbólicos como serpentes, flechas, raízes, o fogo e a lua — imagens que resgatam o poder de religiosidades que historicamente foram marginalizadas. “A exposição acontece nesse espaço intermediário entre a crítica aos processos de colonização e o reconhecimento dos saberes adquiridos por meio da troca cultural. As pinturas de Kelly convidam à autodenominação ‘pagã’ como forma de resgatar o respeito à natureza, à liberdade religiosa e à emancipação feminina”, diz Maria Luiza.

A proposta da exposição vai além da contemplação estética: ela busca criar um ambiente seguro, inclusivo e acessível para que o público se conecte com suas próprias experiências de fé. A mostra contará com audiodescrição, obras táteis para o público com deficiência visual e ações educativas. Um dos destaques é que a própria artista, Kelly S. Reis, será responsável por realizar as audiodescrições das obras, com o intuito de criar um elo direto com os visitantes e aproximá-los de sua vivência e processo criativo. Além disso, práticas de sustentabilidade foram adotadas para o descarte adequado dos materiais de montagem.

Com obras inéditas, um mural, além de esculturas em latas recicladas, Pagã convida os visitantes a refletirem sobre as conexões entre arte urbana, espiritualidade e ancestralidade. “É também uma exposição que fala sobre magia — essa força que muitas vezes foi negada pelas tradições cristãs, mas que está presente no uso de sal grosso, ervas e imagens. Esses elementos fazem parte do nosso cotidiano e da nossa fé, mesmo quando não percebemos”, explica Kelly.

A urgência desse diálogo se reforça diante dos números alarmantes sobre intolerância religiosa no país. Apenas no ano passado, o Ministério dos Direitos Humanos, por meio do canal Disque 100, recebeu 2.472 denúncias de ataques relacionados à fé — quase mil casos a mais do que em 2023, representando um aumento de quase 67%.

Em um cenário como esse, ao evocar a força das mulheres negras, indígenas e mestiças e revalorizar os saberes tradicionalmente silenciados pela colonização e pelo patriarcado, Pagã constrói um espaço expositivo potente, que amplia o debate sobre intolerância religiosa, liberdade de crença e respeito à diversidade espiritual que constitui o Brasil.

Foto: Karine Guerra.

Serviço: Exposição Pagã

Abertura: 12 de julho, a partir das 13h

Visitação: 13 de julho a 12 de outubro de 2025

Dias e horários: terça a sexta, das 10h às 19h, sábados, domingos e feriados, das 10 às 16h

Local: Sesc Madureira: R. Ewbank da Câmara, 90 – Madureira, Rio de Janeiro – RJ

Entrada gratuita

Livre para todos os públicos

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