Técnicas cirúrgicas que prometem mudar a cor dos olhos de forma permanente estão chamando a atenção nas redes sociais, mas o alerta é claro: o desejo estético pode custar a visão. Segundo entidades médicas brasileiras e internacionais, esses procedimentos oferecem riscos severos e não são recomendados em olhos saudáveis.
Técnicas perigosas e sem aprovação médica
• Implante de íris artificial: envolve a colocação de uma prótese de silicone sobre a íris natural. Desenvolvida inicialmente para fins terapêuticos, passou a ser usada esteticamente. Pode causar glaucoma, inflamações graves e até cegueira.
• Despigmentação da íris com laser: usa laser para remover o pigmento da íris e revelar uma coloração mais clara. Os riscos incluem obstrução do canal de drenagem do olho, aumento da pressão ocular e lesões irreversíveis.
• Ceratopigmentação assistida por laser de femtosegundo: técnica que aplica pigmento na córnea, mais comum em casos terapêuticos (como em olhos cegos ou desfigurados). Apesar de parecer menos invasiva, seu uso estético ainda não é considerado seguro.
Posicionamento dos especialistas
Nenhuma dessas técnicas é autorizada no Brasil para fins estéticos. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia e o Conselho Federal de Medicina alertam que o único uso possível da ceratopigmentação deve ser restrito a olhos sem função visual.
“O olho é um órgão extremamente delicado. Qualquer alteração invasiva em estruturas nobres da visão pode gerar inflamações, aumento de pressão intraocular, perda das células da córnea e até cegueira definitiva”, explica o oftalmologista Dr. Fábio Medina Rocha.

Quando a estética ultrapassa o limite da segurança
A pressão estética nas redes sociais tem impulsionado práticas perigosas, muitas vezes sem o conhecimento completo dos riscos envolvidos. Embora a ciência esteja avançando, ainda não há garantias de segurança para mudar a cor dos olhos por cirurgia em pacientes com visão preservada.
O uso de lentes de contato coloridas, com prescrição e orientação profissional, continua sendo a alternativa mais segura, reversível e regulamentada para quem deseja mudar a aparência dos olhos sem comprometer a saúde ocular.
“É fundamental que a medicina continue sendo pautada pela ética e pela proteção do paciente. Não se pode colocar em risco um dos nossos sentidos mais preciosos em nome da vaidade”, reforça o especialista.



