MULTIVERSOS: “Maracatu Atômico”, de Nelson Jacobina e Jorge Mautner

Oi, eu sou a Roberta Campos e te convido a entrar no MULTIVERSOS🪐 da canção Maracatu Atômico, de Nelson Jacobina e Jorge Mautner, um sucesso na voz de Gilberto Gil e Chico Science e Nação Zumbi.

Gilberto Gil e Chico Science deram voz a música “Maracatu Atômico”, de Jorge Mautner e Nelson Jacobina | Foto: Reprodução/Youtube

Jorge Mautner

Filho de um judeu austríaco e uma católica iugoslavia refugiados do nazismo, o poeta romancista e filósofo Jorge Mautner nasceu no Rio de Janeiro em 1941, onde viveu até os 7 anos. Até se mudar para São Paulo com a mãe e seu segundo marido, um violonista, o garoto conviveu intensamente no mundo do candomblé, levado por sua babá, que era uma ialorixá.

Estudioso de Marx e Nietzche, surgiu como um fenômeno ao ganhar, aos 21 anos, o maior premio literário brasileiro, o Jabuti, com seu romance de estreia, “Deus da chuva e da morte”.

Comunista, com o golpe de 1964, foi preso e se exilou em Nova York, onde viveu a explosão do pop, e depois em Londres, onde se aproximou de Gilberto Gil e Caetano Veloso.

Maracatu Atômico, uma receita complexa que resultou em um sucesso popular

De volta ao Brasil, Mautner, que, em 1966, já tinha lançado um compacto simples com as músicas “Radioatividade” e “Não, não, não”, encontrou no jovem violonista carioca Nelson Jacobina, o seu parceiro ideal.

Em 1974, Gilberto Gil deu seu aval à qualidade da dupla, gravando “Maracatu Atômico”, com grande execução nas rádios. 

Enquanto a música de Jacobina estilizava e modernizava os ritmos do maracatu pernambucano, a letra de Jorge fundia o atômico ao primitivo e o humor pop ao expressionismo alemão.

Receita de aparente complexidade que resultou num grande sucesso popular.

A gravação de Chico Science e Nação Zumbi

Vinte dois anos depois, os pernambucanos, Chico Science e Nação Zumbi, maior revelação da música brasileira nos anos 90, produziram uma sensacional regravação da musica de Jacobina e Mautner como um heavy maracatu futurista, com base rítmica ultrapesada, envolvida pelos timbres rascantes das guitarras e dos beats eletrônicos.

Reunindo o primitivo regional com as raízes africanas e os sons planetários, “Maracatu Atômico” sintetizava o Manguebeat e se tornou um clássico do pop brasileiro.

Confira o Multiversos dessa e outras canções:

Letra de “Maracatu Atômico”

O bico do beija-flor beija a flor, beija a flor
E toda fauna-flora grita de amor
Quem segura o porta-estandarte tem a arte, tem a arte
E aqui passa com raça, eletrônico, o Maracatu atômico

Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê

Atrás do arranha-céu tem o céu, tem o céu
E, depois, tem outro céu sem estrelas
Em cima do guarda-chuva tem a chuva, tem a chuva
Que tem gotas tão lindas que até dá vontade de comê-las

Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê

No meio da couve-flor tem a flor, tem a flor
Que além de ser uma flor tem sabor
Dentro do porta-luva tem a luva, tem a luva
Que alguém de unhas negras e tão afiadas esqueceu de pôr

Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê

No fundo do para-raio tem o raio, tem o raio
Que caiu da nuvem negra do temporal
Todo quadro negro é todo negro, é todo negro
E eu escrevo seu nome nele só pra demonstrar o meu apego

Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê

O bico do beija-flor, beija a flor, beija a flor
E toda fauna-flora grita de amor
Quem segura o porta-estandarte tem a arte, tem a arte
E aqui passa com raça, eletrônico, o maracatu atômico

Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê
Manamauê, auêia, aê

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