Oi, eu sou a Roberta Campos e te convido a entrar no MULTIVERSOS da canção “O Barquinho”, uma composição de Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal.
“O barquinho vai, a tardinha cai…”
Roberto Menescal conta que fazia um passeio de barco com alguns amigo e em pleno alto mar, o motor parou de funcionar.
Para acalmar as pessoas que estavam no barco, ele começou a cantarolar:
“O barquinho vai, a tardinha cai…”
A ideia veio por causa do barulho que o motor do barco fazia, acelerando e ralentando. Aquela repetição insistente por fazer o barco funcionar, acabou lhe trazendo algumas ideias.
Já a noitinha eles conseguiram ajuda e o passeio acabou bem.
No dia seguinte, Ronaldo Bôscoli, que também estava no passeio, corre na casa de Mesnescal para lembrar o barulho que o motor fazia e foi com essa lembrança que ele e Menescal terminaram de fazer a canção “O Barquinho”.
A canção foi lançada no inicio de 1960 e se tornaria um símbolo da Bossa Nova, tendo hoje centenas de regravações pelo Brasil e principalmente pelo mundo.
Bossa Nova
A Bossa Nova foi um dos mais importantes movimentos da MPB e influenciou uma geração de artistas, tendo reverberações em nossa cultura até os dias atuais.
Lá em meados dos anos 50, o baiano João Gilberto estava lá nos seus estudos intensos de violão, até que ele fez uma descoberta.
Se fizesse uma voz um pouco mais suave, sem o vibrato que era comum dos cantores da época, ele poderia adiantar ou atrasar a voz com relação ao violão, contanto que ele mantivesse uma batida constante no instrumento.
Assim, ele criou a canção Bim-Bom, e – em 57 – se mudou pro Rio de Janeiro com o intuito de apresentar essa nova batida para os músicos cariocas e quem sabe gravar a canção.
Foi quando ele conheceu Roberto Menescal, que o levou para participar de encontros que alguns jovens músicos de classe média do Rio de Janeiro promoviam em apartamentos da Zona Sul carioca para trocarem, conversarem e discutirem sobre música.
Entre esses jovens estavam Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, Carlos Lyra e tantos nomes que vieram a formar o que a gente chamou de movimento da Bossa Nova.
Todos esses artistas acabaram sendo influenciados pelo jeito suave de cantar e por aquela batida ao violão ensinada por João Gilberto.
A história de “Chega de Saudade”
Logo, o João conheceu Tom Jobim e Vinicius de Moraes, que o apresentaram sua composição “Chega de Saudade”.
Inicialmente era para canção ser um “chorinho”, mas – João Gilberto, genial – a transformou na música que a gente conhece: um samba enxuto, em que o violão deixa de ser mero acompanhamento da voz e se torna protagonista junto com ela, trazendo fluidez rítmica e melódica.
A obra-prima estava pronta, mas João não foi o primeiro a gravar a canção: Elizeth Cardoso lançou a música no seu disco Canção do Amor Demais, em 1958, com João Gilberto tocando o seu característico violão na gravação, e inovando ainda mais ao colocar- pela primeira vez – um microfone captando o violão e outro a voz.
Antes disso, o mesmo microfone era usado para os dois e o violão acabava ficando escondido.
Um ano depois, o baiano gravou a canção no seu primeiro disco solo, que levou o nome de Chega de Saudade. O disco foi um sucesso imenso, uma revolução!
João Gilberto ganhou reconhecimento nacional e internacional, levou a música brasileira para fora do país, ganhou a alcunha de “Pai da Bossa Nova” e influenciou uma geração inteira de artistas, transformando para sempre a história da MPB.
Confira o Multiversos dessa e outras canções:
Letra de “O Barquinho“
Dia de luz, festa de sol
E o barquinho a deslizar
No macio azul do mar
Tudo é verão, o amor se faz
No barquinho pelo mar
Que desliza sem parar
Sem intenção, nossa canção
Vai saindo desse mar
E o sol
Beija o barco e luz
Dias tão azuisVolta do mar, desmaia o sol
E o barquinho a deslizar
E a vontade de cantar
Céu tão azul, ilhas do sul
E o barquinho, coração
Deslizando na canção
Tudo isso é paz
Tudo isso traz
Uma calma de verão
E então
O barquinho vai
E a tardinha cai