Musical sobre Dominguinhos volta em cartaz em São Paulo

Mestre da MPB, o saudoso sanfoneiro pernambucano Dominguinhos (1941-2013) é homenageado no musical Dominguinhos: Isso Aqui Tá Bom Demais, que estreou em São Paulo em 2022 e agora volta à capital para marcar os 10 anos sem o compositor com uma curta temporada.

O musical tem construído uma carreira de sucesso. Foram mais de 25 mil espectadores em 50 apresentações que lotaram teatros em São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro.

Após a nova temporada em São Paulo, a peça segue para uma turnê no Nordeste. Saiba mais:

Foto: Priscilla Prade/Divulgação

Musical “Dominguinhos: Isso Aqui Tá Bom Demais”

O espetáculo foi idealizado pelo diretor Gabriel Fontes Paiva e pela diretora musical Myriam Taubkin, parceiros no Projeto Memória Brasileira, que documenta a memória viva da música brasileira há 35 anos.

Já o texto foi criado pela premiada dramaturga e jornalista Silvia Gomez e traz de forma contemporânea toda emoção daquele que acabou se consolidando não somente como o mestre do forró, mas com uma carreira musical própria englobando diversos gêneros como o jazz, o pop e a MPB.

Para fazer jus a sua amplitude musical, a maioria do elenco veio do universo da música, como:

  •  Liv Moraes, cantora, parceira e filha de Dominguinhos;
  • Cosme Vieira, que tocou sanfona com Dominguinhos quando ainda era criança;
  • o ator e músico Wilson Feitosa;
  • o compositor e arranjador Zé Pitoco, de Cupira (PE), que acompanhou Dominguinhos em inúmeros shows ao longo se sua carreira;
  • Fitti, um dos grandes expoentes da nova safra de atores e cantores brasileiros;
  • Hugo Linns, músico que é referência brasileira em viola;
  • e o percussionista Jam da Silva.

Sobre o processo de construção da dramaturgia, Silvia Gomez conta que o texto foi escrito ao longo de dois anos a partir de entrevistas com pessoas que conviveram com Dominguinhos, como Anastácia, Liv Moraes, além dos próprios Gabriel Fontes Paiva e Myriam Taubkin. Além disso, o jornalista especializado em música Lucas Nobile assina a pesquisa documental que apoiou a escrita dramatúrgica.

Muito mais do que contar de forma linear e cronológica a vida de Dominguinhos, a dramaturgia explora essa combinação entre o documental e o poético. Já a encenação parte de um jogo entre os atores e músicos, que se alternam nos papéis de Dominguinhos e das pessoas que fizeram parte da vida dele.

Musical “Dominguinhos: Isso Aqui Tá Bom Demais”

Temporada: 7 de setembro a 1º de outubro

De quinta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 18h

Teatro Bravos – Rua Coropé, 88, Pinheiros

Dominguinhos

Dominguinhos conseguiu unir o regional de um Brasil profundo com o que havia de mais moderno na música. Foi um artista que cantou a experiência humana em sua essência mais luminosa, sempre com leveza, humor, alegria e poesia.

Nascido em Garanhuns (PE), em 1941, José Domingos de Moraes iniciou a carreira ainda na infância. Aos oito anos, se apresentou para Luiz Gonzaga em um hotel de sua cidade natal, sem saber que tocava para o Rei do Baião. E, aos 13 anos, deixou seu estado com a família para tentar a sorte no Rio de Janeiro.

Em mais de 55 anos de carreira, Dominguinhos gravou 40 discos. No último desses trabalhos, “Iluminado Dominguinhos”, lançado em DVD em 2010, gravou grande parte de seu repertório instrumental com a participação de Gilberto Gil, Elba Ramalho, Wagner Tiso e Yamandu Costa, entre outros.

Suas músicas mais conhecidas são:

  • Eu Só Quero um Xodó Tenho Sede (parcerias com Anastácia), cujos registros mais famosos foram feitos por Gil na década de 1970;
  • Isso Aqui Tá Bom Demais e De Volta pro Aconchego (com Nando Cordel), clássico na voz de Elba Ramalho, nos anos 1980;
  • Abri a Porta e Lamento Sertanejo (com Gilberto GIl).

De Volta pro Aconchego e Isso Aqui Tá Bom Demais fizeram parte da trilha da novela “Roque Santeiro”, aumentando a popularidade do artista nos anos 1980. Na mesma década, Chico Buarque gravou “Tantas Palavras”.

Dominguinhos também venceu o Grammy Latino duas vezes (em 2002 e 2012); o Prêmio Tim de Música Brasileira duas vezes (em 2007 e 2008) e o Prêmio Shell de Música (2010).

Embora morasse em São Paulo, ele sempre voltou ao Nordeste, desde as primeiras turnês com seus trios no início de carreira; nos muitos anos em que acompanhou Gonzagão; e ao lado de Anastácia.

E, nunca deixou de se apresentar nas tradicionais festas juninas de Campina Grande (PB); Caruaru (PE); Feira de Santana (BA), entre muitas outras cidades. Adorava Fortaleza, onde fez inúmeros amigos e onde ia descansar de seus compromissos.

Sempre elogiava o povo cearense, como trabalhador e hospitaleiro. Dominguinhos negava a maneira como sua região, o Nordeste, era tratada – pela ótica da miséria, da seca, da falta de esperança.

Dominguinhos faleceu no dia 23 de julho de 2013, depois de uma longa luta contra um câncer de pulmão, deixando um legado inestimável de valorização da música popular e da cultura nordestina.

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