Músicas de Gonzaguinha que continuam atuais até hoje

O cantor e compositor carioca Gonzaguinha compunha como ninguém músicas sobre os problemas e também as belezas da nossa sociedade. 

Ele mesclava na sua obra canções de protesto e de amor, com letras críticas e engajadas, de cunho político e social e também outras em que falava com paixão, otimismo e esperança sobre um povo, um amor ou um lugar.

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Morro de São Carlos, no bairro do Estácio, Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior era dono de uma bela e inconfundível voz e construiu uma obra sólida que ultrapassa gerações.

Seu talento vem de berço: Gonzaguinha é filho do grande Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”, pernambucano responsável por criar e introduzir o baião na nossa música popular brasileira, sintetizando como ninguém os ritmos nordestinos, por meio de uma releitura da cultura popular.

Mesmo tendo nos deixado muito cedo e inesperadamente, em 1991, aos 45 anos, vítima de um acidente de carro, as canções de letras importantes e geniais de Gonzaguinha foram eternizadas em nossa história.

E o que impressiona é o quanto elas são atemporais: músicas compostas pelo artista nos anos 70 e 80 contam ainda a história do nosso país e podiam ter sido escritas nos dias de hoje.

Vamos relembrar algumas delas.

3 músicas de Gonzaguinha que continuam atuais até hoje

Gonzaguinha iniciou sua carreira em 1968, participando do I Festival Universitário de Música Popular do Rio de Janeiro, no qual classificou entre as finalistas sua música “Pobreza por Pobreza”. No ano seguinte, ele venceu o mesmo festival, com a canção “O Trem”.

Em 1969, Gonzaguinha participou do V Festival de Música Popular Brasileira, na TV Record, com a canção “Moleque”, que faz referência a seu apelido na infância:

Em 1970, Gonzaguinha participou do V Festival Internacional da Canção, da TV Globo, com as músicas“Mundo Novo, Vida Nova” e“Um Abraço Terno Em Você, Viu Mãe?”, 

Por conta de suas letras sempre com forte teor social, provocativas e caracterizadas por uma postura de crítica à ditadura militar, Gonzaguinha era bastante perseguido pela censura e visado pelo DOPS, órgão de censura e repressão tendo muitas canções censuradas.

Nesta época, das 72 canções mostradas ao órgão, 54 foram censuradas, entre elas, o primeiro sucesso nacional de Gonzaguinha, “Comportamento Geral”, uma crítica feroz sobre a submissão do povo brasileiro ao regime militar. É ela que inicia a nossa lista.

1 – Comportamento Geral (1972)

No início de 1973, Gonzaguinha apresentou a música “Comportamento Geral” no programa de Flávio Cavalcanti e causou um rebuliço nos jurados, que ficaram apavorados com essa letra aqui:

A letra de “Comportamento Geral” ilustra a desigualdade social brasileira, tão presente até os dias de hoje. Recheada de ironia, os seus versos contundentes apontam um processo de submissão de uma camada da sociedade em relação à outra, que não foi solucionado até a atualidade.

Na ocasião da apresentação da música, um dos jurados do programa chamou Gonzaguinha de terrorista e outro quis que ele fosse deportado do país. Assim, o compacto com a canção – que estava encalhado nas lojas – vendeu cerca de 20 mil exemplares em uma semana e, em seguida, o DOPS vetou a exibição da música, mas não a sua venda.

Isso foi a porta de entrada para Gonzaguinha ir do quase anonimato para as paradas de sucesso e gravar o seu primeiro álbum, em 1973: “Luiz Gonzaga Jr.”

Nessa época, Gonzaguinha passou a ser chamado de “cantor rancor” por parte da imprensa, que dizia que o apelido era por conta de sua “agressividade” ou “imagem de antipatia”. Para o artista, sua agressividade foi criada pelo sistema para ele vender mais.

Com o passar do tempo e com o começo da abertura política, na segunda metade da década de 70, o artista percebeu que suas letras não alcançavam o público que ele queria tocar. Assim, ele começou a compor canções mais leves, mais ainda com mensagens importantes, conscientes e politizadas, onde driblava os censores com alegorias.

2 – E Vamos À Luta (1980)

Em 1980, Gonzaguinha lançou o LP “De Volta ao Começo”, com canções que entraram para a história da música brasileira 

Uma delas é “E Vamos À Luta”, gravada por Alcione no mesmo ano.

Já com a abertura política quase se aproximando, Gonzaguinha segue falando sobre a desigualdade que assola o país e a batalha diária do trabalhador brasileiro, tão presente na nossa sociedade ainda hoje. E também sobre a resiliência de quem “não foge da luta” e enfrenta um leão por dia para ter acesso aos direitos básicos de todo o cidadão.

3 – É (1988)

Em 1988, o disco “Corações Marginais” traz um grande clássico da música popular brasileira: a emocionante canção “É”, que segue impressionantemente atual até os dias de hoje, ao apresentar um grito pela dignidade do povo brasileiro.

É” faz um apelo pelo respeito ao país e seus cidadãos. O poeta exalta a vida como deveria ser, com alegria, liberdade, respeito, direito. Uma vida que, temos certeza, podemos construir juntos:

Mais uma das músicas de Gonzaguinha que é extremamente atual!

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