A derrubada do decreto sobre o IOF no mesmo dia em que o Congresso aumentou o número de deputados expôs o desgaste do governo Lula com o Legislativo. A medida buscava resolver compensação de isenções obrigatórias e uma medida para controle, a longo prazo, das contas públicas. Parlamentares rejeitaram a medida no mesmo dia em que o Senado aprovou o aumento do número de deputados.
Paulo Ramirez, cientista político e professor da ESPM, afirma que esse fato “mostra a incoerência do Congresso“, que, segundo ele, “atua em proveito próprio“. E ainda vai gerar mais custos ao Estado.
“O IOF atinge principalmente a classe média e pessoas com mais poder aquisitivo, que contraem empréstimos, fazem compras no exterior“, explica. Segundo o professor, classes mais favorecidas da sociedade entenderam que a medida prejudicaria suas atividades econômicas.
Na avaliação de Ramirez, “o Congresso é apático, um Congresso que tem quase nenhum comprometimento com os interesses do país e das contas“.
Esta foi o primeira vez que o Congresso Nacional derrubou um decreto presidencial desde 1992. E ocorreu em meio à judicialização das emendas parlamentares. Até o dia da votação no Congresso, o governo Lula não havia pago emendas de 347 parlamentares. Enquanto isso, o Supremo dá andamento às investigações sobre o uso dos recursos públicos.
Por fim, Ramirez também avalia que os partidos do chamado centrão já avaliam alianças para as eleições de 2026. E as quedas de avaliação de popularidade do presidente Lula têm pesado nesse fator. Para ele, “o centrão é ‘partido’ do oportunismo” em meio a um “conflito de classe“.



