A erosão no litoral de São Paulo já não é uma previsão distante. Com a combinação de fatores naturais e ações humanas, o mar tem tomado território em várias faixas de areia, de Santos a Bertioga. Segundo a cientista Aline Martinez, da Universidade Federal de São Paulo, esse processo tende a se intensificar nas próximas décadas com a subida prevista de até 45 centímetros no nível do mar até o final do século.
Avanço das águas e retirada de areia
A erosão costeira é um processo natural, especialmente nas épocas de frente fria. Mas agora, com o aquecimento dos oceanos, esse movimento tem se tornado mais agressivo e constante. “O desgaste é ocasionado pela retirada de areia, provocada por ondas e pelo escoamento dos sedimentos”, explica a cientista. Após o inverno, é comum o reequilíbrio da faixa de areia durante o verão, mas o ciclo vem perdendo força com a intensificação das ressacas e o aumento do nível do mar.
Soluções baseadas na natureza
Martinez destaca que a tradição de construir barreiras artificiais – conhecidas como infraestrutura cinza – tem se mostrado ineficiente no longo prazo. Em vez disso, o foco tem sido desenvolver soluções baseadas na natureza, como a restauração de áreas de restinga e mangues, capazes de absorver a energia das ondas e conter a entrada da água. “Também podemos adaptar regiões urbanizadas com estruturas que imitam ambientes naturais”, afirma.
Regiões ameaçadas
Embora o estado de São Paulo não tenha áreas abaixo do nível do mar, há diversas regiões consideradas de baixa elevação. “São trechos com até 5 metros de altura e que se estendem por mais de 300 quilômetros ao longo da costa. Estão entre as áreas mais vulneráveis à submersão no futuro”, alerta Martinez.



