“E você, o que quer ser quando crescer?” — todo mundo já ouviu essa pergunta quando criança. Ela nos acompanha durante a infância como um eco, cheio de expectativa e pressa. E é justamente sobre essa pressa de crescer que fala o livro “O menino que grande queria ser pequeno”, estreia literária da psicóloga e psicanalista Bibiana Malgarim, com ilustrações singelas de Pacha Urbano.
Na história, um garoto deseja ser grande antes da hora — vestir as roupas dos adultos, falar como eles, agir como se já soubesse de tudo. (Quem nunca?) Mas, ao tentar adiantar o tempo, acaba se sentindo deslocado, como se tivesse pulado etapas importantes do próprio caminho. Com a companhia fiel de Neco, seu cachorro e confidente, o menino descobre que crescer também é aprender a esperar.
“Na prática do consultório desde 2004, observo esse comportamento tanto nos pequenos quanto nos grandes”, conta Bibiana. “Crescer sem estar pronto é como um parto prematuro de si mesmo. O resultado é um sujeito que parece maduro, mas ainda está aprendendo a se reconhecer.”
Aqui vale dizer que “ser grande” (ou amadurecer) na vida adulta é ainda mais lento.
O livro traz, de forma poética, uma reflexão profunda sobre o tempo, o amadurecimento e a delicada fronteira entre querer crescer e saber esperar. Como lembra o psicanalista Celso Gutfreind, que assina o prefácio, “toda criança quer — e não quer — crescer. Para crescer é preciso perder, e isso exige coragem e afeto.”
Em “O menino que grande queria ser pequeno”, Bibiana Malgarim nos lembra, com ternura, que a infância não é uma fase a ser vencida, mas vivida. E que crescer, no fim das contas, é um exercício de paciência — e de amor.



