O olhar sobre Brasil e cultura preta com Ana Flávia Cavalcanti, no Mais Preta

Ana Flávia Cavalcanti é atriz, roteirista, diretora, performer: uma multiartista. Inquieta, Ana pensa o Brasil e a cultura preta de forma ativa, usando a arte como expressão principal.

Recentemente, Ana interpretou a personagem Valéria na novela “Vai na Fé”, da TV Globo, de grande sucesso. Como diretora, já cumula um longa e um curta, ““, onde também atua e assina o roteiro.

Foto: Divulgação/ Carlo Locatelli

Ana Flávia Cavalcanti

Nascida em 1982, em Diadema (São Paulo), Ana Flávia Cavalcanti iniciou a carreira como atriz em 2005, na peça teatral “GIZ”. Passou uma temporada como voluntária no Théâtre du Soleil, em Paris (França), acompanhando as filmagens antes de estrear na TV brasileira.

Já no Brasil, Ana se dedica de vez ao audiovisual tanto em novelas quanto séries de televisão. Participou de mais de dezoito produções, como nas séries muito comentadas do streaming: “Os Outros” (Globoplay) e “Santo Maldito” (Star+).

Seu impactante trabalho como diretora, atriz e toreista no filme “Rã” rendeu um prêmio no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e foi selecionado para o programa de curtas Generation Kplus, em exibição durante o 70° Festival de Berlim.

A trama do curta é baseada em fatos reais da própria vida de Ana, quando ela, sua família e outras do bairro comeram carne de rã pela primeira vez por conta de um carregamento de comidas vencidas vendidas em um mercadinho da região. Sobre o episódio, a artista diz “de certa forma, foi assim que a gente conseguiu comer certas coisas que a gente não tinha como comer.” E completa:

“Daí mesmo que veio essa história do lixo, sabe? Não é de outro lugar, mas nunca que eu podia imaginar que naquele momento, comendo aquela comida, aquela história, fosse me levar pra Berlim, por exemplo, sabe?”

“Sempre penso em quais histórias estamos vivendo que ainda não sabemos para onde elas vão nos levar.”

Durante conversa com Adriana Couto, Ana Flávia Cavalcanti reflete as condições de trabalho doméstico no Brasil, feito em sua maioria por mulheres pretas, como sua mãe Dona Val foi.

Ana descreve, inclusive, uma das cenas mais tocantes para ela no filme “Rã”: quando interpreta momentos em que sua mãe tinha de descompressão ao passar a roupa, refletir e, por vezes, chorar. Ana era pequena, mas assistia “vidrada”. A reprodução desses momentos durante o filme foi feito ao som da música “Zero“, de Liniker.

Foto: Divulgação/Montagem

Ouça o episódio na íntegra:

Sobre o ‘+Preta’

+PRETA coloca no dial da Novabrasil músicas cantadas e/ou compostas por artistas negros e negras brasileiras de diferentes gerações. O programa embarca na diversidade da produção contemporânea, mas não perde a chance de apresentar clássicos e raridades.

Sem preconceitos e com muito afeto o +PRETA celebra a beleza e força criativa da música brasileira a partir da experiência de uma pessoa negra.

A cada edição, um/uma artista, personalidade, ou intelectual negra divide com o público suas memórias musicais + pretas em quadros especiais como: o samba da vida, a música da família, o som revolucionário, o hit que inspirou uma mudança.

No comando do microfone, a apresentadora Adriana Couto, uma das profissionais mais conhecidas do jornalismo cultural.

Confira a playlist oficial do programa:

Por: Bianca Sousa

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