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O protagonismo feminino no Rap toma conta do The Town 2025

O primeiro dia do The Town 2025 foi marcado pela força das mulheres no rap. O gênero, historicamente dominado por vozes masculinas, ganhou protagonismo no festival com a apresentação de Karol Conká, que recebeu no palco as rappers AJULIACOSTA e Ebony, além dos shows de Tasha & Tracie e Budah. Juntas, elas simbolizaram o fortalecimento feminino em um espaço que ainda exige resistência para ser ocupado.

O rap feminino tem se consolidado no Brasil como um movimento de afirmação e representatividade. De batalhas de rima às grandes arenas, artistas mulheres têm enfrentado barreiras para conquistar visibilidade em um cenário marcado por desigualdade de gênero. Hoje, essas vozes não apenas ocupam, mas também transformam a cena, levando narrativas de vivência periférica, empoderamento e crítica social para multidões. O The Town refletiu esse processo, colocando o rap feminino em evidência já na abertura do festival.

No palco The One, Karol Conká trouxe presença ao celebrar 25 anos de carreira, revisitando clássicos e agradecendo aos fãs pelo apoio em diferentes barreiras em sua trajetória. A artista convida ao palco as potências das novas gerações e as artistas mais reconhecidas do rap nacional. 

AJULIACOSTA, que vem se destacando pelo lirismo afiado e pela conexão com a realidade das periferias, mostrou por que é considerada uma das vozes mais promissoras do gênero. Suas letras carregam mensagens de autoestima, resistência e afirmação feminina, servindo como espelho e incentivo para meninas que se veem pouco representadas. Ao transformar vivências em poesia, a artista rompe barreiras e reforça a ideia de que mulheres podem e devem ocupar o rap com autenticidade e protagonismo.

Já Ebony, vinda da Baixada Fluminense e conhecida por sua sonoridade que mescla rap com trap e R&B, trouxe a energia de quem carrega uma cena inteira. Suas composições falam sobre independência, desejo e liberdade, desconstruindo estigmas impostos às mulheres e reivindicando espaços de voz e de poder. Mais do que performar, Ebony reafirma no palco o compromisso com o fortalecimento feminino no rap, mostrando que sua arte é também ferramenta de transformação social e de inspiração para novas gerações.

Mais do que um show, a apresentação se tornou uma celebração coletiva da presença feminina no rap. Ao convidar AJULIACOSTA e Ebony para dividir o palco, Karol Conká reforçou a ideia de continuidade: de abrir espaço para que novas artistas avancem ainda mais em um terreno antes restrito. A mensagem foi clara: o rap feminino não é coadjuvante, é protagonista.

Outro momento marcante foi a apresentação de Tasha & Tracie. A dupla paulistana, conhecida por transformar moda, música e discurso em ferramentas de afirmação, fez do palco um território de afeto, identidade e resistência. Suas rimas, que misturam crítica social com celebração das origens, ecoaram como um manifesto de orgulho da quebrada. 

No encerramento, ao chamarem a família para subir ao palco, as gêmeas criaram um momento de rara intensidade: abraços, lágrimas e sorrisos que conectaram público e artistas em um mesmo sentimento de pertencimento. “Nova era, novas regras” foi a mensagem que elas disseram no final da apresentação. Um político e poético, a prova de que a periferia não só ocupa, mas ressignifica o centro de um dos maiores festivais do país.

Com uma proposta diferente, mas igualmente potente, Budah trouxe a força da delicadeza. Seu show, inspirado pelo R&B, criou uma atmosfera intimista em meio à grandiosidade do festival. Entre versos carregados de sensibilidade e mensagens de autocuidado, a artista mostrou que também há poder na vulnerabilidade. Sua performance ampliou os horizontes do rap feminino, revelando a pluralidade de vozes e sonoridades que o compõem e reafirmando que o gênero é, sobretudo, um espaço de liberdade criativa.

O primeiro dia do The Town 2025 deixou claro que o rap feminino não é apenas presença, mas potência transformadora. Ver mulheres ocupando um espaço de tamanha visibilidade é referência direta para meninas e jovens das favelas, que encontram nessas artistas um espelho de força e independência. É a prova de que é possível acreditar nos próprios sonhos, enfrentar barreiras, não baixar a cabeça e entrar no jogo. Mais do que shows, as apresentações se tornaram narrativas de coragem, identidade e futuro.

Nesse mesmo festival em que Lauryn Hill — a primeira rapper a conquistar um Grammy — se apresenta, Karol Conká, AJULIACOSTA, Ebony, Tasha & Tracie e Budah escreveram um novo capítulo para a cena brasileira. Juntas, mostraram que o rap feminino é resistência, mas também celebração; é denúncia, mas também caminho para que outras mulheres transformem suas realidades. O The Town abriu suas portas, e elas mostraram que vieram para ficar, com vozes que ecoam muito além do palco.

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