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O que seu signo diria se fosse uma letra de Chico Buarque

Poucos artistas conseguem traduzir tão bem as contradições humanas quanto Chico Buarque. Suas letras parecem retratos da vida, falam de amor, política, saudade e liberdade, sempre com poesia e sensibilidade.

Mas e se cada signo tivesse uma trilha sonora assinada por Chico? Como seria a voz impulsiva de Áries, a estabilidade de Touro ou a entrega de Peixes? Inspirados pela astrologia, criamos uma seleção que conecta os 12 signos do zodíaco às músicas que melhor refletem suas qualidades, contradições e dilemas cotidianos.

Áries — Apesar de Você

É só dizer que é de Áries que já surgem olhares de espanto, como se estivesse prestes a explodir a qualquer momento. Mas, assim como em Apesar de Você, a ariana não está preocupada com julgamentos: “Hoje você é quem manda, falou, tá falado” pode até soar como ordem, mas para Áries é apenas o combustível que a faz pensar “amanhã vai ser outro dia”. A impaciência típica do signo se encaixa nesse verso: se o processo enrola demais, se vira rotina monótona, Áries se inquieta — e é justamente essa inquietude que a faz criar movimento, abrir caminhos e não aceitar a escuridão imposta.

A franqueza e a coragem também aparecem na música, como quando Chico canta o grito contido que precisa ser libertado. Áries fala o que pensa, doa a quem doer, e lidera sem esforço, porque simplesmente não sabe esperar que alguém tome a frente. Se exigem demais ou tentam podar sua liberdade, Áries se irrita, mas logo reage com atitude e clareza. No fundo, sua energia está sempre voltada para o renascimento, para esse “amanhã” cheio de novas possibilidades, onde tudo floresce de novo.

Touro — João e Maria

Touro é um signo que valoriza o que é palpável: comida, dinheiro, conforto, corpo e tudo o que ativa os sentidos. Em João e Maria, essa busca pela qualidade e pelo prazer se reflete no faz-de-conta transformado em lei: “E pela minha lei, a gente era obrigado a ser feliz.” É a cara da taurina, que constrói felicidade em torno do que é concreto, seguro e prazeroso uma casa bem cuidada, um romance estável, um prato de comida que abraça. Assim como no início da canção, onde reina a fantasia de amor sem fim, Touro encontra paz na paciência e na constância, preferindo o tempo certo das coisas, sem pressa ou atropelos.

Mas a letra também toca no ponto sensível de Touro: o medo de perder aquilo que tanto valoriza. Quando Chico canta “Pois você sumiu no mundo sem me avisar”, é como se desse voz ao ciúme e à teimosia taurina. Touro não gosta de surpresas que ameaçam sua segurança, nem de ver seus limites invadidos. No dia a dia, é quem odeia quando mexem em suas coisas sem pedir, mas também é a pessoa prática que, enquanto todos se desesperam, mantém os pés no chão para resolver. Como na música, entre a ternura do quintal e a dor do abandono, Touro revela seu maior dilema: querer que tudo dure para sempre em um mundo que insiste em mudar.

Gêmeos — A Banda

Gêmeos é leve, criativo e divertido, com raciocínio rápido e curiosidade sem fim. Como na música A Banda, tem o poder de mudar o clima de qualquer ambiente: “A moça triste que vivia calada sorriu / a rosa triste que vivia fechada se abriu.” É assim que o geminiano atua, com uma ideia, uma piada ou um comentário inesperado, traz movimento e novidade.

Ao mesmo tempo, nem sempre permanece: quando a banda passa, ele já está em busca de outro interesse. Para alguns, essa volatilidade soa instável, para Gêmeos, é apenas a vida em constante desfile. Se fosse uma canção de Chico, falaria com humor e brilho, mas sempre em movimento.

Câncer — Olhos nos Olhos

Câncer é o signo das emoções, e em Olhos nos Olhos encontra um reflexo fiel do seu coração intenso. Logo nos primeiros versos, “Quando você me deixou, meu bem / me disse pra ser feliz e passar bem / quis morrer de ciúme, quase enlouqueci”, vemos a entrega canceriana: quem ama se joga de corpo e alma, sofre de saudade e pode até dramatizar. Não é à toa que muitos associam Câncer à carência e o signo até sorri diante disso, porque sabe que sentir fundo é seu dom, não um defeito.

Mas a música também revela a força desse afeto. Quando Chico canta “Olhos nos olhos, quero ver o que você faz / ao sentir que sem você eu passo bem demais”, é a voz da canceriana que se recompôs, transformando dor em cuidado de si. Assim como no signo, há a oscilação entre apego e independência: primeiro a ferida do abandono, depois o renascimento. No dia a dia, isso aparece na forma como Câncer prepara a casa como um ninho, oferece carinho em detalhes, um bolo, um café quentinho e, ao mesmo tempo, guarda memórias que ninguém mais lembraria. Como na canção, pode até acolher de volta, mas sem deixar de mostrar, com doçura e firmeza, que também sabe ser feliz sozinha.

Leão — Geni e o Zepelim

Leão nasceu para brilhar, e por isso entende como ninguém o peso dos holofotes. Em Geni e o Zepelim, a protagonista é exaltada e rebaixada em praça pública, aplaudida e apedrejada, um reflexo da experiência leonina diante dos olhares alheios. “Joga pedra na Geni” é o eco do julgamento que Leão tanto teme, enquanto “Bendita Geni” traduz o momento em que sua generosidade salva os outros, mesmo às custas de si mesma. O signo do Sol sabe que seu carisma pode incomodar, mas também sabe usar esse brilho para proteger e inspirar.

Ao mesmo tempo, a música revela a contradição leonina, a força e a vulnerabilidade andam juntas. A coragem de Geni em se sacrificar pela cidade é a própria nobreza de Leão, que muitas vezes assume responsabilidades que não eram suas apenas para proteger quem está ao redor. Mas quando o dia amanhece e a cidade volta a cuspir nela, vemos o outro lado do signo, a dor profunda de não ser reconhecido pelo que é de verdade. Para Leão, como para Geni, viver sob os olhos do público é tanto destino quanto desafio: brilhar, mesmo quando o mundo insiste em apagar sua luz.

Virgem — Construção

Virgem é o signo do trabalho, do pragmatismo e da busca pela perfeição. Em Construção, cada gesto repetido com precisão — “Ergueu no patamar quatro paredes sólidas / tijolo com tijolo num desenho mágico” — revela esse olhar para o detalhe e para a disciplina que estruturam a vida. A música mostra a rotina quase mecânica, mas carregada de humanidade, e reflete o jeito virginiano de transformar até o simples feijão com arroz em ritual funcional e significativo. Há uma sintonia entre a letra e o signo, ambos enxergam beleza até na engrenagem mais comum.

Mas, assim como Virgem, a canção também denuncia os riscos do excesso. O personagem que “morreu na contramão atrapalhando o tráfego” é símbolo de quem se perde no automatismo, esquecendo o sentido do esforço. É o dilema virginiano entre a eficiência produtiva e a repressão dos próprios sentimentos. Virgem pode, sim, racionalizar a dor, guardar emoções numa caixinha, mas também tem a chance de usar seu senso crítico para criar algo mais saudável. Como em Construção, cada detalhe pode ser tijolo ou peso, cabe à virginiana decidir se está erguendo paredes que aprisionam ou caminhos que realmente sustentam sua vida.

Libra — Valsinha

Libra é o signo do encontro, da harmonia e da beleza nas relações. Em Valsinha, vemos isso no instante em que tudo muda pelo gesto simples de aproximação: “E então ela se fez bonita / como há muito tempo não queria ousar.” É a alma libriana em cena: quando há reciprocidade, o brilho volta, o olhar se aquece e até o que estava guardado ganha vida nova. Assim como na canção, Libra floresce quando encontra equilíbrio no olhar do outro, é o signo que sabe transformar rotina em dança e silêncio em diálogo.

Mas a música também traz um alerta que ressoa com Libra: a tendência de se perder no outro. “Depois os dois deram-se os braços / como há muito tempo não se ousava dar” mostra a entrega completa, que pode fazer a libriana esquecer momentaneamente de si mesma para manter a paz ou o vínculo. Ao mesmo tempo, a cena final — “E foram tantos beijos loucos… que o mundo compreendeu / e o dia amanheceu em paz” — é a realização do seu poder de harmonizar. Libra tem essa dádiva, quando está bem, consegue contagiar o ambiente, trazer ternura às relações e até iluminar o coletivo com sua busca pela paz

Escorpião — Tatuagem

Escorpião é o signo da intensidade absoluta, e Tatuagem traduz como poucos essa entrega. Logo no início, “Quero ficar no teu corpo feito tatuagem / que é pra te dar coragem / pra seguir viagem” ecoa o desejo escorpiano de se fundir ao outro e permanecer para sempre, como marca indelével. É o signo que não se contenta com amores superficiais, quer estar na pele, na memória, no inconsciente, como algo que nunca se apaga. Escorpião seduz com discrição, mas quando envolve alguém, é definitivo.

A letra também expõe a dualidade do signo entre prazer e dor. “Quero pesar feito cruz nas tuas costas / que te retalha em postas / mas no fundo gostas” mostra esse jogo de poder, onde a entrega é ao mesmo tempo fardo e fascínio. É a cicatriz que fica, “risonha e corrosiva / marcada a frio, a ferro e fogo”, lembrando que, para Escorpião, amar é sempre uma transformação radical. No cotidiano, pode ser a amiga que guarda segredos com lealdade extrema ou a parceira que atravessa junto qualquer crise. Como a canção, Escorpião é tatuagem, não se esquece, não se apaga e muda para sempre quem cruza seu caminho.

Sagitário — Feijoada Completa

Sagitário é liberdade em forma de signo: detesta restrições e encontra no riso, no exagero e na festa seu jeito de viver. Em Deixe a Menina, isso aparece na defesa do direito de ser feliz sem amarras: “São dez horas, o samba tá quente / deixe a morena contente / deixe a menina sambar em paz.” Essa é a alma sagitariana, se algo o prende ou tolhe sua espontaneidade, ele logo escapa para encontrar o espaço onde possa dançar a vida do seu jeito. O signo do fogo expansivo não aceita cara amarrada nem convenções rígidas, prefere a autenticidade vibrante à melancolia contida.

A letra também traduz o jeito direto, às vezes até debochado de Sagitário: “Ou tire ela da cabeça / ou mereça a moça que você tem.” É o conselho franco e sem rodeios, típico do signo, que prefere falar a verdade a viver de aparências. Sagitário inspira os outros a largarem o peso e aproveitarem o presente, lembrando que a vida é feita para ser celebrada. No cotidiano, é quem chega com piada pronta, convoca amigos para um samba ou uma viagem inesperada e mostra que alegria é, sim, uma escolha. Como na música, Sagitário é festa, não pede licença para ser livre e convida todo mundo a sambar junto.

Capricórnio — Meu Caro Amigo

Capricórnio é o signo da responsabilidade e da persistência, aquele que mantém a estrutura em pé mesmo quando tudo parece instável. Em Meu Caro Amigo, isso aparece no tom realista e firme da letra: “Muita mutreta pra levar a situação / que a gente vai levando de teimoso e de pirraça.” É a cara do capricorniano, que encara as dificuldades com seriedade, disciplina e até um humor contido, mas nunca perde o foco no que precisa ser feito. Para ele, adiar prazeres em nome da estabilidade é quase natural, porque o propósito maior vale mais do que recompensas imediatas.

A canção também revela outro traço de Capricórnio: a lealdade. Mesmo em meio a censura, caretas e “sapos no caminho”, Chico não deixa de enviar notícias, lembranças e afetos — “A Marieta manda um beijo para os seus / um beijo na família, na Cecília e nas crianças.” Assim é o signo: reservado, muitas vezes visto como frio, mas profundamente comprometido com quem ama. No cotidiano, é o colega que sustenta a equipe nos momentos mais difíceis, o amigo que não falha e o parceiro que constrói no longo prazo. Se fosse uma música, Capricórnio seria essa carta transformada em canção: firme, fiel e feita para atravessar o tempo.

Aquário — Cálice

Aquário é o signo do novo, do futuro e da liberdade. Em Cálice, vemos o grito preso que precisa sair: “Como é difícil acordar calado / se na calada da noite eu me dano / quero lançar um grito desumano / que é uma maneira de ser escutado.” É a alma aquariana que vibra aí, inconformada com regras que limitam e silêncios impostos. Aquário não nasceu para seguir o status quo, seu impulso é o de questionar, reinventar e propor alternativas que transformem a vida coletiva. O signo é rápido, criativo e não tem medo de ser “diferente”, porque sabe que é justamente na diferença que mora a inovação.

A canção também mostra a tensão típica de Aquário, a luta entre se manter racional e a necessidade visceral de romper barreiras. “Quero inventar o meu próprio pecado / quero morrer do meu próprio veneno” traduz bem essa rebeldia consciente, que prefere correr riscos a viver engessada por regras. No cotidiano, o aquariano é quem propõe soluções inesperadas, defende ideias inclusivas, busca novos formatos de convivência e se recusa a aceitar o “sempre foi assim”. Como Cálice, Aquário é contestação: a voz que insiste em falar mesmo quando o mundo tenta calar.

Peixes — Gota d’Água

Peixes é oceano, profundo, sensível e capaz de sentir além do que os outros percebem. Em Gota d’Água, Chico canta a entrega total de quem já deu corpo e alma ao amor: “Já lhe dei meu corpo, minha alegria / já estanquei meu sangue quando fervia.” É a essência pisciana, viver intensamente, doar-se sem medida, acreditar no amor como redenção. Mas, como no verso “Olha a gota que falta pro desfecho da festa”, essa entrega também pode beirar o limite, tornando o coração um pote prestes a transbordar. Peixes vive esse paradoxo, sua sensibilidade é dom e também desafio, porque sente demais.

Ao mesmo tempo, a canção mostra a necessidade de se proteger: “Por favor, deixe em paz meu coração / que ele é um pote até aqui de mágoa.” É o aprendizado pisciano, aprender a dizer basta, colocar limites, reconhecer que a empatia não pode ser confundida com autoabandono. No cotidiano, é o signo que consola amigos, percebe emoções antes mesmo que sejam ditas e encontra beleza até no que parece dor. Como a música, Peixes transforma mágoas em poesia, fragilidade em força e dor em arte.

Signos no ritmo de Chico

Assim como os signos, Chico Buarque nunca fala de um único traço da vida: ele mistura contradições, revela fragilidades e mostra grandezas escondidas no cotidiano. Em suas letras, encontramos a ousadia de Áries, a doçura teimosa de Touro, a curiosidade inquieta de Gêmeos, o coração vulnerável de Câncer. Vemos também o brilho generoso de Leão, a precisão crítica de Virgem, o romantismo de Libra, a intensidade transformadora de Escorpião. Em Sagitário, sua festa sem fim; em Capricórnio, a resiliência diante dos pesos da realidade; em Aquário, a contestação que abre caminhos; e em Peixes, a entrega que se transforma em poesia.

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