Paulinho Tapajós: a história da música “Andança”

Se não tivesse nos deixado em outubro de 2013, aos 68 anos, depois de lutar por seis anos contra um câncer, Paulinho Tapajós, um dos compositores do clássico samba “Andança”, faria aniversário neste 17 de agosto.

E, para homenagear o aniversariante do dia e seguir homenageando grandes compositores da nossa MPB – que são tão importantes e têm uma contribuição tão significativa quanto cantores, intérpretes e músicos – nós damos continuidade à série Saudando Grandes Compositores da MPB, em que contamos a história de grandes clássicos das carreiras desses artistas.

Capa do LP “Amigos e Parceiros” (1980), de Paulinho Tapajós | Foto: Reprodução

Paulinho Tapajós

O cantor, compositor, produtor musical, escritor e arquiteto carioca cresceu em um ambiente muito musical: era filho do compositor, cantor e radialista Paulo Tapajós e irmão do compositor Maurício Tapajós e da cantora Dorinha Tapajós

Durante sua infância, costumava frequentar o auditório da Rádio Nacional, emissora da qual seu pai era diretor artístico, tendo convivido com artistas como Emilinha Borba e  Marlene, que costumavam frequentar sua casa.

Recebeu as primeiras noções de música através do pai. Na adolescência, estudou violão com Léo Soares e Arthur Verocai, que veio a ser seu primeiro parceiro. Mais tarde, aprofundou sua técnica com Almir Chediak.

Primeira música de sua autoria

Paulinho Tapajós participou, em 1968, do Música Nossa, projeto realizado com o objetivo de promover encontros entre compositores e cantores em espetáculos realizados no Teatro Santa Rosa, no Rio de Janeiro.

Nesse ano, teve pela primeira vez registrada uma música de sua autoria incluída em um LP: Madrugada, parceria com Arthur Verocai, na voz de Magda. 

Entre 1968 e 1970, destacou-se como compositor premiado em diversos festivais de música, com destaque para sua participação:

  • no III Festival Internacional da Canção – em que ficou em terceiro lugar, na fase nacional, com a canção Andança (parceria com Edmundo Souto e Danilo Caymmi);
  • e no IV Festival Internacional da Canção, em que levou o primeiro lugar na fase nacional e na fase internacional, com Cantiga por Luciana (parceria com Edmundo Souto).

Primeiro disco solo

Seu primeiro disco solo foi lançado em 1974, após um compacto em dueto com a irmã, dois anos antes. Ao todo, foram sete discos em toda a carreira.

Paulinho Tapajós compôs também diversas trilhas sonoras de novelas, filmes e peças de teatro, com destaque para a abertura da novela Irmãos Coragem, em 1970, em parceria com Nonato Buzar.

Atuou como produtor musical, tendo sido responsável por discos de vários artistas, como Gonzaguinha, Fagner, Nélson Gonçalves, Alcione, Sivuca e Jorge Ben Jor.

Em 1986, Paulinho Tapajós publicou uma parte de sua obra, como compositor e letrista, no livro De Versos, que recebeu ilustrações de Ziraldo. O artista também escreveu diversos livros infantis.

Saudando Grandes Compositores da MPB

Entre os inúmeros sucessos compostos por Paulinho Tapajós, escolhemos contar a história de um dos seus maiores clássicos: Andança.

A história da música “Andança”, de Paulinho Tapajós, Edmundo Souto e Danilo Caymmi

Uma grande obra prima eternizada na história da música popular brasileira, Andança foi composta por Paulinho Tapajós, Edmundo Souto e Danilo Caymmi, em 1968.

Os três compositores haviam acabado de participar – com uma outra composição conjunta – de um Festival Universitário em Porto Alegre, no qual estavam participando diversos outros jovens cantores e compositores cariocas, como Beth Carvalho e Joyce.

Paulinho Tapajós classificou, não só essa, mas outras quatro músicas no Festival. Edmundo Souto, que não pôde ir até Porto Alegre, foi encontrar os dois colegas no aeroporto, tanta era a ansiedade para ver o troféu. 

Beth Carvalho

Lá no aeroporto, Edmundo falou que tinha composto um tema musical e queria mostrar para os amigos, e toda a galera foi para a casa de Beth Carvalho, se reunir para escutar o tema. Acontece que Paulinho Tapajós (que cursava Arquitetura na época, assim como Edmundo e Danilo) não pôde ir pois tinha prova no dia seguinte. 

Na casa de Beth Carvalho, Edmundo Souto e Danilo Caymmi terminaram de fazer a música e mandaram uma fita para que Paulinho Tapajós colocasse a letra.

Paulinho notou que a flauta de Danilo fazia um contracanto com o violão de Edmundo, o que dava a impressão de ser uma coisa de voz masculina (no que fazia o violão) e feminina (no que fazia a flauta).

Para escrever a letra, Paulinho inspirou-se no que os jovens brasileiro viviam na época, de paz e amor, “faça amor, não faça guerra”, uma ideia de liberdade muito pungente. E a forma da canção teve muita influência do que o compositor lia na época, que era Guimarães Rosa, com uma linguagem e sonoridade bastante próprias.

III Festival Internacional da Canção

Andança ficou em terceiro lugar na fase nacional do III Festival Internacional da Canção de 1968, interpretada por Beth Carvalho acompanhada dos Golden Boys. No ano seguinte, Beth a gravou em seu álbum que levou o título da canção.

Depois disso, Andança já foi regravada diversas vezes, por nomes como Maria Bethânia, Elis Regina, Emílio Santiago e Fafá de Belém.

​​Gostou de saber mais sobre as histórias de grandes canções da nossa música popular brasileira? Continue acompanhando a nossa série Saudando Grandes Compositores da MPB. Hoje, homenageamos o aniversariante Paulinho Tapajós.

Por: Lívia Nolla

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