Você já pensou que a música popular brasileira é um espelho vivo da nossa história? Somos filhos da miscigenação. O Brasil nasceu do encontro muitas vezes doloroso, outras vezes sublime entre povos originários, africanos e europeus. Cada cultura trouxe seus sons, suas formas de contar o mundo, seus rituais e celebrações. O resultado é um caleidoscópio sonoro que se reinventa todos os dias.
Dos povos indígenas herdamos a percussão de raízes profundas, cantos rituais e melodias que dialogam com a natureza. Da África chegaram os tambores, os atabaques, o balanço do corpo, o canto de resistência e a síncope que pulsa no samba, no maracatu e no ijexá. Da Europa vieram a harmonia tonal, o piano, os instrumentos de corda, as marchas e valsas que, ao sol brasileiro, se abrasileiraram.
A MPB surgiu nos anos 1960, como um movimento urbano, autoral e politizado, que se alimentava do samba, da bossa nova, do baião e da canção popular. Famosa como “música de protesto”, em plena ditadura, logo mostrou que não cabia em uma definição única. Hoje, em 2025, ela é pagode, funk, sertanejo, rap, trap, forró, tecnobrega, samba reggae e ainda preserva a poesia, a inventividade e a representatividade que nos distinguem.
O debate sobre “o que é MPB” nunca esteve tão vivo. Para alguns, é um gênero que mantém tradições harmônicas e poéticas; para outros, é qualquer música feita no Brasil que fale ao povo. Talvez a resposta esteja na pluralidade: a MPB não é um estilo fixo, mas um território aberto onde cabem Milton Nascimento e Jota.Pê, Alcione e Ludmilla, Elza Soares e Emicida, orbitando em nossas playlists.
E há artistas que enxergam na música um papel ainda mais profundo. Jana Luia, por exemplo, cria canções como rezas, voltadas à cura e à proteção. Eu, Clara, com o projeto Música com Consciência, uso minhas composições como convite à reflexão, à afroestima e ao cuidado com a saúde mental transformando a música popular brasileira em uma ferramenta de autoconhecimento.
Essa publicação é fruto de uma parceria especial entre a Nova Brasil FM e o Fórum Brasil Diverso, evento realizado pela Revista Raça Brasil nos dias 10 e 11 de novembro, que celebra a diversidade, a cultura e a potência da música negra brasileira. Não perca a oportunidade de participar desse encontro transformador — inscreva-se já www.forumbrasildiverso.org



