Uma recente inovação divulgada por uma empresa inglesa chamou atenção ao apresentar uma enzima capaz de transformar o açúcar ingerido em fibra dentro do intestino. Embora o anúncio pareça promissor, especialistas alertam que a solução pode não ser tão benéfica quanto parece. Isso porque o açúcar, mesmo modificado, continua sendo um alimento ultraprocessado que contribui para inflamações no corpo e está associado ao risco de doenças como diabetes, hipertensão, câncer e problemas cardiovasculares.
Para o endocrinologista Dr. Maurício Yagui Hirata, a principal lição por trás da novidade está em outro ponto: a urgência de aumentar a ingestão de fibras na alimentação diária. “A maioria das pessoas consome muito açúcar e pouca fibra. Essa desproporção é prejudicial para o intestino, para o metabolismo e para a saúde como um todo”, explica.
As fibras que fazem a diferença
Entre os tipos mais importantes de fibras estão os frutooligossacarídeos (FOS), encontrados naturalmente em frutas, legumes e vegetais. Eles alimentam as bactérias benéficas do intestino, ajudam a controlar o colesterol, estabilizam os níveis de glicose e dificultam o crescimento de microrganismos nocivos.
Outro grupo relevante são os galactooligossacarídeos (GOS), comumente usados como prebióticos. Esses compostos favorecem o equilíbrio da microbiota intestinal, estimulam o sistema imunológico e estão associados à prevenção de doenças como obesidade, câncer, diabetes e inflamações intestinais. Derivados de lácteos, no entanto, podem causar desconfortos em pessoas com maior sensibilidade digestiva.
A inulina, presente em alimentos como chicória, cebola, banana e trigo integral, também atua como fibra prebiótica e oferece um benefício extra: ao formar um gel no estômago, ela ajuda a prolongar a saciedade e a controlar o apetite, sendo uma aliada importante em dietas de controle de peso.

Quando suplementar?
Embora o ideal seja obter todas essas fibras diretamente dos alimentos, nem sempre isso é possível. Nesses casos, o médico ou nutricionista pode recomendar suplementação. “A automedicação com fibras não é segura, pois algumas pessoas desenvolvem efeitos colaterais como distensão abdominal, diarreia ou constipação. Por isso, é fundamental individualizar o uso”, ressalta o Dr. Hirata.
Com pequenas mudanças na alimentação e o acompanhamento adequado, é possível melhorar significativamente a saúde intestinal, fortalecer o sistema imunológico e reduzir os riscos de doenças crônicas. Escolher fibras naturais no lugar de açúcares ultraprocessados é mais do que uma tendência — é uma necessidade para quem busca bem-estar e qualidade de vida.



