A saúde intestinal tem ganhado protagonismo na medicina moderna. Termos como microbiota, prebióticos e probióticos deixaram os artigos científicos e chegaram às prateleiras das farmácias e supermercados. Mas, diante de tantas promessas, fica a pergunta: eles realmente funcionam? E mais importante — são para todos?
Segundo o cirurgião do aparelho digestivo Dr. Antonio Couceiro Lopes, a resposta exige cuidado e individualização. “Esses compostos têm efeitos comprovados sobre o intestino, a imunidade e até a saúde mental. Mas não devem ser consumidos indiscriminadamente, como se fossem vitaminas inofensivas”, alerta.
Entendendo o papel dos compostos
Probióticos são bactérias boas, encontradas em alimentos fermentados como iogurte, kefir e kombucha ou em suplementos. Elas ajudam a equilibrar a microbiota intestinal, protegendo o organismo contra infecções e inflamações. Já os prebióticos são fibras que alimentam essas bactérias, presentes em alimentos como alho, cebola, aveia e banana verde.
“A combinação de prebióticos e probióticos ajuda a manter um intestino saudável e ativo, o que impacta na digestão, na absorção de nutrientes e até na produção de neurotransmissores ligados ao humor”, explica o médico.
Quando suplementar — e quando evitar
Embora os benefícios sejam amplamente divulgados, o especialista destaca que nem todo mundo precisa recorrer a suplementos. Em geral, uma alimentação rica em fibras e variada já garante o equilíbrio necessário da microbiota. “Suplementos podem ser indicados em casos de uso de antibióticos, diarreias recorrentes, síndrome do intestino irritável ou apoio à imunidade em idosos e crianças”, afirma.
No entanto, o uso sem orientação pode trazer riscos. Pessoas imunossuprimidas, por exemplo, podem desenvolver infecções por bactérias presentes nos probióticos. Já os prebióticos, quando consumidos em excesso, podem causar desconforto abdominal em quem tem sensibilidade a fibras fermentáveis.
Uso consciente e personalizado
Cada cepa de probiótico age de maneira diferente, e seus efeitos dependem da dose, do tempo de uso e do perfil do paciente. Por isso, a automedicação é contraindicada. “O segredo está na personalização. Não existe um probiótico universal para todos os problemas intestinais”, reforça Dr. Couceiro Lopes.
Os avanços da ciência continuam desvendando as conexões entre intestino, imunidade e saúde mental. Mas para colher os benefícios desses compostos, é essencial respeitar a individualidade de cada organismo. O primeiro passo, segundo o médico, é sempre buscar orientação de um profissional capacitado.




