Há exatos cinco anos, nos despedíamos de uma das maiores vozes da música brasileira de todos os tempos: Ângela Maria. Conhecida nacional e internacionalmente, a artista nos deixou em setembro de 2018, aos 89 anos, vítima de uma parada cardíaca, consequência de uma pneumonia.
Inspiração para grandes nomes – como Elis Regina, Gal Costa e muitas outras cantoras que vieram depois dela – Ângela Maria foi uma das expoentes cantoras da Era do Rádio, tendo sido eleita a Rainha do Rádio, em 1954.
Saiba mais:
Ângela Maria
Fã declarada de Dalva de Oliveira e com sua voz impressionantemente harmônica, Ângela Maria se consagrou como uma das grandes intérpretes do gênero samba-canção – surgido na década de 1930 – ao lado de cantoras como:
- Maysa;
- Nora Ney;
- e Dolores Duran.
Ângela começou a cantar e atuar na rádio ainda muito nova. A família inicialmente não aprovava, então ela fingia que fazia um curso de costura depois do trabalho, para poder se apresentar.
Nas gravações, fazia uma voz mais suave, para que sua família não a reconhecesse, além de usar o pseudônimo Ângela Maria, pois seu nome verdadeiro era Abelim Maria da Cunha.
Uma das artistas que vendeu mais discos na história da MPB
Ao longo da carreira, Ângela Maria gravou mais de 100 discos e vendeu cerca de 60 milhões de exemplares, sendo uma das artistas que vendeu mais discos na história da MPB. Dedicou-se a interpretar principalmente sambas-canções, mas também gravou muitos boleros, tangos e versões de baladas e músicas espanholas e italianas.
Ângela foi considerada – por um longo período – a cantora mais popular do Brasil e conquistou a admiração de personalidades como Edith Piaf, Getúlio Vargas e Louis Armstrong.
Os sucessos de Ângela Maria
Além de cantora, ela fez cursos de teatro e atuou em cinema, no longa-metragem Portugal – Minha Saudade, em 1973, comédia produzida, dirigida e estrelada por Mazzaropi.
A Rainha do Rádio gravou dezenas de sucessos como:
- Não Tenho Você (de Paulo Marques e Ari Monteiro);
- Babalu (de Margarita Lecuona);
- Moça Bonita e Tango para Teresa (ambas de de Jair Amorim e Evaldo Gouveia);
- Cinderela (de Adelino Moreira);
- Orgulho (de Nelson Wenderkind e Waldir Rocha);
- A Noite e a Despedida (de J. Ribamar e Beto Scala);
- Gente Humilde (de Garoto, Chico Buarque e Vinicius de Moraes);
- e muitos outros.
O apelido de Sapoti
Em 1994, Ângela Maria foi homenageada pela escola de samba paulistana Rosas de Ouro, que – com o enredo Sapoti, foi consagrada campeã do carnaval de São Paulo daquele ano. Sapoti era o apelido de Ângela Maria, dado por Getúlio Vargas, que achava a voz dela doce como a fruta Sapoti.
Seu melhor amigo sempre foi o cantor Cauby Peixoto, com quem gravou diversos discos em parceria. Em 2015, os dois iniciaram uma turnê por várias capitais brasileiras, com o musical 120 Anos de Música, em comemoração aos 60 anos de suas duas carreiras. Cauby faleceu em 2016, dois anos antes da amiga, e os dois estão enterrados lado a lado.
Saudade eterna, Ângela Maria!
Rainhas do Rádio
Em março deste ano, no Mês da Mulher, a exposição “As Cantoras e a História do Rádio no Brasil” apresentou 24 artistas que conquistaram com sua voz e talento, ainda no século XX, seus espaços em um meio dominado por homens, como Alaíde Costa, Ângela Maria, Carmen Miranda, Claudette Soares e Dalva de Oliveira.
Além das cantoras que ajudaram a moldar a história do rádio no país, a mostra localizada no Farol Santander visitou momentos emblemáticos desse meio de comunicação, como a sua primeira transmissão, realizada há pouco mais de 100 anos.
A exposição foi até o dia 25 de junho, mas a Novabrasil a resgistrou em uma matéria especial. Veja:
Por: Lívia Nolla