O câncer continua sendo um dos maiores desafios de saúde pública no Brasil, com mais de 700 mil novos casos estimados por ano. Para o oncologista Antonio Carlos Buzaid, diretor médico do Centro de Oncologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, a melhor estratégia para salvar vidas é clara: detectar a doença o quanto antes.
“Quanto menor o tumor no momento do diagnóstico, maior a chance de cura. Essa é a essência do rastreamento oncológico”, afirma Buzaid. O rastreamento é feito em pessoas sem sintomas, com o objetivo de identificar alterações suspeitas precocemente, enquanto o diagnóstico é voltado para quem já apresenta sinais clínicos.
Quais exames devem fazer parte da rotina?
- Câncer de mama: mamografia anual a partir dos 40 anos, ou a cada dois anos para mulheres entre 50 e 69 anos no Sistema Único de Saúde (SUS).
- Câncer do colo do útero: exame Papanicolau para mulheres de 25 a 64 anos com vida sexual ativa, anualmente e, após dois exames normais, a cada três anos. O teste de DNA do HPV também vem sendo incorporado como opção de rastreio.
- Câncer colorretal: colonoscopia a partir dos 45 anos, ou antes, em pessoas com histórico familiar ou outros fatores de risco.
- Câncer de próstata: não há rastreamento populacional no Brasil, mas homens a partir dos 50 anos – ou 45 anos, em casos com histórico familiar – devem conversar com um médico sobre PSA e toque retal.
- Câncer de pulmão: tomografia computadorizada de baixa dose pode ser indicada para fumantes ou ex-fumantes pesados entre 55 e 80 anos, embora não haja recomendação de rastreamento para toda a população.
- Câncer de pele: exame clínico com dermatologista, especialmente em pessoas de pele clara, com histórico de exposição solar intensa ou familiares com a doença.

Quando antecipar o rastreamento?
Histórico familiar de câncer, mutações genéticas hereditárias, tabagismo, consumo excessivo de álcool ou contato com substâncias químicas nocivas justificam avaliações antecipadas ou mais frequentes.
Prevenção começa no autocuidado
Além dos exames, Buzaid lembra que estilo de vida saudável é um aliado fundamental. “Manter uma alimentação equilibrada, praticar atividade física, evitar o cigarro e o consumo excessivo de álcool, além de observar mudanças no corpo, são atitudes simples que fazem diferença”, afirma.
O recado é direto: rastrear é prevenir. Quanto antes a doença for identificada, maior a chance de um tratamento eficaz e de uma vida mais longa e saudável.



