Estudos recentes vêm mostrando que aquilo que escolhemos comer pode ter um impacto direto sobre a força dos nossos músculos e o bom funcionamento das articulações. Refrigerantes, salgadinhos, biscoitos recheados, presunto, fast-food e comidas prontas congeladas — todos classificados como ultraprocessados — se destacam como grandes vilões silenciosos da saúde.
Músculos mais fracos e tarefas do dia a dia mais difíceis
A ciência indica que o consumo frequente desses alimentos está associado à perda de força muscular e ao aumento do risco de fragilidade, principalmente em adultos de meia-idade e idosos. “Isso significa que, ao longo do tempo, tarefas simples como carregar sacolas, subir escadas ou até mesmo caminhar podem ficar mais difíceis”, explica o Dr. Rodrigo de Oliveira, médico reumatologista.
Uma pesquisa citada pelo médico revela que a cada aumento de 100 gramas por dia na ingestão de ultraprocessados, o risco de fragilidade física pode subir em até 3%. O motivo está ligado à menor oferta de nutrientes essenciais, como proteínas de alta qualidade, vitaminas e minerais. Sem esses componentes, o corpo também enfrenta uma inflamação crônica que acelera a perda de força e resistência.
Impacto direto nas articulações: mais dor e desgaste
O alerta se estende às articulações. Pessoas que consomem muitos ultraprocessados têm maior risco de desenvolver artrite, inclusive a forma reumatoide, e de apresentar piora em quadros de osteoartrite no joelho — problema que causa dor, rigidez e limita os movimentos. “Dietas ricas nesses produtos estão associadas a mais dor, pior desempenho em atividades físicas e até redução da espessura da cartilagem, que funciona como uma ‘almofada’ para proteger as articulações”, reforça o médico.
Por dentro dos efeitos do excesso de ultraprocessados
Segundo o artigo, os danos provocados por esses alimentos são explicados por diferentes mecanismos:
- · Inflamação silenciosa: surge devido ao excesso de açúcares, gorduras ruins e aditivos químicos presentes nos ultraprocessados;
- · Alterações no microbioma intestinal: prejudicam a absorção de nutrientes e bagunçam a imunidade;
- · Estresse oxidativo: acelera o desgaste celular;
- · Baixa densidade nutricional: significa muitas calorias e poucos nutrientes necessários para músculos e ossos saudáveis.
O consumo desses produtos é mais frequente entre jovens, moradores de grandes cidades e pessoas de maior escolaridade e renda, mas cresce rapidamente entre quem tem menor acesso a alimentos frescos.
“Esse aumento preocupa, pois afeta justamente grupos que já enfrentam mais dificuldades de acesso a alimentos frescos e saudáveis”, destaca Dr. Rodrigo.

Dicas para proteger músculos e articulações
Para garantir saúde e mobilidade, o médico recomenda adotar um padrão alimentar equilibrado:
- · Priorize: frutas, verduras, legumes, grãos integrais, proteínas magras como peixes, ovos, frango e leguminosas, além de gorduras boas (azeite, castanhas, abacate).
- · Reduza ao máximo: refrigerantes, salgadinhos, biscoitos recheados, embutidos, fast-food e pratos prontos congelados.
- · Movimente-se: combine alimentação saudável com atividade física regular.
O recado principal é claro: “Os ultraprocessados podem parecer práticos e saborosos, mas o consumo frequente contribui para músculos mais fracos, articulações mais doloridas e maior risco de doenças. Pequenas mudanças no dia a dia podem fazer grande diferença na preservação da força e da mobilidade, garantindo mais saúde e qualidade de vida”, conclui o médico.



