Quando se fala em Ziraldo, é quase inevitável pensar em O Menino Maluquinho. Mas limitar o autor a esse clássico seria ignorar uma produção, que vai de histórias infantis encantadoras a obras gráficas de crítica social. Cartunista, escritor e ilustrador, Ziraldo foi um dos grandes nomes da cultura brasileira do século 20, com atuação também no jornalismo e na defesa da liberdade de expressão.
1. Flicts (1969)

Obra que marcou a estreia de Ziraldo na literatura infantil, Flicts é uma metáfora poética sobre diferença e exclusão. A história acompanha uma cor rejeitada pelas outras, que tenta encontrar seu lugar no mundo. A crítica sutil ao preconceito e o apelo visual revolucionário para a época fazem deste livro um clássico absoluto. Flicts também foi traduzido para diversos idiomas.
2. O Planeta Lilás (1982)

Menos lembrado que Flicts, O Planeta Lilás também trabalha a temática da diversidade e da empatia. Neste livro, um astronauta chega a um planeta onde todos são iguais e a monotonia toma conta. Com uma linguagem visual marcante, Ziraldo mostra que a diferença é o que torna o mundo interessante. A obra foi indicada por educadores como ferramenta para debates sobre inclusão nas escolas.
3. Turma do Pererê (1960–1964 / 1975–1980)

Primeira revista em quadrinhos brasileira a cores com personagens tipicamente nacionais, Turma do Pererê foi uma verdadeira revolução. Trazia o folclore brasileiro para o centro da cena, com Pererê, Tininim, Boneca e Galileu vivendo aventuras na floresta. Apesar de ter sido censurada durante a ditadura, a revista voltou a circular nos anos 1970 e hoje é reconhecida como um marco da valorização da cultura nacional.
4. O Menino Quadradinho (1983)

Nesta obra, Ziraldo aborda o conformismo e a necessidade de adaptação à sociedade. Um menino nasce literalmente quadrado em um mundo de redondos e tenta mudar para se encaixar. Com metáforas visuais poderosas, o livro trata de temas como identidade e pressão social, sendo ainda hoje utilizado em escolas para discutir bullying e respeito às diferenças.
5. O Joelho Juvenal (1983)

Uma história cheia de humor sobre um menino que tem um problema peculiar: seu joelho fala demais. Com essa premissa inusitada, Ziraldo aborda a questão da escuta, da autonomia infantil e do relacionamento com os adultos. A leveza do texto esconde uma crítica fina à autoridade imposta sem diálogo.
6. O Bichinho da Maçã (1982)

Uma fábula singela sobre um bichinho que vive dentro de uma maçã e não conhece nada além do seu mundo. Um dia, resolve sair e descobre o que existe do lado de fora. A metáfora sobre a descoberta, a curiosidade e o crescimento é um exemplo da capacidade de Ziraldo em criar histórias curtas, mas extremamente significativas, para leitores de todas as idades.
7. Os Dez Amigos (1983)

Um livro didático e criativo que apresenta os dez dedos das mãos como personagens, cada um com sua personalidade. Ao transformar uma contagem em história, Ziraldo une aprendizado e diversão, uma obra muito usada na alfabetização. Foi elogiado por sua abordagem lúdica e por estimular a coordenação motora, segundo especialistas em pedagogia.
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Muito além do Menino Maluquinho
A trajetória de Ziraldo mostra que sua contribuição para a literatura infantil brasileira vai muito além do personagem icônico que lhe deu fama. Com uma produção diversificada, explorou temas como diversidade, identidade, criatividade e cultura nacional por meio de textos acessíveis e visualmente inovadores. Suas obras continuam presentes em escolas, bibliotecas e projetos de leitura e são usadas, tanto no ensino, quanto na formação de leitores.

Ziraldo é considerado um dos autores mais influentes da literatura infantil no Brasil, não apenas pelo sucesso de um personagem, mas pela consistência de uma obra voltada à infância com inteligência, humor e compromisso com a formação cidadã.



