Hoje é aniversário de um dos maiores e mais consagrados nomes da música popular brasileira de todos os tempos, ídolo de toda uma geração, aquele que chamamos de Rei: Roberto Carlos!
E, para homenagear o cantor e compositor que completa 82 anos neste 19 de abril, nós preparamos duas matéria especialíssima sobre o Rei para vocês, que conta toda a sua trajetória, desde os primórdios até os dias atuais.
A segunda parte, você confere aqui no site da novabrasil, às 9h30.
Aproveite!
Roberto Carlos: vida e carreira
A infância e o início da carreira na música
Nascido em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, em 1941, Roberto Carlos aprendeu a tocar piano e violão ainda criança, primeiro com sua mãe e depois no Conservatório Musical de sua cidade natal.
Foi incentivado pela mãe que Roberto cantou pela primeira vez em um programa infantil na Rádio Cachoeiro, ficando em primeiro lugar no concurso e, depois, tornando-se atração assídua da rádio. Ele cantava boleros e também Bob Nelson, ídolo da época, brasileiro que cantava música country em português.
Roberto Carlos teve sua perna amputada aos seis anos de idade, quando sofreu um acidente enquanto brincava na linha férrea de Cachoeiro do Itapemirim, e usa uma prótese até hoje.
O primeiro conjunto musical e o encontro com o Tremendão
Em meados dos anos 50, Roberto Carlos mudou-se para o Rio de Janeiro e entrou em contato com o rock’n roll e o rockabilly, passando a ouvir artistas como:
- Elvis Presley;
- Bill Haley;
- Little Richard;
- Gene Vincent;
- e Chuck Berry.
Seu primeiro conjunto musical chamava-se The Sputniks e tinha Tim Maia em sua formação. O grupo passou a se apresentar no programa Clube do Rock, de Carlos Imperial. Foi nessa época que Roberto conheceu Erasmo Carlos, seu maior parceiro musical de toda a vida.
O Tremendão – como foi apelidado depois do sucesso – nasceu Erasmo Esteves, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, também em 1941. Ele só passou a utilizar o sobrenome “Carlos” depois da parceria com o amigo Roberto, e também para homenagear Carlos Imperial.
Erasmo era amigo de infância de Tim Maia, lá do bairro da Tijuca, mas os dois se aproximaram mesmo na adolescência, por conta da paixão pelo rock’n roll.
Como Roberto e Erasmo se conheceram?
Quando os Sputniks se separaram por conta de um desentendimento entre Roberto Carlos e Tim Maia, um dos integrantes – Arlênio Lívio – juntou-se a Erasmo e outros amigos da Tijuca, para formar o conjunto The Snakes, que também se apresentou no programa de Imperial.
Em 1958, Roberto Carlos precisava da letra de uma canção interpretada por Elvis Presley e Arlênio Lívio disse que Erasmo Carlos seria a pessoa perfeita para ajudá-lo, pois era um grande fã de Elvis. Foi assim que eles se conheceram. Além de Elvis, ambos gostavam de Bob Nelson, James Dean, Marlon Brando, Marilyn Monroe, e torciam para o Vasco da Gama.
Depois de apresentados, Roberto e Erasmo criaram uma relação de amizade e parceria e resolveram investir na música jovem da época, passando a compor muito juntos e mudando para sempre a história da música pop brasileira: mesclando elementos da MPB, do rock’n roll, da soul music e das grandes baladas.
Carreira solo, primeiro álbum e o início da parceria com Erasmo Carlos
No início da década de 60, Roberto Carlos começou a sua carreira solo, apresentando-se como crooner na boate do Hotel Plaza, em Copacabana, sob influência do samba-canção e da bossa nova. Sua excelente qualidade vocal tinha muita influência de um outro grande ídolo de Roberto: João Gilberto.
Logo, lançou seu primeiro álbum, Louco Por Você, em 1961, interpretando canções de outros compositores, principalmente de Carlos Imperial, e algumas versões (sem nome nem foto do artista na capa, este disco é uma raridade hoje em dia).
A primeira parceria da dupla Roberto e Erasmo foi logo em seguida: a canção Splish Splash, em 1963, lançada no segundo álbum de Roberto Carlos, que levou o nome da canção. Trata-se de uma versão de Erasmo Carlos para a composição dos norte-americanos Bobby Darin e Jean Murray.
Splish Splash, que conta com a participação de Renato e Seus Blue Caps, virou um grande hit na época, junto com Parei Na Contramão, outra composição de Erasmo em parceria com Roberto desse mesmo disco, que já mostra uma sensível diferença no repertório de Roberto Carlos, da bossa nova e da música romântica para o rock and roll, o que impulsionou a carreira do cantor, fazendo-o atingir o topo das paradas brasileiras.
Hits no topo das paradas e a Ternurinha Wanderléa
Em 1964, Roberto Carlos entrou novamente para as paradas de sucesso, com o álbum É Proibido Fumar, que – além da faixa-título (parceria de Roberto e Erasmo) traz outro grande hit O Calhambeque (versão de Erasmo Carlos para a canção Road Hog, de John e Gwen Loudermilk).
Nesta época, Roberto Carlos conheceu uma parceira de gravadora na CBS, que havia lançando o seu primeiro álbum em 1963: a cantora e compositora Wanderléa.
Em 1965, o Tremendão lançou o seu primeiro álbum – A Pescaria com Erasmo Carlos – que contou com diversas parcerias de sucesso com Roberto, como Festa de Arromba e Minha Fama de Mau.
Wanderléa lançou o LP É Tempo do Amor, que conta com um dos maiores sucessos de sua carreira: a canção Ternura (versão de Rossini Pinto para a música Somehow It Got To Be Tomorrow (Today), de Estelle Levitt e Kenny Karen), hit que rendeu à cantora o apelido de Ternurinha.
Neste mesmo ano, Roberto lançou o disco Roberto Carlos canta para a Juventude, que conta com o sucesso Não Quero Ver Você Triste, dele e de Erasmo.
A Jovem Guarda
Ainda em 1965 – por conta do estrondoso sucesso dos três – Roberto, Erasmo e Wanderléa foram convidados para apresentar o programa de televisão Jovem Guarda, na TV Record, aos domingos à tarde (daí vem a canção Jovens Tardes de Domingo, de Erasmo e Roberto, lançada em 1977!).
A partir daí, os três artistas e amigos tornam-se os grandes responsáveis pelo primeiro movimento musical do rock brasileiro – um dos maiores movimentos musicais e culturais de massa do país, que revolucionou o comportamento jovem brasileiro: a Jovem Guarda.
O movimento foi chamado primeiramente de Iê-iê-iê (em alusão à expressão “yeah-yeah-yeah” presente no sucesso dos Beatles, She Loves You) e depois de Jovem Guarda, inspirado em uma frase do revolucionário russo Vladimir Lênin, que dizia “O futuro pertence à jovem guarda porque a velha está ultrapassada”.
As gravações do programa aconteciam no Teatro Record, em São Paulo – com plateia – e ele era transmitido ao vivo. Ao longo de uma hora, o trio cantava seus sucessos e recebia convidados. O alcance era impressionante para a época: conseguia ter uma audiência de três milhões de telespectadores em São Paulo, e era transmitido em videotape para cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife.
A influência da Jovem Guarda
O programa tornou-se um fenômeno de audiência e mídia, assim como o movimento – que unia música, moda e comportamento, dando origem a uma nova linguagem musical e comportamental no país e arrastando multidões. A principal influência da Jovem Guarda era o rock’n roll do final da década de 50, principalmente Elvis Presley e The Beatles, e o soul da Motown, famosa gravadora norte-americana.
As músicas – em um primeiro momento – eram as versões em português de hits do rock estrangeiro e – mais tarde – os astros da Jovem Guarda passaram a lançar suas próprias canções, encabeçados pelos principais compositores do movimento: Roberto e Erasmo. As letras tinham temática amorosa e do universo jovem.
Todo o comportamento da juventude daquele período tinha referência na Jovem Guarda e seus astros: além da música, o modo de se vestir (calças colantes de duas cores em formato boca-de-sino, cintos e botas coloridas, mini saia com botas de cano alto), as gírias e as expressões como:
- “broto”;
- “carango”;
- “legal”;
- “coroa”;
- “barra limpa”;
- “lelé da cuca”;
- “mancada”;
- “pão”;
- “papo firme”;
- “maninha”;
- “pinta”;
- “pra frente”;
- e “é uma brasa, mora?”.
Amanhã, na última matéria especial em homenagem a Roberto Carlos, você mergulha na trajetória do Rei após a Jovem Guarda, dando início a sua fase romântica até os dias de hoje.
Até lá!