Se tem algo que une quem passa pela Rua 25 de Março, é o desconhecimento sobre o que seu nome realmente significa.
E não é por falta de contato. Centenas de milhares de pessoas circulam por ali todos os dias — mas poucos param para pensar na origem do nome. Quando questionadas, as respostas se repetem: “não sei”, “nunca pensei nisso”, ou “deve ter alguma coisa a ver com a data, né?”.
A verdade é que o nome da rua carrega um capítulo importante da história do Brasil.
Origem histórica
O nome 25 de Março é uma homenagem à primeira Constituição brasileira, assinada por Dom Pedro I, justamente, em 25 de março de 1824.
Apesar disso, a rua só passou a se chamar oficialmente assim em novembro de 1865, por iniciativa do deputado Malaquias Rogério.
Por essa razão, embora muitos digam que ela está completando 160 anos, o número exato é 159. A diferença se deve à data da nomeação oficial, que ocorreu apenas no fim daquele ano. Em outras palavras, no dia 25 de março de 1865, ano que o nome foi alterado, ela ainda não se chamava 25 de março.
A descoberta desse registro foi feita pelo pesquisador Lineu Francisco de Oliveira, autor do livro “Mascates e Sacoleiros”.
Antes disso, outros nomes
A rua já teve vários nomes ao longo do tempo: rua do Porto, rua do Imperador, rua de São Vicente e rua de Baixo — essa última porque ficava abaixo do Mosteiro de São Bento.
Essas mudanças acompanham as transformações da cidade e da região, que sempre foi um ponto estratégico para o comércio.
O rio que dava vida ao antigo porto
Uma das histórias mais surpreendentes da 25 de Março envolve o Rio Tamanduateí.
Hoje, é difícil imaginar, mas esse trecho do centro de São Paulo já foi cortado por um rio cheio de curvas. No fim da sua sétima volta ficava o antigo Porto Geral — justamente onde desembarcavam as mercadorias que vinham do Porto de Santos.
Sim, havia uma espécie de porto bem ali. Um cenário quase inimaginável nos dias de hoje, mas que ajuda a explicar por que o comércio floresceu com tanta força nesse ponto da cidade. Como você já leu acima, o nome do porto era Porto Geral e, sim, a ladeira mais famosa do centro histórico recebe seu nome em referência ao ancoradouro.
Comércio que movimenta o Brasil
A vocação comercial da 25 de Março segue forte. A via principal tem cerca de 1 km de extensão, mas o comércio se espalha por mais 17 ruas do entorno.
De acordo com a Univinco — União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências — são aproximadamente 3.800 estabelecimentos na região. Isso inclui lojas de rua, galerias, bancas e centros comerciais.
A movimentação também impressiona: cerca de 50 mil pessoas trabalham todos os dias para atender cerca de 200 mil consumidores de todo o Brasil.
Em datas especiais, como o Natal e o Dia das Mães, esse número é ainda maior e o fluxo pode ultrapassar 1 milhão de visitantes em um único dia.
Ainda segundo a Univinco, 70% dos consumidores não moram na capital. São pessoas que viajam de outras cidades e estados especialmente para comprar ali.
O faturamento bruto anual da região chega a R$ 14,5 bilhões, informou a Univinco, com base no censo realizado em 2024.
Tradição que ainda guarda mistérios
Pela 25 de março existe um enorme vaivém que movimenta caixas, corredores, sacolas e histórias. Mas, mesmo com toda essa tradição, o significado do nome da rua ainda é um mistério para muitos.
Agora, você que acompanha a Novabrasil já sabe a verdadeira origem da 25 de Março. Compartilha essa informação com os paulistanos que vão adorar saber disso também.