Rubel se aventura em vários ritmos musicais em novo álbum

Depois de transitar pelo folk em seu primeiro trabalho (Pearl, 2013) e de se aventurar por uma mistura entre MPB e Hip Hop em seu segundo disco (Casas, 2018), Rubel dá um passo em direção a um caminho mais brasileiro e mais popular com seu novo álbum duplo As Palavras Vol. 1 & 2.

Do funk ao cancioneiro popular, Rubel transita entre gêneros musicais brasileiros em novo álbum | Foto: Bruna Sussekind/Divulgação

‘As Palavras Vol. 1 & 2’, de Rubel

Com 20 faixas, o álbum duplo de Rubel é uma tentativa de registrar o sentimento de viver no Brasil durante os últimos anos. Para isso, o cantor e compositor se apoiou no diálogo com diferentes vertentes da música brasileira e seus principais expoentes:

  • Milton Nascimento;
  • Gabriel do Borel;
  • Liniker;
  • Luedji Luna;
  • BK;
  • Bala Desejo;
  • Tim Bernardes;
  • Xande de Pilares;
  • Mestrinho;
  • e MC Carol.

O resultado é uma fusão ao mesmo tempo popular e experimental de Funk, Forró, Pagode, Samba, Hip Hop e MPB.

“´As Palavras´ partiu de uma extensa pesquisa, que durou quatro anos, de imersão na literatura brasileira e da história do cancioneiro brasileiro”, conta Rubel.

O resultado da pesquisa é uma ampliação dos temas e ritmos trabalhados por Rubel até então.

As letras não abordam apenas suas vivências autobiográficas e pessoais: seus amores, desamores e descobertas. Nessa nova jornada, o compositor tenta abordar a vivência de uma realidade brasileira a partir da história de outros personagens e de novos sentimentos.

Torto Arado, por exemplo, foi inspirado no livro de Itamar Vieira. Na Mão do Palhaço, por sua vez, é uma marcha satírica sobre um homem conservador de meia idade que encontra a redenção a partir do carnaval) buscando um balanço entre violência, paixão, ironia e afeto.

O disco propõe um diálogo entre a tradição e a modernidade. Um pé no passado e outro no futuro. As vinte faixas são divididas em dois lados.

Os dois lados

O lado 1 é calcado nos ritmos e estéticas contemporâneos, como o funk, a rasteirinha e o pagode moderno, resultando em dez músicas que flertam com uma faceta brasileira mais solar e otimista.

O lado 2, por outro lado, dialoga mais com o passado e a tradição, apresentando marchinhas, sambas, uma canção inspirada no Clube da Esquina (interpretada por Milton Nascimento) e duas releituras de Luiz Gonzaga.

O resultado do conjunto de músicas dessa segunda metade é mais melancólico e denso. Os lados se apresentam como metades complementares, uma solar e outra soturna, como dia e noite.

O disco transita o tempo todo por extremos. Amor e desamor, violência e esperança, alegria e melancolia.

A proximidade de artistas tão improváveis como Milton Nascimento e Gabriel do Borel reforça essas dicotomias, e parece borrar os limites entre o que é tradicional ou moderno, entre o que é sério e o que é piada, entre o que é erudito e o que é popular, entre o que sagrado e o que é profano – contradições que dialogam diretamente com a confusa experiência de ser um brasileiro atravessando o turbilhão político dos últimos anos. 

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