Saudando Grandes Compositores da MPB: João Bosco

João Bosco, um dos maiores nomes da música popular brasileira de todos os tempos completa 77 anos hoje, 13 de julho!

A contribuição do cantor, compositor e violonista mineiro João Bosco para a nossa história é imensa: seu violão característico, muito bem executado, com ritmo e harmonias brilhantes, somados aos seus arranjos originais e às letras com discursos e mensagens contundentes de suas canções, fazem dele um artista único e original.

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João Bosco completa 77 anos. | Foto: Instagram/ Rafael Ianni

Com mais de 50 anos de carreira e parceiros como Aldir Blanc, Vinicius de Moraes, Antônio Cícero, Waly Salomão, Chico Buarque, Belchior, João Donato, Milton Nascimento, Caetano Veloso e Capinan, João Bosco foi regravado também por grandes nomes como Elis Regina, Simone, Quarteto em Cy, Fafá de Belém, Maria Creuza, Ney Matogrosso e Emilio Santiago.

Nascido em Ponte Nova, Minas Gerais, em 1946 – ele é irmão mais velho do saudoso também cantor e compositor Tunai (autor de hits como Frisson e Certas Canções). 

A primeira gravação de João Bosco saiu no disco de bolso do jornal O Pasquim: a canção Agnus Sei, composta com Aldir Blanc – seu principal parceiro de composição – em 1972. No mesmo ano, o artista foi gravado por Elis Regina e no ano seguinte assinou contrato com a gravadora RCA, lançando o seu primeiro álbum.

Entre os principais sucessos de João Bosco estão as canções: O Bêbado e a Equilibrista (sobre a qual já contamos a história aqui); Bala com Bala; O Mestre-Sala dos Mares; Dois Pra Lá, Dois Pra Cá; De Frente pro Crime; Kid Cavaquinho; Incompatibilidade de Gênios e Corsário, todas essas em parceria com Aldir Blanc. Além de Linha de Passe (com Aldir e Paulo Emílio); Papel Marchê (com Capinan); e Samba do Pouso (com Vinicius de Moraes).

Hoje, para homenagear o aniversariante do dia e seguir homenageando grandes compositores da nossa música popular brasileira – que são tão importantes e têm uma contribuição tão significativa quanto cantores, intérpretes e músicos – nós damos continuidade à série Saudando Grandes Compositores da MPB, em que contamos a história de grandes clássicos das carreiras desses artistas.

Entre os inúmeros sucessos compostos por João Bosco, escolhemos contar as histórias de dois de seus clássicos: Papel Machê e Transversal do Tempo.

Papel Machê – João Bosco e Capinan (1984)

No início dos anos 80, João Bosco recebeu em sua casa – no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro – o poeta e compositor baiano Capinan, e eles combinaram de fazer juntos  uma canção. João já tinha a melodia e mostrou pra Capinan, para que ele colocasse a letra.

Passeando pela casado amigo, Capinan viu várias esculturas que a esposa de João Bosco, Ângela, fazia em papel marchê, uma massa feita com papel picado embebido na água, coado e depois misturado com cola e gesso, com a qual é possível moldar objetos em diferentes formatos. 

A arte de Ângela com papel machê representava diversas bonecas mulheres, que formavam juntas algo como se fosse uma tribo. Capinan conta que logo notou um ambiente de arte, beleza e de muita harmonia entre João e Angela.

O poeta voltou para a Bahia muito inspirado e escreveu uma carta pra João Bosco contando como tinha se sentido impactado na visita à sua casa e como aquelas esculturas mexeram com a sua imaginação. Ao longo da carta, tinha um texto que era uma letra de música, com o título de Papel Machê.

Fazendo uma homenagem à Ângela, Capinan homenageou todas as mulheres, com uma letra que exalta as cores, a mansidão, o afeto e o carinho.

Cores do mar, festa do Sol

Vida é fazer

Todo o sonho brilhar

Ser feliz

No teu colo dormir

E depois acordar

Sendo o seu colorido

Brinquedo de Papel Machê

A canção foi gravada por João Bosco em seu álbum Gagabirô, de 1984, e depois regravada por nomes como Zizi Possi, Emílio Santiago e Wanda Sá.

Transversal do Tempo – João Bosco e Aldir Blanc (1976)

Transversal do Tempo é um blues. Uma música de João Bosco, com letra de seu parceiro mais constante, Aldir Blanc. Como o título diz, é uma canção que fala do tempo, é uma reflexão sobre o tempo.

É um sujeito dentro de um táxi pensando sobre as coisas da vida, neste quadro que existe no dia a dia das grandes cidades.  “E essas lembranças podem ou não morrer”, como diz João Bosco, “mas seria melhor que elas ficassem assim, numa situação como se houvesse um sinal sem sair do amarelo, numa coisa de espera”.

Fechada dentro de um táxi

Numa transversal do tempo

Acho que o amor

É a ausência de engarrafamento

As coisas que eu sei de mim

Tentam vencer a distância

E é como se aguardassem feridas

Numa ambulância

A canção foi lançada por João Bosco em seu álbum Galos de Briga, de 1976, e – no ano seguinte – Elis Regina, grande intérprete da dupla de compositores, a gravou no álbum Elis.

Transversal do Tempo virou o título do espetáculo apresentado pela Pimentinha em 1978 e depois, deu título a um disco ao vivo, gravado durante a turnê deste show. Elis contou em entrevista que a inspiração para o espetáculo surgiu dentro de um engarrafamento durante o qual ela se lembrou da música de Bosco e Aldir:

“Um congestionamento que foi provocado, simulado, por pessoas que tinham razões específicas — e eu sei quais foram as pessoas e quais as razões. Mas isso não vem ao caso: o importante é que daquele engarrafamento simulado eu fiz um paralelo com a vida que todos estão vivendo: Você sabe que o sinal de trânsito só vai ser aberto quando o guarda resolver abrir. Enquanto isso, você está dentro de um táxi e tudo acontecendo. Você imagina saídas, mas o sinal não abriu, o que podemos fazer? Ficamos sentados, dentro de um táxi, numa transversal do tempo, esperando. Não te perguntam nada, não te pedem opinião”. ​​Gostou de saber mais sobre as histórias de grandes canções da nossa música popular brasileira? Continue acompanhando a nossa série Saudando Grandes Compositores da MPB. Hoje, homenageamos o aniversariante João!

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