A música sempre foi uma das principais formas de expressão da cultura negra, carregando histórias de luta, resistência, ancestralidade e também celebração. Ao longo dos séculos, vozes negras abriram caminhos, transformaram estilos e moldaram sonoridades que hoje dominam o cenário mundial.
No Brasil e fora dele, as cantoras negras da atualidade vêm ocupando espaços de prestígio e trazendo para a cena musical mensagens que vão muito além da estética: falam sobre identidade, autoestima, política, amor e liberdade. Conhecer suas trajetórias é entender também o poder transformador da arte.
No Brasil, é impossível não começar por IZA, uma das maiores artistas pop da atualidade. Dona de um timbre potente e de performances arrebatadoras, a cantora carioca coleciona sucessos como “Pesadão” e “Dona de Mim”, que se tornaram verdadeiros hinos de empoderamento.
Confira Iza com “Dona de Mim”:
Mais do que uma artista, IZA é um símbolo de representatividade: ao subir nos palcos, ocupar campanhas publicitárias ou ser indicada a prêmios internacionais, ela reforça a presença da mulher negra em espaços onde, por muito tempo, esteve invisibilizada.
Outra voz marcante da cena brasileira é Luedji Luna, que mistura MPB, jazz, ritmos africanos e afrobeats em uma sonoridade única e sofisticada. Suas letras, sempre poéticas e políticas, falam sobre amor, identidade e diáspora africana, ao mesmo tempo em que revelam uma artista profundamente conectada às suas raízes. Com o álbum “Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água”, Luedji conquistou público e crítica, mostrando que sua música vai além do entretenimento: é uma experiência sensível e reflexiva.

Na contramão do convencional, Linn da Quebrada se destaca como uma das artistas mais ousadas da cena contemporânea. Cantora, compositora, performer e atriz, Linn desafia padrões de gênero, sexualidade e estética, trazendo ao funk, ao rap e ao eletrônico letras que questionam preconceitos e expõem as contradições da sociedade brasileira. Sua arte é um manifesto vivo, e cada música, cada performance, se transforma em um ato político e libertador.
Enquanto isso, fora do Brasil, novas vozes têm ganhado força e conquistado o mundo. Ayra Starr, por exemplo, é uma jovem nigeriana que desponta como estrela do afropop. Com apenas 22 anos, ela já é considerada uma das revelações mais promissoras do continente africano, arrastando milhões de ouvintes com hits como “Rush” e “Bloody Samaritan”. Sua sonoridade fresca, que mistura pop, R&B e afrobeat, dialoga diretamente com uma geração que se reconhece em sua autenticidade e estilo.
No rap e no trap brasileiros, Tasha & Tracie representam não apenas uma dupla musical, mas um verdadeiro movimento cultural. Conhecidas como as gêmeas do trap, as irmãs paulistanas uniram moda, ativismo e música para criar uma narrativa que dá protagonismo às juventudes negras periféricas. Suas letras falam sobre sonhos, conquistas e resistência, e sua estética própria virou referência de estilo e atitude. Com elas, o trap brasileiro ganhou novas cores e novas vozes.
Por fim, a nigeriana Tems é hoje uma das maiores potências da música internacional. Dona de um timbre único e de uma interpretação intensa, a cantora já colaborou com nomes como
Drake, Wizkid e Beyoncé, além de conquistar o Grammy e alcançar as paradas globais com músicas como “Free Mind” e “Essence”. Sua obra combina espiritualidade, ancestralidade e modernidade, tornando-a um dos principais nomes do R&B atual e uma referência para a nova geração.
O que une essas artistas, ainda que em estilos e contextos diferentes, é a força de suas vozes. Elas não cantam apenas para entreter, mas para marcar presença, para transformar e para abrir caminhos. Cada uma, à sua maneira, reafirma o quanto é urgente e necessário que mulheres negras ocupem o centro da indústria cultural, rompendo barreiras históricas e trazendo novas narrativas. Conhecer IZA, Luedji, Linn, Ayra, Tasha & Tracie e Tems é mergulhar em um universo onde a música é também ferramenta de identidade, resistência e futuro.
Essa publicação é fruto de uma parceria especial entre a Novabrasil e o Fórum Brasil Diverso, evento realizado pela Revista Raça Brasil nos dias 10 e 11 de novembro, que celebra a diversidade, a cultura e a potência da música negra brasileira. Não perca a oportunidade de participar desse encontro transformador — inscreva-se já www.forumbrasildiverso.org



