Multiartista e multitalentoso, Seu Jorge é cantor, compositor, instrumentista e ator — uma das personalidades mais importantes da cultura popular brasileira contemporânea.
Dono de uma carreira sólida, marcada por sucessos nacionais e internacionais, Seu Jorge representa não apenas a força criativa da música brasileira, mas também uma trajetória de superação e resistência.
Ao longo de décadas, Seu Jorge construiu uma das carreiras mais sólidas, versáteis e respeitadas da música brasileira e mundial. Sua habilidade de transitar entre a música, o cinema e a televisão, sempre com autenticidade e talento, faz dele uma referência artística contemporânea.
Neste artigo especial de aniversário – ele completa 55 anos hoje – relembramos os principais marcos da sua vida e carreira: da infância difícil em Belford Roxo até se tornar um dos artistas brasileiros mais reconhecidos do mundo, passando pelos seus álbuns, atuações no cinema, séries e parcerias memoráveis.

O início da vida e da carreira de Seu Jorge
Jorge Mário da Silva, o Seu Jorge, nasceu em 1970, na cidade de Belford Roxo, Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. Desde muito cedo, mostrou-se apaixonado pela música, frequentando rodas de samba, bailes funk e charme da periferia carioca.
Mas o caminho até o estrelato foi árduo. Seu Jorge trabalhou em diversas funções: borracheiro, marceneiro, descascador de batatas em um bar e contínuo. Serviu até o exército, de onde foi expulso.
Começou cedo a cantar na noite, mas – aos 19 anos, após a morte de seu irmão Vitório em uma chacina, que levou a família à desestruturação – saiu de casa e viveu por cerca de três anos em situação de rua, dormindo nas calçadas da região da Lapa, centro do Rio. Foi nesse período que fez seu primeiro contato com o teatro, que mudaria sua vida.
Em 1993, foi descoberto pelo clarinetista Paulo Moura e seu sobrinho, o músico Gabriel Moura, que ficaram impressionados com sua voz e talento. Eles o convidaram para fazer um teste no musical “A Saga da Farinha”, onde Seu Jorge foi aprovado e passou a integrar a montagem.
A partir daí, sua vida ganhou novos rumos. Atuou como cantor e ator em mais de 20 espetáculos da Companhia de Teatro TUERJ (da Universidade do Estado do Rio de Janeiro), desenvolvendo seu talento artístico.
Em 1997, assumiu os vocais da banda Farofa Carioca, que misturava samba, choro, xote, hip hop e reggae, com letras engajadas e de crítica social, como as emblemáticas:
- “Moro no Brasil” (parceria com Wallace Jefferson, Jovi Joviniano e Gabriel Moura)
- “São Gonça” (de sua autoria)
- “A Carne” (composta com Marcelo Yuka e Ulisses Cappelletti).
O apelido “Seu Jorge” surgiu nessa época, dado carinhosamente pelo amigo e baterista Marcelo Yuka.
Foi com essa vivência intensa entre a música, o teatro e a realidade em que viveu, que Seu Jorge moldou a base artística que o tornaria uma referência mundial.
Em 1999, decidiu deixar o grupo e seguir carreira solo, iniciando um dos percursos mais brilhantes da música brasileira contemporânea.
Os discos lançados por Seu Jorge
- “Samba Esporte Fino” (2001): seu álbum de estreia solo, mixado e masterizado em Los Angeles, apresentou sucessos como “Carolina”, “Mangueira” e “Chega no Swingue”. Foi o disco que consolidou Seu Jorge como um dos principais nomes da música brasileira, projetando sua arte para além do Brasil.
- “CRU” (2004): álbum que ampliou ainda mais sua carreira internacional. Contém hits como “Tive Razão”, com videoclipe gravado em Roma ao lado dos atores Willem Dafoe e Bill Murray, além de “São Gonça” e “Mania de Peitão”. Lançado na França e Inglaterra, rendeu elogios da crítica europeia e aparições em revistas como Rolling Stone e Elle France.
- “The Life Aquatic Studio Sessions” (2005): projeto com versões de músicas de David Bowie, gravado para o filme “A Vida Marinha com Steve Zissou”. Este álbum reforçou a versatilidade artística de Seu Jorge e o apresentou a novos públicos internacionais.
- “América Brasil” (2007): disco que consolidou sucessos como “Seu Olhar”, “Trabalhador”, “Cuidar de Mim”, “Burguesinha” e “Mina do Condomínio”. O álbum lhe rendeu o Grammy Latino de Melhor Álbum de MPB e o colocou em turnê mundial por dois anos.
- “Seu Jorge & Almaz” (2010): lançado pela gravadora americana Now Again, nasceu da colaboração com músicos como Lúcio Maia e Pupillo. O projeto inclui releituras sofisticadas de clássicos nacionais e internacionais.
- “Músicas para Churrasco Vol. 1” (2011) e Vol. 2 (2015): álbuns com pegada descontraída e dançante, recheados de sucessos como “Vizinha” e o hit “Felicidade”. O primeiro volume ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro.
- “Night Dreamer Direct-To-Disc Sessions” (2020): disco gravado ao lado do parceiro Rogê, reforçando sua afinidade com a música brasileira de raiz.
- “Baile à la Baiana” (2025): Álbum mais recente, lançado agora em 2025, dando continuidade a uma carreira marcada por originalidade e sucesso.
Filmes em que Seu Jorge atuou
Além da música, Seu Jorge também construiu uma carreira de destaque como ator, atuando nos seguintes filmes:
- “Cidade de Deus” (2002): viveu o inesquecível Mané Galinha, papel marcante no filme brasileiro indicado ao Oscar.
- “Casa de Areia” (2005): atuou ao lado de Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, interpretando Massu na juventude (papel vivido por Luiz Melodia na maturidade).
- “The Life Aquatic with Steve Zissou” (2004): papel icônico como Pelé dos Santos, interpretando músicas de David Bowie ao violão e ao lado de um elenco estelar de Hollywood .
- “Tropa de Elite 2” (2010): fez o Beirada, líder do Comando Vermelho.
- “Pelé: O Nascimento de uma Lenda” (2016): interpretou Dondinho, pai de Pelé.
- “Abe” (2019): chef de cozinha Chico, no filme norte-americano dirigido pelo brasileiro Fernando Grostein Andrade.
- “Marighella” (2021): protagonizou o filme no papel-título, aclamado pela crítica.
- “Pixinguinha” (2021): deu vida ao maestro Pixinguinha.
- “Medida Provisória” (2022): como André, um dos protagonistas do premiado filme brasileiro.
Participações em séries
Seu Jorge também marcou presença em série de destaque, como:
- “Irmandade” (2019): como Edson Ferreira, personagem central nesta série brasileira da Netflix.
- “Manhãs de Setembro” (2022): interpretou Lourenço, em produção elogiada pela crítica.
- “Paciente 63” (2020): atuou na audiossérie de ficção científica original Spotify, como Pedro Roiter.



