O uso crescente de medicamentos para disfunção erétil, como a tadalafila e a sildenafila, tem chamado a atenção de especialistas pela forma como muitos homens recorrem a essas substâncias sem acompanhamento médico. De acordo com o urologista Charles Rosenblatt, do Hospital Albert Einstein e da Rede D’Or São Luiz, a prática pode trazer riscos sérios à saúde física e emocional.
“Esses medicamentos foram desenvolvidos para tratar disfunção erétil e, no caso da tadalafila, também hipertensão pulmonar e hiperplasia prostática benigna. Quando usados sem orientação, podem causar efeitos adversos importantes, como dor de cabeça, tontura, distúrbios visuais e até risco cardiovascular”, explica.

Riscos físicos e interações perigosas
Um dos maiores perigos é a interação com medicamentos à base de nitrato, que pode provocar queda abrupta da pressão arterial, além de complicações quando combinados com álcool ou outros anti-hipertensivos. Há ainda o risco de priapismo, uma ereção prolongada que, se não tratada, pode causar danos irreversíveis ao tecido peniano.
Outro alerta vai para relatos de perda súbita de visão e audição em usuários desses fármacos, embora a relação causal ainda não esteja totalmente confirmada. “Antes da prescrição, é essencial avaliar o estado cardiovascular do paciente, já que a atividade sexual por si só pode representar risco em quem tem problemas cardíacos graves”, reforça o especialista.
Uso recreativo e impactos emocionais
O uso recreativo, sem indicação médica, também pode gerar dependência psicológica, com perda de confiança na capacidade de ter uma ereção sem auxílio medicamentoso. “Isso pode aumentar a ansiedade de desempenho e mascarar problemas de saúde física ou emocional que deveriam ser tratados com outro tipo de abordagem”, alerta Rosenblatt.
Segundo o especialista, embora esses medicamentos não causem dependência física, o uso frequente pode criar um ciclo de insegurança sexual e impactar a autoestima e a qualidade de vida do paciente.
Uso seguro e orientação profissional
A recomendação é clara: a prescrição deve ser feita após avaliação médica completa, especialmente em pacientes com comorbidades ou em uso de outros medicamentos. “O uso consciente, associado à investigação de eventuais problemas de saúde, é a melhor forma de garantir segurança e preservar a qualidade de vida”, conclui Rosenblatt


