Em 2026, um dos álbuns mais icônicos e provocadores da música brasileira completa 40 anos. Cabeça Dinossauro, lançado pelos Titãs em 1986, transformou a banda e o próprio rock nacional ao romper padrões, desafiar o conservadorismo e traduzir, em som e fúria, o espírito de um país em transição. O Brasil tentava reaprender o significado de liberdade depois de duas décadas de censura e autoritarismo, e o álbum virou o retrato cru de uma geração inconformada.
Quatro décadas depois, em um país novamente atravessado por polarização e intolerância, o grito de Cabeça Dinossauro volta a soar necessário e atual. É essa força de expressão — de resistir, de questionar e de pensar o presente — que os Titãs Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto pretendem reacender com a turnê “Titãs – Cabeça Dinossauro 40 anos”, que tem estreia marcada para 28 de março de 2026, no Espaço Unimed, em São Paulo. A tour também tem passagem confirmada por: Belo Horizonte (25/04); Rio de Janeiro (09/05) e Curitiba (18/07).
“Cabeça Dinossauro marcou a nossa carreira e a história do rock nacional, não há como negar. Inventamos ali o nosso vocabulário – riffs fortes, vocais gritados, letras sintéticas e precisas, etc. Isso, somado à temática das canções, deixou uma marca profunda na nossa trajetória”, conta Sérgio Britto. Tony Bellotto comemora o acontecimento. “É emocionante celebrar um álbum que permanece atual depois de 40 anos”. “Cabeça Dinossauro, Pança de Mamute, Espírito de Porco’. Dessa pequena e poderosa letra composta em 1986 nasceu o título de um dos álbuns mais lembrados e celebrados da nossa história. Cabeça Dinossauro está fazendo 40 anos e é com imenso prazer que comemoraremos com nosso público essa data tão especial”, completa Branco Mello.
Lançado em meio ao processo de redemocratização do Brasil, Cabeça Dinossauro foi um divisor de águas. O país tentava se reencontrar após duas décadas de ditadura, enfrentando uma crise econômica e social profunda. Em um cenário em que a democracia ainda era uma promessa frágil, os Titãs lançaram um álbum que abordava censura, fé, violência e poder com uma crueza inédita. Com faixas como “Polícia”, “Igreja”, “Bichos Escrotos” e “AAUU”, a banda confrontou a hipocrisia e o autoritarismo de uma sociedade em busca de identidade. Produzido por Liminha, Vitor Farias e Pena Schmidt, o trabalho se destacou pelo som agressivo, pela estética minimalista e pelas letras que ecoavam o grito de uma juventude que queria ser ouvida.
A recepção da crítica foi explosiva. Cabeça Dinossauro foi descrito como “violento”, “áspero” e “revolucionário” por jornais e revistas da época. Adjetivos que, longe de reduzir sua potência, o consagraram como um marco da cultura nacional. Décadas depois, o álbum figura em praticamente todas as listas dos maiores álbuns da história do rock brasileiro e permanece atual em sua mensagem de inconformismo.



