Em 1964, o sambista paulistano Adoniran Barbosa atingiu o auge do sucesso e se consagrou como um dos maiores compositores da música popular brasileira de todos os tempos, quando sua canção “Trem das Onze” foi lançada pelo conjunto Demônios da Garoa.
A canção passou a ser um hino da cidade paulistana e é até hoje considerada um dos maiores clássicos da nossa música, tendo sido classificada na 15ª posição entre “As 100 maiores músicas brasileiras de todos os tempos”, pela revista Rolling Stone Brasil, em lista publicada em 2009.
No ano 2000, a Rede Globo também lançou uma enquete para eleger os maiores sucessos da música popular brasileira de todos os tempos, e “Trem das Onze” foi classificada entre os 10 primeiros colocados.
No ano seguinte de seu lançamento, a música foi vencedora do Prêmio de Músicas Carnavalescas do IV Centenário do Rio de Janeiro.
O cantor, compositor, ator e humorista, Adoniran Barbosa foi um grande cronista musical da vida da capital paulistana, principalmente das camadas populares e dos bairros com famílias de imigrantes italianos, sendo um dos maiores representantes da música paulistana, responsável pelos grandes sambas que marcam a história da cidade de São Paulo.
Exímio observador, contava histórias típicas do cotidiano de São Paulo como ninguém, apropriando-se da linguagem popular dos cidadãos paulistanos e retratando seus tipos, costumes, dramas e alegrias, sempre com muito humor e pitadas de crítica social, sobre uma cidade que – apesar de próspera – esconde as mazelas da exclusão social.
Em “Trem das Onze”, Adoniran faz referências ao extinto “Tramway da Cantareira” ou “Estrada de Ferro da Cantareira” -linha que operou de 1894 até 1965 e pela qual o compositor costumava andar – e também ao bairro do Jaçanã, situado na zona norte da cidade de São Paulo.
Jaçanã era um dos bairros em que o trem passava e Adoniran confessa que o nome entrou na letra por acaso: “Manhã… manhã… Jaçanã! Achei bonito o nome!”, disse em entrevista de 1974. A música conta a história de um rapaz que é filho único e precisa abandonar seu amor a tempo de pegar o trem, para voltar para casa e cuidar de sua mãe.
Em 1974, Adoniran Barbosa gravou seu primeiro LP, com “Trem das Onze” no repertório, consagrando em definitivo a canção com sua voz e sotaque “ítalo-paulista”.
Hoje, na cidade que foi cenário de toda a sua obra, São Paulo, Adoniran Barbosa recebeu várias homenagens: tem escola e praça com seu nome, um busto seu na Praça Dom Orione, no centro da cidade, e no bairro do Jaçanã há uma rua chamada “Trem das Onze”.
Filho de imigrantes italianos que vieram tentar uma vida melhor no Brasil, Adoniran nasceu João Rubinato e exerceu várias atividades como garçom, serralheiro, tecelão, pintor, metalúrgico e vendedor de tecidos, antes de tornar-se famoso.
Sempre boêmio, ele também frequentava os bares e as rádios das redondezas e fazia amizades com locutores e artistas, quando seu verdadeiro sonho era tornar-se um conhecido artista do rádio.
Saiba tudo sobre a vida e a obra de Adoniran Barbosa no Arquivo Novabrasil especial sobre o artista, uma verdadeira enciclopédia da música popular brasileira, original Novabrasil.
Gravações de “Trem das Onze”
Ao longo dos anos, muitos outros grandes nomes da música brasileira gravaram suas versões de “Trem das Onze”, de Adoniran Barbosa, além dos Demônios da Garoa. Vamos conhecer algumas?
1 – Gal Costa
Antes mesmo de Adoniran lançar a sua própria versão de sua composição, a cantora baiana Gal Costa interpretou “Trem das Onze” em maio de 1973, quando a gravadora Phonogram (que hoje chama-se Universal) realizou um Festival no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo, com quase todo o seu elenco – um time de artistas brasileiros do primeiro escalão – chamado Phono 73.
2 – Os Trapalhões
Acredite ou não, o grupo de humoristas Os Trapalhões – formado por Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias – também gravaram sua versão da música“Trem das Onze”! Foi em 1982, para a trilha sonora do filme “Os Trapalhões na Serra Pelada”,
3 – Os Originais do Samba
Mussum mais uma vez!O grupo de samba formado pelo humorista – que também era músico – Os Originais do Samba, também gravaram sua versão de “Trem das Onze” no álbum “Sangue, Suor e Samba”, de 1989.
4 – Tetê Espíndola
A cantora, compositora e instrumentista Tetê Espíndola gravou sua interpretação de “Trem das Onze” em 1990, no álbum tributo “Adoniran Barbosa – O Poeta do Bixiga”, em que vários artistas interpretaram grandes canções do sambista, oito anos após a sua morte.
5 – Guilherme Arantes
O também paulistano Guilherme Arantes gravou sua interpretação da música para o álbum “Via Paulista”, gravado ao vivo no Teatro Sesc-Pompéia – São Paulo, e lançado em 1992, com diversos artistas interpretando sucessos da música paulistana.
6 – Beth Carvalho
Em 1993, foi a vez da grande sambista carioca Beth Carvalho gravar o samba paulistano, em um álbum gravado ao vivo em São Paulo, onde interpretou diversos sambas de compositores da cidade: “Beth Carvalho canta o samba de São Paulo”.
7 – Elza Soares
Elza Soares gravou uma versão bem diferentona – meio jazz, meio bossa nova – de “Trem das Onze” no álbum “Carioca da Gema – Elza Ao Vivo”, de 1999.
8 – Moraes Moreira e Arnaldo Antunes
“Trem das Onze” gerou um encontro bastante interessante entre o baiano Moraes Moreira e o paulistano Arnaldo Antunes, no álbum “Meu Nome é Brasil”, de Moraes, em 2003.
9 – Maria Gadú
Mais uma paulistana a gravar o samba de Adoniran: Maria Gadú, que o fez duas vezes – a primeira em 2010, no seu álbum solo “Multishow Ao Vivo”:
10 – Maria Gadú e Caetano Veloso
E a segunda vez no ano seguinte, no álbum “Multishow Ao Vivo: Caetano Veloso e Maria Gadú”:
11 – Zeca Pagodinho
Outro que gravou “Trem das Onze” em seu “Multishow Ao Vivo”, em comemoração aos 30 anos de carreira, foi o carioca Zeca Pagodinho, em 2013:
12 – Fernanda Takai
Mais recentemente, em 2024, a cantora Fernanda Takai gravou um single com sua versão da canção:



