O uso excessivo de jogos e dispositivos eletrônicos entre crianças preocupa especialistas e famílias. A dependência digital, cada vez mais presente na infância, já é considerada por muitos estudiosos um fenômeno comparável ao vício em substâncias químicas. Isso porque o sistema de recompensa do cérebro é ativado de forma semelhante, com liberação intensa de dopamina e busca compulsiva por prazer imediato.
Impacto cerebral e emocional
Pesquisas indicam que o uso prolongado de telas pode afetar áreas do cérebro responsáveis por atenção, memória e autocontrole. O resultado é uma criança menos concentrada nas tarefas escolares, mais ansiosa e com maior risco de desenvolver quadros de depressão. “A liberação constante de dopamina durante os jogos gera uma sensação prazerosa que leva à repetição excessiva, criando dependência”, explica a psicóloga Fernanda Papa de Campos.
Além dos prejuízos cognitivos, os efeitos emocionais e sociais também são alarmantes. Crianças expostas a mais de três horas diárias de telas têm até 30% mais chances de experimentar sentimentos de solidão e isolamento. A interação humana dá lugar ao mundo virtual, comprometendo o desenvolvimento de vínculos reais.
Sinais de alerta para os pais
Irritação quando são impedidas de jogar, desinteresse por atividades fora do universo digital e dificuldades em socializar estão entre os principais sinais de que algo não vai bem. “Se uma criança prefere o celular aos amigos, é hora de ligar o sinal vermelho”, alerta a especialista.

Como agir de forma eficaz
Combater o vício digital exige uma combinação de estratégias:
· Estabelecer horários limitados para o uso de telas
· Incentivar brincadeiras ao ar livre, leitura e esportes
· Oferecer alternativas interessantes escolhidas junto com a criança
· Manter diálogo constante e observar o comportamento
· Buscar apoio psicológico, quando necessário
Exemplo começa em casa
A psicóloga destaca que os pais são modelos para seus filhos. “As crianças se espelham nos adultos. É importante que a família também reveja seu próprio uso de celulares e computadores, mostrando, na prática, como equilibrar o mundo digital e o real.”



