Viva, Martinho da Vila!

por Lívia Nolla
Martinho da Vila (Foto: Reprodução/Instagram)

12 de fevereiro é uma data mais que especial para a nossa música popular brasileira. Um de seus maiores nomes completa 86 anos de vida hoje: o sambista Martinho da Vila!

Praticamente um patrimônio vivo cultural brasileiro, o cantor, instrumentista e compositor carioca transformou para sempre a história da cultura do nosso país com seu trabalho desenvolvido com o samba e tornou-se conhecido internacionalmente, levando o samba brasileiro para o mundo e sendo gravado por artistas nacionais e estrangeiros.

Infância e Juventude

Nascido em Duas Barras e criado na Serra dos Pretos Forros – Boca do Mato, Lins de Vasconcelos, RJ – filho de lavradores, Martinho da Vila formou-se Auxiliar de Químico Industrial, pelo SENAIServiço Nacional de Aprendizagem Industrial.

Na juventude, alistou-se no Exército como voluntário – no Segundo Batalhão de Carros de Combate, destinado ao Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército – onde pretendia ser funcionário público, mas decidiu-se pela carreira militar.

Foi cabo, sargento e cursou a Escola de Instrução Especializada, onde se formou em contabilidade. Exerceu funções burocráticas na Diretoria Geral de Engenharia e Comunicações, como escrevente-contador, e pediu baixa para se tornar cantor profissional.

Martinho da Vila | Foto: Arquivo

O início da carreira artística e o sucesso

Martinho da Vila tornou-se conhecido do grande público em 1967, ao apresentar-se no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, defendendo o partido-alto Menina Moça. No ano seguinte, na quarta edição do mesmo Festival, lançou o clássico Casa de Bamba, seu primeiro grande sucesso, seguido de O Pequeno Burguês, em 1969.

Essas duas últimas canções entraram para o primeiro álbum do artista, que levou o seu nome, em 1969, lançou o seu primeiro álbum, junto com outros grandes sucessos como: Quem é Do Mar Não Enjoa e Pra Que Dinheiro, todos composições solo de Martinho.

O disco de estreia atingiu o primeiro lugar na parada musical radiofônica e o recorde de vendas daquele ano. Logo, Martinho da Vila consagrou-se como um dos artistas mais respeitados do Brasil, sambista do primeiro escalão, entre os maiores da música popular brasileira.

Martinho da Vila | Foto: Alexandre Durão / G1
Martinho da Vila | Foto: Alexandre Durão / G1

Um artista de peso

Entre seus mais de 50 álbuns lançados, Martinho da Vila consagrou outros imensos sucessos como: Canta, Canta Minha Gente (1974), Disritmia (1974), Ex Amor (1981) e Madalena do Jucu (1989).

Em 1995, consagrou-se como o primeiro sambista a ultrapassar a marca de um milhão de cópias vendidas em tempo recorde, com o álbum Tá delícia, Tá gostoso, que contava com os super sucessos Devagar Devagarinho (composição de Eraldo Divagar) e Mulheres (de Toninho Geraes).

Ativista cultural, Martinho também é escritor e publicou mais de 10 livros de sucesso, entre  infantis, infanto-juvenis, biografias e romances. É membro efetivo da Academia Carioca de Letras, do PEN CLUB e da Divine Académie Française des Arts, Letres e Culture.

Recebeu o título honorário de Embaixador Cultural de Angola e Embaixador da Boa Vontade da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), por ser um incentivador das relações linguísticas do português e divulgador da lusofonia.

No Brasil foi agraciado com a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura e recebeu as comendas mineiras Tiradentes e JK. É Comendador da República da Ordem do Barão do Rio Branco, em grau de Oficial.

Foi membro do Conselho Estadual de Cultura e da Comissão de Apoio à Cultura, do MinC, e responsável pelo projeto O Canto Livre de Angola que, em 1982, trouxe os primeiros artistas africanos ao Brasil. Liderou também o Grupo Kizomba, promotor do pioneiro Encontros Internacionais de Artes Negras.

Recebeu o título honorário de Embaixador Cultural de Angola e Embaixador da Boa Vontade da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, além de receber a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura. Idealizou, em parceria com o maestro Leonardo Bruno, o Concerto Negro, espetáculo sinfônico que enfoca a participação do negro na música erudita.

Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação

A relação com a Vila Isabel

A dedicação à escola de samba do coração, Unidos de Vila Isabel, iniciou em 1965. Antes, Martinho participava da extinta Aprendizes da Boca do Mato. A história da Unidos de Vila Isabel se confunde com a de Martinho, que passou a ser chamado de da Vila” por causa dela.

Ele nunca exerceu oficialmente a presidência administrativa da escola, mas por várias vezes esteve à frente da agremiação da qual é o Presidente de Honra, com busto de bronze na entrada da quadra de ensaios e eventos. Os sambas-enredo mais consagrados da escola são de sua autoria.

Martinho da Vila em estúdio com os filhos — Foto: Reprodução / Instagram Mart’nália

Casa de Bambas

Na casa de Martinho da Vila, “todo mundo é bamba”: vários de seus oito filhos seguiram os passos do pai, como – por exemplo – as cantoras, compositoras e instrumentistas Martnália e Maíra Freitas.

Martinho venceu quatro vezes o Grammy Latino de Melhor Álbum de Samba/Pagode: em 2005 (com o álbum Brasilatinidade); 2009 (com O Pequeno Burguês); 2016 (De Bem com a Vida); e em 2023 (com Negra Ópera, seu mais recente trabalho).

O espírito de pesquisador incansável do sambista vem desde o álbum O Canto das Lavadeiras, baseado na cultura brasileira, lançado em 1989, até o mais recente trabalho , Negra Ópera, passando por Lusofonia, lançado no início de 2000, reunindo canções de todos os países de língua portuguesa.

Em setembro de 2000, Martinho concretizou, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, um dos seus projetos mais relevantes neste sentido: a apresentação do Concerto Negro. Idealizado por ele e pelo maestro Leonardo Bruno, o espetáculo enfoca a participação da cultura negra na música erudita.

Feliz Aniversário, Martinho da Vila!

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