Em uma entrevista concedida ao jornalista Araken Távora, em 1976, o professor e lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda revelou quais considera as três palavras mais bonitas da língua portuguesa.
Conhecido por seu amor pelas palavras — sentimento que o levou a criar o icônico Dicionário Aurélio —, ele destacou três:
“Libélula”, “Alvorada” e “Murucututu”
Para Aurélio, libélula remete ao voo poético e trêmulo do inseto, evocando leveza e delicadeza. “É uma palavra do meu profundo encantamento”, declarou, lamentando o uso popular de sinônimos menos elegantes, como “lava bunda”.
Já murucututu, nome indígena de uma coruja sul-americana, o impressionava pela musicalidade: cinco sílabas terminadas em “u”.
E alvorada foi descrita como uma “clarinada”, palavra que anuncia a chegada do dia, carregada de significados literários, militares e simbólicos.

Além de seus significados formais nos dicionários, as três palavras escolhidas por Aurélio revelam sua sensibilidade linguística e sua visão da linguagem como expressão da criatividade e da cultura humanas.
Para ele, até mesmo palavras consideradas feias ou imorais podem conter beleza — porque, afinal, “tudo é criação”.



