O Prêmio UBC 2025 celebrou na noite desta quarta-feira, 10 de dezembro, na Casa UBC, no Rio de Janeiro, a obra e a trajetória de Zeca Pagodinho, primeiro artista do samba a receber a honraria criada pela União Brasileira de Compositores. A 9ª edição da premiação reuniu artistas de diferentes gerações e gêneros musicais, que apresentaram versões inéditas de clássicos do repertório de Zeca, em uma cerimônia marcada por emoção, encontros raros e uma plateia lotada.
Com direção artística de Max Pierre e Victor Kelly, o Prêmio UBC teve apresentações ao vivo de Gilberto Gil, Vanessa da Mata, João Gomes, BK, Zeca Baleiro, Zélia Duncan, Xande de Pilares, Mariene de Castro, Moacyr Luz, Hamilton de Holanda, Roberta Sá, Simoninha, Teresa Cristina, Gilsons, Nego Álvaro, Rildo Hora, MC Hariel, Luana Carvalho e Karinah, que interpretaram clássicos do repertório de Zeca, construindo um panorama afetivo e musical de quatro décadas de carreira.
A abertura ficou a cargo de Gilberto Gil, que apresentou uma versão especial de “Deixa a Vida Me Levar”. Em seguida, Nego Álvaro interpretou “Chico Não Vai na Curimba”, seguidor por Karinah, com “Ai Que Saudade do Meu Amor”.

Zélia Duncan e Mariene de Castro dividiram o palco para cantar “Brincadeira Tem Hora”, enquanto Moacyr Luz e Hamilton de Holanda apresentaram “Não Sou Mais Disso”. Na sequência, Roberta Sá e Simoninha cantaram “Mutirão de Amor”, e Teresa Cristina e Rildo Hora trouxeram uma versão delicada de “Lente de Contato”.

Um dos momentos mais surpreendentes da noite foi a performance de Gilsons e BK, que recriaram “Vou Botar Teu Nome na Macumba”. Logo depois, Zeca Baleiro interpretou “Judia de Mim”, seguido por Xande de Pilares e MC Hariel, que incendiaram a plateia com “Faixa Amarela”. O dueto entre Vanessa da Mata e João Gomes, com “Bagaço da Laranja”, encerrou a sequência de homenagens antes da entrega oficial do prêmio.
Após as apresentações, Marcelo Castello Branco e a diretoria da UBC entregaram o Troféu UBC 2025 a Zeca Pagodinho, em momento marcado por aplausos prolongados e comoção do público.
No encerramento, o próprio Zeca subiu ao palco ao lado de Luana Carvalho e de todos os artistas da noite para cantar “Camarão que Dorme a Onda Leva”, seu primeiro grande sucesso. A plateia acompanhou em coro, finalizando a celebração com a força coletiva que sempre marcou a trajetória do sambista.

O legado autoral de um mestre da música brasileira
Zeca Pagodinho é autor de 143 composições cadastradas e soma 1.156 gravações musicais realizadas. Entre os intérpretes que mais gravaram suas canções estão Arlindo Cruz (1º lugar), Dudu Nobre (2º), Beth Carvalho (3º), Jorge Aragão (4º) e Sombrinha (5º).
Nos últimos cinco anos, as canções de sua autoria mais executadas publicamente foram “Não sou mais disso”, “Camarão que dorme a onda leva”, “Faixa amarela”, “Quem é ela” e “Vou botar teu nome na macumba”. Já as três mais regravadas são “Lama nas ruas”, “Não sou mais disso” e “Judia de mim”.
Marcelo Castello Branco, diretor-executivo da UBC, afirma que “ter o Zeca como homenageado representa um aceno carinhoso ao mundo do samba, parte fundamental da música brasileira. Um dos gêneros que mais reverencia e valoriza o trabalho autoral, que credita o compositor antes de cada canção e que mais entende o papel fundamental do autor”. Para ele, “Zeca é um pedaço valioso do Brasil autoral, com sua irreverência e autenticidade ímpar, e é um prazer para a UBC aplaudir esta carreira brilhante e transcendente”.
Quatro décadas de carreira
No início dos anos 1980, Zeca teve sua primeira música gravada: “Amargura”, composta em parceria com o flautista Claudio Camunguelo, lançada no segundo disco do grupo Fundo de Quintal. A proximidade com o grupo o levou a conhecer Beth Carvalho, a Madrinha do Samba, que também se tornou sua madrinha musical. Foi ela quem gravou, em 1983, o primeiro grande sucesso de Zeca, “Camarão que Dorme a Onda Leva”, em parceria com Arlindo Cruz e Beto Sem Braço.
Pouco depois, o pagode e o partido-alto se preparavam para ganhar o Brasil. Em 1985, a gravadora RGE lançou a coletânea Raça Brasileira, que reuniu Zeca Pagodinho, Mauro Diniz, Jovelina Pérola Negra, Pedrinho da Flor e Elaine Machado. O disco trouxe composições de Zeca como “Mal de Amor”, “Garrafeiro”, “A Vaca” e “Bagaço da Laranja”, e vendeu 100 mil cópias. O sucesso levou, no ano seguinte, ao lançamento de seu primeiro álbum solo, Zeca Pagodinho (1986), que emplacou clássicos como “Coração em Desalinho”, “Quando Eu Contar (Iaiá)”, “Judia de Mim” e “Brincadeira tem Hora”, atingindo a marca de 1 milhão de cópias vendidas.
Nas quatro décadas seguintes, com 25 álbuns lançados, Zeca consolidou-se como um dos maiores representantes do samba, reconhecido internacionalmente como um dos grandes artistas brasileiros. Sua trajetória inclui quatro prêmios Latin GRAMMY, de um total de 12 indicações, além de inúmeros sucessos que se tornaram parte do repertório popular do país. Em 2025, o artista celebrou seus 40 anos de carreira com o lançamento do álbum Zeca Pagodinho – 40 anos (Ao Vivo).
“Num país de poucas unanimidades; num país tão dividido; Zeca Pagodinho, sem dúvida, é uma unanimidade. E é uma unanimidade de gerações; é uma unanimidade de estilos; ele é uma unanimidade em tudo. Então, mais que merecido: representando o samba; representando uma carreira vitoriosa, não só de muitos sucessos, mas também de ser porta-voz e, ao mesmo tempo, de ser uma pessoa que sempre se preocupou em trazer os seus parceiros, compositores, músicos; formou tantos músicos incríveis; ajudou; valorizou tantos músicos, músicos geniais. O Zeca, realmente, é uma marca do samba e da música de qualidade do Brasil”, salienta Wilson Simoninha, diretor vogal da UBC.
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