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Zeca Pagodinho: o dia em que o subúrbio conquistou o Brasil

Pouca gente sabe, mas a trajetória de Zeca Pagodinho, um dos maiores nomes do samba brasileiro, começou de forma quase acidental — e carregada de espontaneidade, marca registrada do artista. Nascido Jessé Gomes da Silva Filho, em 1959, no bairro do Irajá, Rio de Janeiro, Zeca cresceu entre as rodas de samba da Zona Norte, herdeiro direto de uma tradição que mistura religiosidade, cultura popular e resistência negra.

A curiosidade é que, antes de ser “Zeca Pagodinho”, ele era apenas “Zeca”, o jovem divertido que frequentava o lendário bloco carnavalesco Cacique de Ramos. Foi lá que o destino mudou: durante uma das rodas, ele improvisou alguns versos sobre a vida no subúrbio, e sua ginga chamou a atenção de Beto Sem Braço e Ubirany — ícones do grupo Fundo de Quintal. Foi esse encontro que abriu as portas do sucesso.

Zeca não planejava ser cantor profissional. Trabalhou como contínuo, auxiliar de escritório e até vendedor, mas o samba sempre o acompanhou como parte de sua identidade. Em 1983, Beth Carvalho — grande madrinha do samba — ouviu uma fita com gravações caseiras do jovem e decidiu gravar “Camarão que dorme a onda leva”. O sucesso foi imediato. Nascia ali o mito Zeca Pagodinho, representante legítimo da malandragem boa, do humor carioca e da musicalidade suburbana.

O que pouca gente percebe é que Zeca, com seu jeito simples e risonho, representa uma das maiores revoluções culturais da MPB: ele levou o samba de volta para as mãos do povo. Enquanto a indústria musical buscava sofisticar o gênero, Zeca resgatou a essência da roda, da cerveja gelada, da conversa fiada e do improviso — lugares de encontro e expressão do Brasil negro.

Mais que um artista, ele se tornou um símbolo. O Zeca de Xerém, com o copo de cerveja na mão e o sorriso largo, é a personificação da alegria como resistência. Seu sucesso mostra como o samba, nascido nas senzalas e quintais, sobreviveu ao racismo e à marginalização para se tornar o som que une o país.

Zeca Pagodinho em show | Foto: Site Oficial
Zeca Pagodinho em show | Foto: Site Oficial

Entre suas curiosidades, há uma que resume bem sua filosofia: Zeca é conhecido por recusar compromissos formais para ficar em casa com os amigos, os cachorros e o churrasco aceso. Em sua fazenda em Xerém, ele mantém uma rotina que mistura simplicidade e generosidade — recebe músicos, amigos e vizinhos para rodas de samba que se tornaram lendárias. Ali, longe das luzes da fama, Zeca é apenas Jessé: o homem que canta o cotidiano com verdade.

Outra curiosidade é seu envolvimento com a comunidade. Em Xerém, Zeca mantém projetos sociais e é conhecido por ajudar famílias em dificuldades, sempre de forma discreta. Durante enchentes e tragédias na região, o cantor abriu as portas de sua casa para abrigar vizinhos e distribuir doações. O homem do “Deixa a vida me levar” mostra, na prática, o que significa solidariedade.

A trajetória de Zeca Pagodinho é, portanto, muito mais do que uma história de sucesso musical. É um retrato do Brasil popular e negro, que fez do samba uma forma de existir e resistir. Sua música é leve, mas sua importância é imensa. Com seu riso largo, ele nos ensina que alegria também é arma política — e que, às vezes, o jeito mais bonito de enfrentar a dureza da vida é seguir cantando, com um copo de cerveja, o coração aberto e o tambor marcando o compasso.

Essa publicação é fruto de uma parceria especial entre a Novabrasil e o Fórum Brasil Diverso, evento realizado pela Revista Raça Brasil nos dias 10 e 11 de novembro, que celebra a diversidade, a cultura e a potência da música negra brasileira. Não perca a oportunidade de participar desse encontro transformador — inscreva-se já www.forumbrasildiverso.org

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