Delegada do caso Brennand aceitou encontro, cancelou e foi ameaçada

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A delegada Dannyella Gomes Pinheiro registrou um boletim de ocorrência no DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) contra Thiago Brennand, 43, em junho do ano passado. Na ocasião, ela alegou que foi ameaçada pelo empresário após cancelar um encontro que havia marcado com ele.

Eles se conheceram no dia em que Dannyella colheu o depoimento de Brennand e do filho dele, hoje com 17 anos, em um processo em que inicialmente o adolescente acusava o pai de maus-tratos e violência.

A reportagem tentou contato com a delegada por mensagem e ligação, mas não obteve resposta. A defesa de Brennand também foi procurada para comentar o caso, mas não respondeu. A SSP (Secretaria da Segurança Pública), por sua vez, disse apenas que o caso foi registrado pelo DHPP e segue em sigilo, conforme determina norma do Tribunal de Justiça.

O caso teve início em 2020, quando o filho de Brennand prestou um depoimento alegando que sofria violência do pai. O adolescente disse que os crimes tinham ocorrido em São Paulo, e em 2021 um inquérito para apurar os fatos foi aberto na capital.

Os depoimentos foram colhidos pela delegada Dannyella Gomes Pinheiro em maio do ano passado. No mesmo dia, Brennand e Dannyella passaram a conversar por mensagens e combinaram um encontro. No dia seguinte, continuaram trocando mensagens e conversaram por telefone à noite.

Dois dias depois de se conhecerem, Dannyella cancelou o encontro que havia marcado. Brennand, então, passou a ofendê-la e a fazer alusão a um relacionamento que, segundo o relato da delegada no boletim de ocorrência, nunca existiu.

Mais de um mês depois, ele voltou a chamá-la e disse que iria até a delegacia para encontrá-la. Diante da negativa, Brennand afirmou que, caso a delegada se negasse a conversar com ele, iria prejudicá-la profissionalmente. Por isso ela decidiu registrar um boletim de ocorrência na ocasião.

CASO DO FILHO

O caso relacionado ao filho teve início em 2020, no Recife, quando o garoto viajou até a mãe, após informar a ela que sofria violência do pai desde criança. Depois, à Justiça, a mãe declarou que manteve um relacionamento abusivo com Brennand e que ele a agrediu fisicamente.

Ela também afirmou que o filho, quando vivia com o pai, a procurou por meio das redes sociais para pedir socorro. O jovem afirmou à época que Brennand batia nele constantemente desde os quatro anos. O garoto chegou a dizer que apanhava com o fio do carregador do celular. Depois, as violências teriam piorado, e ele teria apanhado com cinto, baqueta de bateria, cabides, fio de corda e cipó de goiabeira.

Poucos dias depois, no entanto, o jovem compareceu à delegacia e retirou a queixa. No novo depoimento, alegou ter mentido, disse que foi um ato de rebeldia e que havia apanhado poucas vezes, de cinto e sandália, mas “nada grave”.

O caso foi conduzido por outra delegada e, em seguida, arquivado pelo Ministério Público por não haver indícios de conduta dolosa ou culposa por parte do averiguado.

Brennand foi extraditado dos Emirados Árabes e desembarcou no Aeroporto de Guarulhos no sábado (29). Ele viajou ao país em setembro do ano passado horas antes de ser denunciado pelo Ministério Público por agredir uma modelo em uma academia da capital.

Ele sempre negou os crimes sexuais e, em vídeos recentes, afirmou que mantém uma boa relação com o pai e o filho.

ENTENDA OS 5 PEDIDOS DE PRISÃO CONTRA BRENNAND

Os detalhes sobre o quinto pedido ainda não foram divulgados

Após a acusação de agressão à modelo Alliny Helena Gomes, Brennand deixou o Brasil em 4 de setembro, horas antes da denúncia do Ministério Público. O órgão determinou que ele retornasse ao Brasil até 23 de setembro e entregasse o passaporte. Como não cumpriu a medida, ele teve a prisão preventiva decretada no dia 27 de setembro e tornou-se foragido. A viagem inicialmente foi para para Dubai, nos Emirados Árabes.

Logo depois, no dia 17 de outubro, a Justiça decretou nova prisão contra Brennand, desta vez sob a acusação de tatuar à força e manter em cárcere privado uma mulher em Porto Feliz, no interior paulista.

No dia 7 de novembro, ele teve a terceira prisão preventiva decretada pela Justiça. Na ocasião, os promotores Evelyn Moura Virginio Martins e Josmar Tassignon Júnior apresentaram denúncia contra ele por suspeita de estupro que teria ocorrido também em Porto Feliz.

No dia 10 de fevereiro, o empresário teve a prisão preventiva decretada após denúncia da miss e estudante de medicina Stefanie Cohen. Ela afirma que foi estuprada por Brennand em 2021.

No dia 22 de março, foi decretado o quinto pedido de prisão preventiva também por estupro. A reportagem não obteve detalhes sobre a identidade da vítima deste caso.

ISABELLA MENON / Folhapress

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