15 músicas censuradas durante a ditadura militar no Brasil

A Ditadura Militar no Brasil foi um período marcado por intensa repressão e autoritarismo. O regime teve início no dia 01 de abril de 1964 após militares se organizarem para tomar o poder de João Goulart, que até então era presidente do país. 

O período durou 21 anos, tendo fim em 1985 com a eleição de Tancredo Neves. A ditadura militar teve 5 presidentes, foram eles: Humberto Castello Branco (1964 – 1967), Artur Costa e Silva (1967 – 1969), Emílio Médici (1969 – 1974), Ernesto Geisel (1974 – 1979) e João Figueiredo (1979 – 1985). 

Uma das principais marcas do regime militar foram os chamados “Atos Intitucionais”, sendo um dos mais lembrados o AI-5. O AI-5 foi instituído durante o mandato de Médici e determinou o fechamento do Congresso, além de determinar proibições, como à liberdade de expressão. 

Nesta época, a censura e perseguição às mais diversas formas de manifestações culturais foram intensas. Qualquer manifestação que pudesse ter uma palavra mal compreendida era censurada, desde livros, filmes, músicas, entre outras. 

Mas, hoje, nós vamos falar sobre a perseguição contra as músicas. A seguir, veja 15 músicas censuradas durante a Ditadura Militar no Brasil

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Confira as músicas brasileiras que foram censuradas durante a Ditadura Militar. | Foto: Montagem.

Confira 15 músicas censuradas durante a Ditadura Militar no Brasil

1) Tiro ao Álvaro (1973) – Adoniran Barbosa e Elis Regina

A canção Tiro ao Álvaro é de Adoniran Barbosa e contou com a participação de Elis Regina. A música falava:

“De tanto levar frechada do teu olhar/ Meu peito até parece sabe o quê?/ Táubua de tiro ao Álvaro/ Não tem mais onde furar”. 

O motivo da censura teria sido as “palavras incorretas”. 

Ouça a canção: 

2) Apesar de você (1970) – Chico Buarque

Chico Buarque é um dos artistas que teve muitas músicas censuradas. A princípio, sua canção Apesar de Você foi aprovada, até que o jornal Tribuna da Imprensa avaliou a composição como um hino “jovem”. Assim, o significado foi percebido pelo regime. 

A composição diz:

 “Hoje você é quem manda/ Falou, tá falado/ Não tem discussão, não”.

Relembre a música: 

3) Meu Novo Sapato (1976) – Paulinho da Viola

A canção Meu Novo Sapato, de Paulinho da Viola, também foi censurada. A justificativa teria sido devido ao duplo sentido da música, que poderia ser entendida como referência ao regime militar. 

“Um barato/ Meu novo sapato/ De salto de aço/ Inoxidável/ Que sapateia/ Que vira latas/ Que desacata/ Dentro do compasso”, diz a composição. 

Confira:

4) É Proibido Proibir (1968) – Caetano Veloso

É Proibido Proibir, de Caetano Veloso, também foi censurada. A direita considerou que a canção ameaçava o conservadorismo, enquanto a esquerda criticou a influência norte-americana na música. 

“A mãe virgem diz que não: / Que o anúncio da televisão/ Estava escrito no portão/ E o maestro ergueu o dedo/ E, além da porta, / Há o porteiro, sim…”, diz um trecho da composição. 

Ouça: 

5) Que as Crianças Cantem Livres (1973) – Taiguara (H3)

Taiguara foi o artista que teve mais músicas censuradas durante o período militar. No caso de Que as Crianças Cantem livres, ele fazia alusão ao regime e por isso foi censurado. 

“Pode não ser esse calor o que faz mal/ Pode não ser essa gravata o que sufoca/ Ou essa falta de dinheiro que é fatal/ Vê como um fogo brando funde um ferro duro”, cantava Taiguara. 

Relembre a canção: 

6) Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores (1968) – Geraldo Vandré

Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores, de Geraldo Vandré, é um clássico entre as canções da época e se tornou um hino de resistência da oposição ao regime vigente. A música foi censurada por ser acusada de “ofender” o exército. 

“Pelos campos, há fome/ Em grandes plantações/ Pelas ruas, marchando/ Indecisos cordões/ Ainda fazem da flor/ Seu mais forte refrão/ E acreditam nas flores/ Vencendo o canhão”, diz a letra. 

Confira: 

7) Vaca Profana (1984) – Caetano Veloso

Mais uma canção de Caetano Veloso, Vaca Profana também foi censurada devido às referências que feriam o conservadorismo brasileiro. 

“Vaca profana, põe teus cornos/ Pra fora e acima da manada/ Vaca profana, põe teus cornos/ Pra fora e acima da man…/ Dona das divinas tetas/ Derrama o leite bom na minha cara/ E o leite mau na cara dos caretas”, diz a canção. 

Ouça: 

8) O Bêbado e a Equilibrista (1979) – Elis Regina

O Bêbado e a Equilibrista, de Elis Regina, faz referência à perseguição contra os artistas, que, mesmo sabendo dos riscos, não deixavam de disseminar a arte. Assim, a canção foi censurada por criticar o regime. 

“Mas sei que uma dor assim pungente/ Não há de ser inutilmente/ A esperança/ Dança na corda bamba de sombrinha/ E em cada passo dessa linha/ pode se machucar/ Azar/ A esperança equilibrista/ Sabe que o show de todo artista/ Tem que continuar”, diz a canção. 

Confira: 

9) Ela Quer Morar Comigo na Lua (1982) – Blitz

A canção da Blitz foi censurada pelo uso da palavra “bundão”, que foi considerada inadequada numa época em que se preservava os “bons costumes”. 

“Ela diz que eu ando bundão/ Que não gosto de agito nem uso/ E fico confuso vendo o mundo rodar/ E nessa dança, você não sai do lugar”, diz a composição. 

Ouça a seguir: 

10) Uma Vida Só (Pare de Tomar a Pílula) (1973) – Odair José

Uma Vida Só também foi uma das canções censuradas durante a Ditadura Militar. O motivo era pelo tom de humor de Odair José e as conotações sexuais. 

“Pare de tomar a pílula/ Pare de tomar a pílula/ Pare de tomar a pílula/ Porque ela não deixa nosso filho nascer”, diz a canção de Odair José. 

Veja: 

11) Cálice (1973) – Chico Buarque

A canção Cálice é um clássico da MPB durante o período do regime. A letra faz críticas à Ditadura e “cálice” tem duplo sentido, podendo ser entendido como “cale-se”. 

“Afasta de mim esse cálice/ De vinho tinto de sangue/ Como beber dessa bebida amarga/ Tragar a dor, engolir a labuta/ Mesmo calada a boca, resta o peito/ Silêncio na cidade não se escuta”, diz a música. 

Relembre: 

12) Opinião (1964) – Zé Keti

A canção Opinião foi gravada antes da instauração do AI-5 e foi censurada em 1968. O motivo foi por ela fazer críticas ao governo, que desejava derrubar as construções irregulares. 

“Podem me prender/ Podem me bater/ Podem até deixar-me sem comer/ Que eu não mudo de opinião/ Daqui do morro/ Eu não saio não”, diz a letra. 

Confira: 

13) Um Samba no Bexiga (1973) – Adoniran Barbosa

Um Samba no Bexiga foi mais uma canção de Adoniran Barbosa censurada devido ao seu jeito de falar “errado”. 

“Domingo nós fumo num samba no Bexiga/ Na Rua Major, na casa do Nicola/ À mezzanotte o’clock/ Saiu uma baita duma briga/ Era só pizza que avuava junto com as bracciola”, diz a música. 

Relembre a canção: 

14) Jorge Maravilha (1973) – Chico Buarque

A canção Jorge Maravilha também foi censurada. Na época, acreditava-se que a letra fazia referência à filha de Ernesto Geisel, Amália Lucy, que teria se declarado a Chico Buarque. O cantor, no entanto, negava essa versão da história. 

“E como já dizia Jorge Maravilha/ Prenhe de razão/ Mais vale uma filha na mão/ Do que dois pais voando”, diz a canção. 

Ouça: 

15) Hoje é Dia de El-Rey (1973) – Milton Nascimento

Hoje é Dia de El-Rey também foi uma canção censurada durante o período da Ditadura Militar por ter sido considerada como uma crítica ao regime. 

“Rufai tambores saudando El Rey/ Nosso amo e senhor e dono da lei/ Soai Clarins/ Pois o dia do ódio e o dia do não/ Vêm com El Rey”, diz a letra. 

Confira: 

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