Morre Tina Turner, cantora considerada a maior diva do rock’n’roll, aos 83 anos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Morreu nesta quarta-feira, dia 24, a cantora Tina Turner, aos 83 anos. A morte foi confirmada por um assessor da cantora. A cantora morreu em casa, na Suíça, depois de enfrentar uma doença ainda não especificada. Não se sabe a causa da morte.

“Tina Turner, a Rainha do rock’n’roll, morreu pacificamente hoje aos 83 anos depois de uma longa doença em sua casa em Kusnacht, próximo a Zurique, na Suíça. O mundo perde uma lenda da música”, diz o comunicado emitido por um representante da cantora.

Turner ficou famosa no fim dos anos 1960, como vocalista da banda Ike & Tina Turner Revue, quando ganhou a alcunha de rainha do rock. Ela depois saiu em carreira solo e se tornou um dos grandes nomes da música pop no mundo nos anos 1980.

Dona de hits como “What’s Love Got To Do With it” e “The Best, ela vendeu mais de 180 milhões de álbuns ao redor do mundo. Turner também ganhou 12 prêmios Grammy ao longo dos anos.

Turner nasceu Anna Mae Bullock, em Brownsville, no Tenessee, em novembro de 1939. Abandonada pelo pai, junto com a irmã Alline, foi morar com a avó depois.

Na infância, ela cantou na igreja da cidade onde morava, e com 17 anos passou a integrar a banda de Ike Turner, que já fazia sucesso por conta própria, e com quem ela veio a se casar. Com o marido, a cantora formou uma das parcerias seminais do rock americano, que ainda vivia seus primórdios.

Em 1960, eles gravaram “A Fool in Love”, música que marcou a chegada triunfal de Turner ao centro da banda de Ike. A estética ainda era muito ligada ao R&B e ao blues, mas a performance da cantora já era agressiva, com gritos e vocais rasgados.

Nos anos 1960 e 1970, a banda Ike & Tina Turner Revue ficou conhecida pelos hits de soul e rock, pelas baladas românticas e pelas performances incendiárias em cima do palco. Os álbuns “River Deep-Mountain High”, de 1966, com a faixa-título, e “Workin’ Together”, de 1970, com “Proud Mary”, cover de Creedence Clearwater Revival, foram os maiores sucessos da trajetória do casal.

Para “River Deep-Mountain High”, Ike e Tina contaram com a produção de Phil Spector, que atingiu na faixa o ápice de sua produção no estilo “parede de som”. A música é um marco pela composição, interpretação e também pela técnica de gravação, que empilha camadas de harmonia e instrumentos diferentes.

Mas o casamento de Tina e Ike foi marcado por violência e controle desde o princípio. O músico deu a ela o nome artístico, o qual registrou como uma marca de sua propriedade. Caso a cantora deixasse a banda, ele poderia substituí-la e usar o nome.

Em suas autobiografias, Tina Turner deu detalhes dos abusos físicos e psicológicos que o marido praticava sobre ela. Além de bater na cantora, Ike tinha o costume de traí-la, praticar sexo violento e não consensual e de obrigá-la a cantar mesmo que a artista não estivesse se sentindo bem.

No livro “Minha História de Amor”, de 2018, Turner narra como Ike a fez mudar o nome artístico. “Primeiro, ele verbalmente abusivo. Depois, ele pegou um pedaço de madeira. Ike sabia o que estava fazendo. Se você toca guitarra, você nunca usa seus punhos numa briga. Ele usava a madeira para me bater na cabeça —sempre na cabeça.”

Em 1968, ela chegou a tomar 50 pílulas de remédio para dormir, numa tentativa de suicídio em que chegou a ser hospitalizada. Na biografia, a cantora conta que Ike “usou meu nariz como saco de pancada tantas vezes que eu conseguia sentir o sangue correndo pela garganta quando cantava”.

Na década de 1970, a banda do casal era uma grande vendedora de discos, e eles já haviam ganhado prêmios no Grammy e tinham reconhecimento no mundo do rock. Em 1975, lançaram seu último single, “Baby, Get it On”, mesmo ano em que Turner interpretou a Acid Queen, uma das personagens mais marcantes do filme “Tommy”, adaptação para as telonas da ópera rock do The Who.

No ano seguinte, Turner enfim deixou Ike, em divórcio que só foi definitivamente concluído em 1978. A cantora saiu do processo com pelo menos o direito de usar seu nome artístico, além de dois carros.

Após quatro álbuns solo sem tanto destaque, Turner renasceu no mundo artístico em 1984 —agora não como uma intérprete feroz de rock, mas como uma artista pop cheia de atitude. O disco “Private Dancer”, símbolo da música daquela década, rendeu vários sucessos para a cantora, como a faixa-título, “What’s Love Got To Do With it” e “Let’s Stay Together”, entre outros.

Sob essa persona pop, Turner fez um dos shows mais assistidos da história da música, quando tocou para mais de 180 mil pessoas no Maracanã, no Rio de Janeiro. Continuou fazendo álbuns mais ou menos bem-sucedidos até o ano de 2000, quando anunciou sua aposentadoria da música, após lançar o disco “Twenty Four Seven”, seu derradeiro.

Turner passou as últimas décadas de vida morando na Suíça com o marido, o executivo da indústria da música e alemão Erwin Bach, com quem se casou em 2013 depois de 27 anos juntos. Ela só saiu da aposentadoria para cantar com Beyoncé no Grammy de 2008 e para uma turnê de despedida no mesmo ano.

Ela foi integrada ao Hall da Fama do Rock and Roll, nos Estados Unidos, duas vezes —uma como artista solo e outra como cantora da Ike and Tina Turner. Sua trajetória também rendeu um musical, em 2018, que vendeu um prêmio Tony.

Seus dois filhos, Ronnie e Michael Turner, morreram nos últimos cinco anos. Ela deixa o marido, Bach, e dois filhos de Ike que adotou, Raymond Craig Turner e Ike Turner Jr.

Em maio, a cantora virou tema de uma exposição no MIS, em São Paulo. A mostra reúne retratos de Turner batendo o cabelo feitas por fotógrafos emblemáticos como Bob Gruen, Ian Dickson e Lynn Goldsmith.

Lynn disse à Folha de S. Paulo que o maior legado da cantora é ter se reinventado aos olhos do público. “É ter sofrido nas mãos de outras pessoas como ela sofreu e não perder seu senso de si, voltar e se colocar no mundo como performer, mãe e mulher.”

Redação / Folhapress

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