Tony Tornado é celebrado em Ouro Preto em mostra que destaca a música preta

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ator e cantor Tony Tornado é o principal homenageado da 18ª edição da CineOP, a Mostra de Cinema de Ouro Preto, que tem abertura oficial nesta quinta-feira (22).

Expoente do soul no Brasil a partir do início dos anos 1970 e reconhecido pela participação em filmes, como “Carandiru”, de 2003, e minisséries, caso de “Agosto”, de 1993, Tornado se mantém na ativa aos 93 anos. Atualmente, interpreta o bem-humorado frei Tomé em “Amor Perfeito”, novela da TV Globo.

“Tony foi um dos precursores da black music no Brasil e lutou muito pelos direitos civis. Tem uma trajetória eclética, passando por novelas, filmes e festivais da canção”, diz Raquel Hallak, diretora da mostra.

Tornado é um dos cantores lembrados em “Baile Soul”, documentário de Cavi Borges, que abre a CineOP nesta quinta. A mostra também exibe “Quilombo”, de 1984, de Cacá Diegues, filme em que o ator interpreta Ganga Zumba.

Nesta sexta (23) à tarde, ele estará em um debate sobre sua trajetória no cinema e na música, e, à noite, fará um show ao lado do filho Lincoln.

A homenagem integra a seção “Imagens da MPB: Música Preta no Brasil”, que vai destacar a criação musical de artistas negros em filmes do passado e produções contemporâneas. “Rio Zona Norte”, de 1957, de Nelson Pereira dos Santos com Grande Otelo, é um dos clássicos em exibição. O festival tira do esquecimento a comédia “Uma Nêga Chamada Tereza”, de 1973, que tem Fernando Coni Campos na direção e Jorge Ben Jor como protagonista.

“Música Preta no Brasil” faz parte da temática histórica da mostra de Ouro Preto. A CineOP se diferencia de outros eventos ligados ao cinema no Brasil pela divisão em três eixos: a vertente histórica, que é a mais popular, a preservação e a educação. “Nosso desafio é revisitar o passado com um olhar contemporâneo”, afirma Hallak.

O festival terá uma série de discussões em torno do Plano Nacional de Preservação Audiovisual, o PNPA. A expectativa dos organizadores é que, ao final da CineOP, seja apresentada uma nova versão do projeto.

Em sua parte voltada à educação, a mostra vai se concentrar em debates sobre a seara digital, com enfoque em métodos associados à tecnologia e ao cinema.

Ouro Preto verá a primeira exibição de “Baile Soul”, documentário recém-concluído que lembra as equipes de som, os DJs e os produtores que promoviam as festas ao som de James Brown e outros nomes da black music na periferia do Rio de Janeiro.

“O funk e o hip hop foram influenciados pelo soul dessa época, que fazia muito sucesso nesses bailes. As festas chegavam a receber 15 mil pessoas”, diz Cavi Borges, diretor de filmes como “Fado Tropical”, de 2019. “Além de se divertir, os negros se reuniam nesses lugares para falar sobre política.”

Em meio a essa onda soul, surgiram cantores como Gerson King Combo, Carlos Dafé e, claro, Tony Tornado.

O jornalista viajou a convite da organização do evento.

NAIEF HADDAD / Folhapress

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