Hoje, dia 19 de julho, é comemorado o Dia Nacional do Futebol.
Esporte mais popular do país e paixão nacional, o Futebol faz parte da vida de quase todos os brasileiros e brasileiras: seja porque jogam profissionalmente, seja porque batem aquela bolinha despretensiosa com os amigos por diversão, ou porque torcem para algum time do coração e não perdem uma partida por nada!
O Futebol nasceu na Inglaterra, em 1863, e alguns historiadores dizem que foi introduzido oficialmente como esporte no Brasil pelo futebolista Charles Miller, em 1894, depois dele passar 20 anos na Inglaterra e trazer para cá o material necessário (ou seja, as bolas!) para a prática da modalidade no país.
A data de 19 de julho foi escolhida e criada pela Confederação Brasileira de Futebol (a CBF), em 1976. O objetivo foi homenagear um time do Rio Grande do Sul, o Sport Clube Rio Grande, fundado em 19 de julho de 1900. Esse foi o primeiro time registrado como clube de futebol no Brasil e é o clube há mais tempo em atividade no país.
Nós temos diversos grandes nomes da música popular brasileira, que são apaixonados por futebol! Chico Buarque tem até um time para chamar de seu: o Politheama, fundado em 1979, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Por lá, já passaram diversos astros da nossa música – como Toquinho, Moraes Moreira e Alceu Valença – além de Bob Marley, outro apaixonado por futebol, que bateu uma bolinha com Chico quando passou pelo Brasil, em 1980.
Politheama – que no grego significa “muitos espetáculos” – era o time de botão que Chico Buarque fundou aos 15 anos e – depois – foi promovido a time de futebol de verdade.
Os Novos Baianos também tinham um time de futebol próprio, e – além de música – jogar futebol era uma das coisas que eles mais faziam no famoso sítio em que moravam juntos em Jacarepaguá. Até um dos discos da banda recebeu o nome de Novos Baianos F.C. (Futebol Clube), em 1973.
Apaixonado por futebol, Simonal foi até o México, acompanhar a seleção brasileira que virou tricampeã na Copa do Mundo de 1970, onde fez diversas apresentações. Já Elza Soares, se apaixonou quando foi acompanhar a seleção de 1962 no Mundial do Chile: foi ali que ela e Garrincha se conheceram.
Itamar Assumpção veio de Londrina pra São Paulo porque queria se profissionalizar no Santos Futebol Clube, o que – pra nossa sorte – não deu certo. Diogo Nogueira queria ser jogador de futebol, mas uma lesão no joelho o tirou dos campos e a música popular brasileira ganhou um grande artilheiro.
Diversos grandes nomes da nossa música também homenagearam o Futebol em suas canções. Abaixo, nós fizemos uma lista com alguns craques da música que homenagearam craques do futebol ou o esporte em si! Vamos relembrar algumas dessas composições?
1- É Uma Partida de Futebol – Skank (Samuel Rosa e Nando Reis) – 1996
“Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?”
Hino futebolístico atemporal, a canção, composta por Nando Reis e Samuel Rosa para o álbum O Samba Poconé, de 1996, tornou-se um dos maiores sucessos do Skank.
Mesclando fortes influências da banda mineira como o pop rock, o reggae e o ska, a dançante e animada É Uma Partida de Futebol fala do amor que o brasileiro sente pelo futebol e faz várias referências a elementos do esporte que é paixão nacional, como suas regras, a bandeira e a chuteira.
Com a canção, o Skank foi convidado a representar o Brasil no disco oficial da Copa do Mundo de Futebol de 1998: Allez! Ola! Olé!.
2- Eu Quero Ver Gol – O Rappa (Marcelo Falcão, Xandão, Marcelo Lobato, Lauro Farias e Marcelo Yuka) – 1996
Um dos grandes sucessos do grupo carioca O Rappa, Eu quero Ver Gol fala, não só da paixão nacional pelo futebol, mas também pelo Rio de Janeiro, exaltando elementos da cultura local como a praia, o chá mate, o biscoito Globo, o carnaval, os morros e as festas.
Composta por Marcelo Falcão, Xandão, Marcelo Lobato, Lauro Farias e Marcelo Yuka, e lançada no segundo álbum da banda – Rappa Mundi, de 1996 – a música reitera que o gol “não precisa ser de placa” (expressão comum no futebol para classificar gols bonitos que mereceriam, por isso, uma placa em homenagem) para fazer com que o time ganhe a partida e que a torcida fique animada.
Uma versão da canção que ficou mais conhecida, foi executada durante a gravação do Acústico MTV O Rappa, em 2005, um ano antes da Copa do Mundo na Alemanha.
3 – Brazuca – Gabriel O Pensador (Gabriel O Pensador, André Gomes e Ciro Cruz) – 1999
Antes da bola oficial da Copa do Mundo de Futebol de 2014 receber o nome Brazuca, Gabriel O Pensador já havia criado um personagem com o mesmo nome, que intitula uma das canções de seu álbum Nádegas a Declarar, de 1999.
Com a genialidade que lhe é característica, Gabriel usou (junto com seus parceiros de composição André Gomes e Ciro Cruz) o futebol – linguagem muito acessível para os brasileiros – para apontar a desigualdade e os problemas vividos pelos trabalhadores no nosso país, além de criticar o sistema educacional do Brasil.
A letra conta a história dos irmãos Brazuca e Zé Batalha, um jogador de futebol e um trabalhador que rala pesado para sustentar sua família: “Futebol não se aprende na escola. É por isso que Brazuca é bom de bola”.
A história termina de maneira trágica, com Zé Batalha morto após ser confundido com um bandido, enquanto Brazuca marca o gol que dá mais um título ao Brasil.
4 – Aqui é o País do Futebol – Milton Nascimento (Milton Nascimento e Fernando Brant) – 1970
“Brasil está vazio na tarde de domingo, né? / Olha o sambão, aqui é o país do futebol”
Milton Nascimento e Fernando Brant foram convidados pelos diretores Paulo Laender e Ricardo Gomes Leite para compor a trilha sonora do filme Tostão, a Fera de Ouro, sobre o jogador mineiro Tostão, considerado um dos grandes jogadores da história.
Aqui é o País do Futebol é um samba de estrutura moderna e com letra que exalta o poder e a força do esporte sobre os brasileiros, A canção embalou não só a Seleção Brasileira em 1970 – quando conquistou o Tricampeonato Mundial no México com uma equipe considerada uma das melhores de todos os tempos – como segue emocionando quem a escuta até os dias atuais.
A música também foi gravada por Wilson Simonal – um dos embaixadores da seleção de 70, amigo íntimo de Pelé de outros craques daquela geração – no disco México 70, e por Elis Regina, no álbum ao vivo Trem Azul, de 1982.
5 – Beto Bom de Bola – Sérgio Ricardo (1967)
“E foi pra copa buscar a glória / E fez feliz a nação no maior lance da história.”
A vida e a carreira de Mané Garrincha – um dos ídolos da geração do futebol, que garantiu para o Brasil os títulos das Copas de 1958 e 1962 – foram a inspiração para o cantor e compositor Sérgio Ricardo criar Beto Bom de Bola, em 1967.
Sérgio se apresentou com esta canção na terceira edição do Festival de Música Popular Brasileira, em 67. Mas não teve o mesmo destino de Gilberto Gil e Caetano Veloso, consagrados por suas apresentações de Domingo no Parque e Alegria, Alegria.
As vaias – de um público que considerava a canção alienada por falar de futebol – o impediram de continuar a performance da música. Após falar “Você venceram!”, o compositor levantou enfurecido e quebrou seu violão na frente de todos, sendo desclassificado da competição.
Mas Beto Bom de Bola é uma música extremamente política, que fala da nossa hipocrisia: de um ídolo do futebol que faz enorme sucesso na Copa do Mundo e depois é completamente esquecido. É o retrato de tantos ídolos que a gente idolatra hoje e esquece amanhã.
“E foi-se a copa, foi-se a glória / E não se ouviu mais falar do maior craque da história.”
6 – Um a Zero – Pixinguinha e Benedito Lacerda – 1919
Um a Zero, composição de Pixinguinha e Benedito Lacerda, pode ter sido a primeira gravação nacional dedicada ao futebol. Lançado em 1919, o choro instrumental comemora uma histórica vitória da seleção brasileira sobre o Uruguai, na final do Campeonato Sul-Americano daquele ano (hoje conhecido como Copa América).
A vitória, pelo placar final de 1 a 0, marcou o primeiro título brasileiro da competição e Um a Zero, gravada pela primeira vez em 1946, traduz musicalmente os acontecimentos daquela histórica partida de futebol.
Anos depois, o compositor Nelson Ângelo – violonista do Clube da Esquina – fez uma nova versão do choro, agora acompanhado de uma letra que fala sobre a história do futebol e a paixão do brasileiro pelo esporte.
“São onze de cá, onze de lá / E o bate-bola do meu coração”
7 – O Campeão (Meu Time) – Neguinho da Beija-Flor – 1979
O sambista, puxador de samba, intérprete musical, cantor e compositor Neguinho da Beija-Flor foi muito esperto no que diz respeito a compor algo para homenagear o futebol: sua canção O Campeão (Meu Time), de 1979, é um samba exaltação ao seu time do coração, mas em nenhum momento ele dá nome ao time. O resultado é que diversas torcidas organizadas, de diferentes clubes do país, adotaram o refrão como um de seus cantos.
“Domingo, eu vou ao Maracanãããã! / Vou torcer pro time que sou fãããã!!!”
8 – Jorge Ben Jor – Ponta de Lança Africano (Umbabarauma) (1972)
Jorge Ben Jor sempre foi um apaixonado por futebol, e talvez o seja o compositor brasileiro que mais escreveu sobre a paixão nacional. Isso se reflete em vários de seus sucessos.
Seu álbum África Brasil, de 1976, já abre com a faixa Ponta de Lança Africano (Umbabarauma), que conta a história de um jogador africano que o cantor e compositor carioca viu jogar. A canção foi regravada para a Copa de 2010, na África do Sul, com a participação de Mano Brown.
“Olha que a cidade toda ficou vazia / Nessa tarde bonita só pra te ver jogar! / Umbabarauma homem-gol!”
9 – Jorge Ben Jor – Fio Maravilha (1976)
Já a canção Fio Maravilha foi composta por Jorge Ben Jor e lançada pela mineira Maria Alcina, que venceu o Festival da Canção da TV Globo, em 1972. Ela homenageia um jogador do Flamengo, seu time do coração – João Batista de Sales – que tinha o apelido que dá título à canção.
O motivo do apelido tem duas versões: a primeira é pelo jogador ter sido sempre muito magrinho e a outra vem do fato das mães no interior chamarem os filhos de “fio”. O “Maravilha” vem da habilidade do jogador em campo.
O que inspirou a composição foi uma partida nesse mesmo ano, entre Flamengo e o Benfica, de Portugal. O jogo estava empatado quando Fio Maravilha – Camisa 9 – entrou em campo e, após driblar vários adversários, fez um gol que entrou para a história, em pleno Maracanã, considerado um templo sagrado do futebol.
“Sacudindo a torcida aos 33 minutos do segundo tempo / Depois de fazer uma jogada celestial em gol”
Acontece que o jogador entrou na justiça, exigindo o pagamento de direitos autorais pelo uso do apelido, fazendo com que a letra de Jorge Ben Jor fosse mudada para “Filho Maravilha”. Anos depois, o jogador voltou atrás e aceitou a homenagem.
10 – Jorge Ben Jor – País Tropical (1969)
Outro imenso sucesso em que Jorge Ben Jor homenageia seu time do coração é a canção País Tropical, praticamente um hino brasileiro, lançada brilhantemente por Wilson Simonal, em 1969: “Sou Flamengo e tenho uma nega chamada Tereza.”.
11 – Meio de Campo – Gilberto Gil – 1973
Voltando de Londres após o exílio forçado por conta da ditadura militar, Gilberto Gil compôs, no ano de 1972, uma homenagem ao amigo Afonsinho, ex-meia do Fluminense e do Botafogo, que tinha uma combativa postura contra o regime militar instaurado no Brasil desde 1964. e que também chegou a ser preso no período, como Gil.
Em Meio de Campo, o baiano apresenta – com sua genialidade habitual – versos que fazem referência tanto ao esporte como ao momento político vivido. Lançada também com sucesso por Elis Regina – no álbum Elis, de 1973 – a música faz referência a outros ídolos dos gramados como Pelé e Tostão.
12 – Canhoteiro – Fagner e Zeca Baleiro – 2003
Ídolo do São Paulo e da Seleção Brasileira, o jogador José da Ribamar de Oliveira, conhecido como Canhoteiro, foi homenageado em uma composição presente no álbum de Zeca Baleiro e Fagner, de 2003, mas também conta com Fausto Nilo e Celso Borges como autores da música.
A canção fala do jeito irreverente e malandro de um dos maiores jogadores da história do Tricolor paulista, que foi comparado a Garrincha. Maranhense – como Zeca Baleiro – e com o mesmo nome de batismo de Zeca (Ribamar), Canhoteiro foi revelado no Ceará – terra de Fagner.
13 – O Futebol – Chico Buarque – 1989
Apaixonado por futebol, como já contamos, e pelo Fluminense, Chico Buarque lançou – em 1989, a canção O Futebol, que que faz – além de referências ao universo do esporte – uma homenagem a seus ídolos:
“Para Mané
Para Didi, para Mané
Quando é para Didi, para Mané
Para Didi, para Pagão
Para Pelé e Canhoteiro”
14 – Coríntia, Meu Amor é o Timão – Adoniran Barbosa
Um dos maiores representantes da cultura paulistana de todos os tempos, Adoniran Barbosa também tinha o seu time paulistano do coração. E declarou o seu amor ao Timão quando compôs o samba Coríntia, Meu Amor é o Timão:
“Belém, Vila Maria e Mooca
E São Paulo extensão
Mogi, Guarulhos, Itaquera
Tudo vibra Coringão
É o Corintia de nóis tudo
É paulista é campeão”
15 – Geraldinos e Arquibaldos – Gonzaguinha (1975)
Gonzaguinha lançou a canção Geraldinos e Arquibaldos em plena ditadura militar, no ano de 1975, no seu disco Plano de Vôo. Falando com carinho e amarga esperança da expectativa dos frequentadores das gerais e das arquibancadas dos estádios de futebol, o filho de Luiz Gonzaga se esquivava das garras da censura com um samba irônico e divertido, cuja sinuosidade da letra traz uma homenagem às pessoas humildes que frequentam os estádios nos lugares mais simples, lançando mão de expressões típicas do esporte mais popular do país, como “cama de gato”, e outros ditos populares, como “angu que tem caroço”, mas para falar também do momento político que o Brasil vivia.
“Olha cama de gato / Olha a garra dele / É cama de gato
Melhor se cuidar / No campo do adversário / É bom jogar com muita calma
Procurando pela brecha / Pra poder ganhar”
16 – Sou Ronaldo – Marcelo D2 (2006)
Um dos maiores jogadores brasileiros de todos os tempos, Ronaldo, o “Fenômeno”, ganhou de Marcelo D2 (em parceria com Bruno Berti) a canção Sou Ronaldo. A música entrou como faixa bônus da edição brasileira do disco da FIFA de 2006 e como faixa extra de uma edição especial do álbum Meu Samba É Assim, de D2.
A canção mistura a cadência do samba com o ritmo falado do rap e foi feita pelo músico a pedido do do próprio amigo e jogador.