SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Descendente de japoneses, a atriz Ana Hikari, de “As Five” e “Quanto Mais Vida, Melhor”, já tinha levantado a questão. Ke Huy Quan, ator de origem vietnamita que levou o Oscar de coadjuvante este ano, também: “Quando você é asiático, é cem vezes mais difícil ser escalado, ter bons papéis”, disse ele, em entrevista pouco antes da consagração.
No elenco de “Os Outros” (Globoplay), Pedro Ogata, 17, reforça o coro e pede maior representatividade asiática na produção brasileira. Ele, que interpreta um jovem truculento (e que não tem sua ascendência oriental explorada), comemora o fato de, na série, o estereótipo ter sido deixado de lado.
“Quantas vezes ainda vamos fazer o asiático que vende pastel e fala enrolado? Eu sou brasileiro, eu posso fazer qualquer outro papel”, afirma, em entrevista ao Terra. “Meu personagem agora, o Souza, é um exemplo de como isso está mudando. Não precisaram explorar minha descendência para criar esse personagem”, diz o ator.
Pedro integra o projeto Somos Brasileiros, formado por um grupo de artistas amarelos, e que tem como objetivo desmistificar preconceitos e criar uma rede de apoio de divulgação e indicação para trabalhos bacanas. Para o ator, as coisas começam a tomar o rumo certo, mas ainda há muito a melhorar. Por que não há um protagonista de novela asiático, por exemplo?
“Já está mais do que na hora” [de isso acontecer], diz. “Acredito que não vá demorar. Estamos num tempo em que as pessoas estão finalmente abrindo os olhos para toda a covardia e injustiça do eurocentrismo. Nós vamos esperar, mas espero que não demore. Estamos em 2023”.
Redação / Folhapress