São Paulo registra o maior número de mortes por dengue em 8 anos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O número de mortos por dengue na cidade de São Paulo, de janeiro até o dia 13 de julho de 2023, é o maior em oito anos, segundo dados da Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde), órgão ligado à Secretaria Municipal da Saúde.

Em 2023, no período, dez pessoas perderam a vida pela doença. No ano epidêmico de 2015, também de janeiro a julho, houve 25 mortes; em 2016, a cidade de São Paulo teve oito óbitos.

Em relação aos casos de transmissão local de de dengue, de 1º de janeiro a 13 de julho deste ano, o município somou 11.444. O número é 3,7% maior do que o registrado no mesmo período de 2022, quando houve 11.032 confirmações da doença.

O crescimento foi de 62%, se comparado ao mesmo período de 2021 (7.061 casos) e 509,37%, em relação a 2020 (1.878), anos da pandemia de Covid.

Na cidade, o CI (coeficiente de incidência) —critério do Ministério da Saúde para a classificação desse tipo de doença em relação à população— está em 95,7, muito próximo do que significa um nível médio de incidência por 100 mil habitantes. Valores acima de 300 são considerados epidemia –Vila Guilherme, na zona norte, tem 329,6.

Para Álvaro Costa, diretor da Sociedade Paulista de Infectologia, a dengue deve ser uma preocupação do ano inteiro.

“Infelizmente, estamos vendo nos últimos anos um aumento de casos e mortes por dengue no Brasil de uma forma que vai um pouco contra aquela história de que a doença era mais concentrada em alguns meses. Estamos vendo casos fora dos períodos habituais”, afirma.

“Estamos pagando um preço pela urbanização desenfreada, conglomerados populacionais, acumulo de água parada, falta de controle do vetor, não temos no SUS uma vacina disponível para a dengue. Tudo isso colabora para que a doença seja sempre endêmica e cada vez mais grave”, comenta.

O coordenador da Covisa, Luiz Artur Caldeira, explica que, na cidade de São Paulo, desta vez houve um adiantamento da sazonalidade, ou seja, os casos começaram a ocorrer dois meses antes do esperado —cenário diferente dos anos anteriores.

“O aumento de casos e mosquitos é proporcional e ocorre em março, abril e maio, quando ainda temos chuvas e calor. Neste ano, o volume de casos previsto para março se antecipou para janeiro e fevereiro. Geralmente, em março, atingimos 600 e até 1.000 casos de dengue. Em janeiro, tivemos 549 casos positivos”, explica.

“Ainda não é possível afirmar se o mosquito está mudando o comportamento ou o motivo se relaciona a outros fatores, como o climático”, afirma Caldeira, ressaltando que o término da sazonalidade, com a chegada do frio e o fim do período chuvoso, ocorre dentro do esperado.

Caldeira afirma que a prefeitura acompanhou a tendência e antecipou para janeiro as ações de intensificação do combate ao mosquito Aedes aegypti, que normalmente começam em março.

O combate ao vetor da doença é o foco do trabalho no primeiro semestre. No inverno, quando cai a proliferação do mosquito, é feita a a avaliação de densidade larval. As equipes de zoonoses da cidade procuram por recipientes de água e coletam as larvas para avaliação.

“Com esse trabalho podemos observar em quais pontos da cidade ainda temos proliferação do Aedes e também se há mosquitos contaminados em alguma região. Com isso, conseguimos direcionar as ações preventivas de novembro e dezembro, que é o casa a casa —principalmente para orientação e prevenção.

Até 14 de julho, 245 pessoas morreram em decorrência da dengue no estado —9,59% menos que o mesmo período do ano anterior, quando 271 pessoas perderam a vida pela doença.

Presidente Prudente, Taquaritinga, São Paulo, Bauru, Ribeirão Preto e Lins são os municípios com mais óbitos, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde.

Em relação aos casos, foram 293.748. O número representa uma redução de aproximadamente 6% se comparado ao ano passado, quando totalizou 312.800 ocorrências.

Em 2023, as cidades com mais casos de dengue no estado são Presidente Prudente, Bauru, São Paulo, Ribeirão Preto e Campinas.

IDOSOS E DOENTES CRÔNICOS PODEM TER DENGUE GRAVE

A dengue é uma doença infecciosa febril aguda, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Ela pode ser benigna ou grave.

Os principais sintomas são febre alta —acima de 38°C—, dor no corpo, na cabeça, atrás dos olhos e nas articulações, mal-estar, falta de apetite e manchas vermelhas no corpo.

Dor abdominal importante, sangramento, sonolência, confusão mental, alterações neurológicas, rebaixamento do nível de consciência, diminuição da diurese e hipotermia indicam a gravidade da doença são. Se benigna, na maioria dos casos, é curada com hidratação.

“Idosos e pessoas com comorbidades têm mais chance de evolução para a forma mais grave da doença”, explica o infectologista Álvaro Costa.

PATRÍCIA PASQUINI / Folhapress

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