Você conseguiria calcular quantas vezes você já agradeceu alguém ou algo que te aconteceu nos últimos tempos? Pois é, por incrível que pareça a gratidão é algo super importante para o cérebro humano. E mais do que agradecer alguém, ser grato por quem você é, faz com que as estruturas do seu cérebro sejam diferentes, é quase terapêutico.
A pesquisadora Melaine Klein, na década de 1950, mostrou que a gratidão é essencial na construção da relação com o objetivo bom e fundamenta a apreciação da bondade nos outros. Para ela, a gratidão é a protetora dos sentimentos amorosos, é a aceitação, o reconhecimento e a satisfação do fato de que algo bom foi recebido. Do ponto de vista fisiológico, a gratidão é um dos sentimentos que ajudam o corpo a liberar serotonina, o hormônio do bem-estar.
A verdade é que nos últimos anos tem crescido a popularidade do termo “gratidão” a ponto de muitos criticarem essa expressão. Afinal, vivemos a geração digital, conectada e tudo se transforma em #gratidão.
Além de promover saúde física e mental, outras evidências mostram que a gratidão oferece alguns outros benefícios tais como: melhora do estado de atenção, segurança na tomada de decisões, facilidade nas relações interpessoais, redução de sintomas depressivos e construção de resiliência ao longo da vida. Através da gratidão, as pessoas encontram maior satisfação com a vida e lidam melhor com as adversidades. Assim, a gratidão propicia o desenvolvimento saudável de recursos psicológicos e sociais humanos, estando também relacionada a comportamentos pró-sociais, ou seja, pessoas mais gratas se envolvem mais em ações de auxílio ao próximo.
Quando praticamos a gratidão, deixando que ela dê o tom de nossos pensamentos e sentimentos, ativamos o sistema de recompensa do cérebro, localizado numa área chamada Núcleo Accumbens. Esse sistema é responsável pela sensação de bem-estar e prazer do nosso corpo. O que acontece nesse momento é que o
cérebro identifica que algo de bom aconteceu, que recebemos uma benção da vida, que temos motivos para comemorar, e ele libera dopamina, um importante neurotransmissor que aumenta a sensação de prazer. Paralelamente a isso, por outra via neural a glândula pituitária estimula o hipotálamo a produzir e liberar a ocitocina na corrente sanguínea, uma substância que estimula o afeto, traz tranquilidade, reduz a ansiedade, o medo e a fobia. É por isso que as pesquisas mostram que as pessoas que praticam diariamente a gratidão são mais otimistas, satisfeitas com a vida, tem mais vitalidade.
Se pela produção de neurotransmissores como dopamina, ocitocina e serotonina já valeria a pena ser grato, imagina incluir a longevidade maior nesta equação. A gratidão é um dos sentimentos mais valiosos do ponto de vista neurofisiológico, já que estimula diversas áreas do cérebro, melhorando a qualidade de vida potencialmente.
Então, você já sabe, quando for reclamar de algo ruim no seu cotidiano, pense se não vale a pena agradecer pelas coisas boas da vida, e pensar que a vida em si já é um grande presente para sermos gratos.