São Paulo ‘encarna’ Libertadores e chega em final que nem elenco acreditava

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O São Paulo voltou à decisão da Copa do Brasil após 23 anos em noite com “clima de Libertadores”, eliminação de rival e apoio incessante de mais de 62 mil torcedores no Morumbi. Há quatro meses, a vaga em uma final não era nem imaginada dentro do vestiário.

O QUE ACONTECEU

A torcida organizou uma verdadeira festa para impulsionar a equipe em busca da vaga na final pelo título inédito. O time tricolor precisava de uma vitória sobre o Corinthians por 2 a 0 após a desvantagem do jogo de ida e contou com o apoio em peso da torcida desde a saída do CT da Barra Funda até a chegada no estádio.

Foi o maior público dos últimos oito anos no Morumbi, desde os 66 mil que lotaram a casa são-paulina nas oitavas de final da Libertadores de 2015. A atmosfera para a partida da Copa do Brasil relembrou a mobilização e identificação da torcida em jogos decisivos do torneio continental.

O técnico Dorival Júnior afirmou que a recepção dos torcedores impressionou e que a energia motivou o elenco. “Não vi isso acontecer em lugar nenhum”, disse o experiente treinador na coletiva pós-classificação.

O São Paulo correspondeu em campo e logo nos primeiros minutos já deu início à busca pela virada. Enquanto os jogadores “davam a vida” no gramado, a arquibancada lotada empurrava no volume máximo.

A classificação foi construída ainda no primeiro tempo, mas a torcida seguiu vibrante até o apito final. O Morumbi explodiu em êxtase após a confirmação da vaga que garantiu presença na decisão que o clube só disputou uma única vez, em 2000 —quando ficou com o vice-campeonato ao ser derrotado pelo Cruzeiro.

“Nunca vi o Morumbi dessa maneira, a torcida como estava hoje. Nem na final da Sul-Americana [de 2012] estava assim. A emoção que vivi hoje foi algo fantástico, vai ficar marcado na minha vida”, afirmou Lucas, na zona mista.

ELENCO DESACREDITAVA

Dorival afirmou que os próprios jogadores não acreditavam que poderiam chegar em uma final neste ano. O técnico assumiu o cargo no final de abril, após a saída do ídolo Rogério Ceni do posto e em meio a uma crise interna no clube, e endireitou os rumos da temporada em poucos meses de trabalho.

Ele revelou percebeu desconfiança no elenco quando afirmou na primeira conversa que disputariam pelo menos uma decisão de torneio. “Nem eles confiavam que isso pudesse acontecer. Quando falei, um olhou para o outro, pensando: ‘Esse cara está louco, estamos brigando para ajustar a equipe, vivendo momento conturbado’. Existia uma certa insegurança, o que é normal”, disse.

Quatro meses depois, Dorival saiu do Morumbi com a sensação de dever cumprido — pelo menos com relação ao “primeiro objetivo”. “Espero que não percam essa gana de buscar mais resultados. O que vai ser daqui para a frente vai depender muito de merecimento, de preparação, de entrega e de comprometimento da nossa equipe”, destacou.

O São Paulo ainda segue vivo na Sul-Americana e também conquistou a classificação às quartas de final com uma virada —em outra noite de festa no Morumbi. Além disso, o time tricolor é o único brasileiro que segue em três competições e disputa as quartas do torneio continental contra a LDU antes das finais da Copa do Brasil.

ANDRÉ MARTINS E EDER TRASKINI / Folhapress

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