Lula demite mais uma mulher, ignora diversidade e perde patamar recorde

SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Para atrair mais partidos do centrão para o governo federal, o presidente Lula (PT) demitiu nesta quarta-feira (6) um das poucas mulheres que restam no primeiro escalão na Esplanada.

Com a saída de Ana Moser do comando da pasta de Esportes, Lula tem agora um time com 9 mulheres e 29 homens. Daniela Carneiro já havia sido demitida para abrir espaço à nomeação de Celso Sabino, da União Brasil no Turismo.

O petista, que ensaia indicar um homem para a vaga de Rosa Weber no STF (Supremo Tribunal Federal), foi eleito com o discurso de fazer um governo que contemplasse a diversidade de cor e raça do país.

Antes da Esplanada inicial de Lula, com 11 ministras, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) era a que mais teve mulheres no seu primeiro escalão. Simultâneas, foram 10 em 37 pastas (27%).

O número de Lula 3, mesmo com a demissão da ex-jogadora de vôlei e de Daniela Carneiro, representa um aumento expressivo em comparação com o seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).

No primeiro escalão da reta final da gestão de Bolsonaro, havia apenas uma mulher em 1 das 23 pastas: Cristiane Rodrigues Britto, à frente do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.

Bolsonaro não deu prioridade em sua administração para compor uma equipe diversa. Ele é adepto do discurso de que esse tipo de preocupação com representatividade é “mimimi”.

Situações semelhantes ocorreram nos demais governos do período democrático. José Sarney teve apenas uma mulher em seu governo: Dorothea Werneck no Ministério do Trabalho. Fernando Collor de Mello teve à frente da Economia Zélia Cardoso de Mello.

Embora com um mandato curto após o impeachment de Collor, Itamar Franco nomeou duas mulheres: Margarida Coimbra do Nascimento para Transportes e a gaúcha Yeda Crusius na pasta do Planejamento.

Fernando Henrique Cardoso teve em seus dois mandatos Cláudia Costin –que integrou a equipe de transição de Lula– no Ministério da Administração e Reforma do Estado. Ele também escalou Dorothea Werneck para a pasta da Indústria e Comércio.

Ao assumir o Planalto após o impeachment de Dilma, o ex-presidente Michel Temer começou sua gestão sem mulheres no comando de ministérios, sendo duramente criticado por isso. Ele chegou a ter o Ministério dos Direitos Humanos dirigido por Luislinda Valois, mas terminou seu governo apenas com Grace Mendonça na Advocacia-Geral da União.

MINISTRAS NO GOVERNO LULA

Esther Dweck (PT) – Ministério da Gestão e Inovação

Cida Gonçalves (PT) – Ministério das Mulheres

Nísia Trindade (sem partido) – Ministério da Saúde

Margareth Menezes (sem partido) – Ministério da Cultura

Anielle Franco (sem partido) – Ministério da Igualdade Racial

Simone Tebet (MDB) – Ministério do Planejamento

Luciana Santos (PC do B) – Ministério da Ciência e Tecnologia

Marina Silva (Rede) – Ministério do Meio Ambiente

Sonia Guajajara (PSOL) – Ministério dos Povos Originários

Redação / Folhapress

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