Gusttavo Lima vai do conservadorismo ao pop para se manter no topo

ITU, SP (FOLHAPRESS) – Gusttavo Lima subiu no palco do Rodeio Itu Festival para encarar um público misto. Tanto os clássicos chapéus de caubói feitos de pelo ou palha, de uma geração mais velha, quanto os mais novos, cobertos com glitter e paetês, se animaram para receber o cantor na madrugada deste sábado.

O festival está em sua edição comemorativa de 15 anos e começou, no início da noite, com um concurso chamado de prova dos três tambores. Os participantes, que competiam na categoria mirim e geral, montavam em seus cavalos e impressionavam o público ao correr e desviar de latões.

Mas a plateia só começou a ficar cheia por volta da meia-noite, quando se aproximava o horário do show do cantor, conhecido como “o embaixador”.

Lima, vestindo seu próprio chapéu, sabia que era a estrela da noite e subiu no palco com três perguntas na ponta da língua: “Cadê a torcida do Corinthians? Cadê a torcida do São Paulo? E a torcida do embaixador?”

A torcida de Lima era diversa como sua carreira e, de adolescentes a senhoras, todos entoaram os hits dos quase 15 anos de carreira do cantor, que estreou em 2009 com um álbum autointitulado.

Musicalmente, Lima soube desde cedo percorrer num mercado musical que, apesar de ter um público com a pecha de conservador, também procura pela novidade. O cantor foi um dos responsáveis por abraçar estilos como o arrocha e a bachata dentro do sertanejo.

Mas ele não deixa de lado o sertanejo tradicional, que mostra com a série Buteco do Gusttavo Lima, onde canta suas composições autorais mais puxadas para o lado romântico e também faz covers de artista do gênero.

O show em Itu contou com a fase “buteco”. Foi quando Lima entoou clássicos como “Seu Amor Ainda É Tudo”, de João Mineiro & Marciano, e “Telefone Mudo”, do Trio Parada Dura.

O conservadorismo de Gusttavo Lima, que fez campanha para o ex-presidente Jair Bolsonaro em sua tentativa de reeleição, também se mostra na pose de bom-moço que embala boa parte dos hits do cantor, como “Ficha Limpa” e “Desejo Imortal”. Nas historias que ele canta, a culpada é sempre de seu amor ou ex-amor, a parte irresponsável e inconsequente da relação.

Mas o cantor também tem um lado irreverente e uma faceta que se conecta com a fatia mais jovem de seu público, que ele mostra principalmente com comentários cômicos no palco e com seus hits mais novos, como a recente “Canudinho”, fruto de uma parceria com Ana Castela.

Durante a performance de “Oi Vida”, dueto com Wesley Safadão, o cantor deu até uma alfinetada no jornalista Léo Dias, dedicando a música a ele por conta de sua letra –“oi vida/ fiquei sabendo que cê fala da minha vida”.

O cantor esbanjou grandes faixas de todas as fases de sua carreira –do megahit “Balada”, de 2011, à mais recente “Termina Comigo Antes”, de 2022– e até mesmo esnobou algumas. As grandes “Fui Fiel” e “Apelido Carinhoso”, por exemplo, ficaram de fora da setlist.

Com uma carreira que gira em torno de apresentações em rodeios e feiras de agronegócio, Lima tira de letra o domínio de um público que tem diferenças etárias, mas também muitos denominadores comuns.

É uma plateia interiorana, criada à base de sertanejo e que se difere um pouco dos públicos de grandes cidades. Exemplo disso são os telões, que, antes do show, mostravam propagandas de clubes de tiros e veículos agropecuários.

Com carisma, diversidade de ritmos e sem tocar nas polêmicas que cercaram sua carreira, Lima deu um belo exemplo de como se manteve no topo da cadeia do sertanejo pelos últimos 15 anos.

AMANDA CAVALCANTI / Folhapress

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