Hoje, o pianista, tecladista, compositor, arranjador musical e produtor paulistano César Camargo Mariano completa 80 anos! Um dos maiores pianistas e arranjadores brasileiros e um dos músicos brasileiros mais requisitados e celebrados em todo o mundo, César desenvolveu uma expressiva e aclamada carreira na área musical desde seus 16 anos de idade.
Saiba mais sobre sua vida e carreira:
César Camargo Mariano
Autodidata, aos 14 anos passou a ser apresentado como “menino prodígio” em espetáculos em que acompanhava bandas de jazz. Logo, passou a atuar como profissional na Orquestra do maestro William Furneaux, e em 1962, formou o grupo musical Três Américas.
No início dos anos 60, o jovem pianista, ainda adolescente, já impressionava com seu swing, característica e habilidade de sua hoje legendária mão esquerda. Integrou também o Quarteto de Sabá, com quem gravou o seu primeiro álbum.
Em seguida, montou o grupo Sambalanço Trio, ao lado de Airto Moreira e Humberto Claiber, com quem gravou cinco LPs, um deles com o cantor e bailarino Lennie Dale.
Jazz com samba
No fim da década de 1960, César Camargo Mariano foi contratado pela TV Record de São Paulo, onde trabalhou como instrumentista/arranjador e gravou vários discos com seu novo grupo, o instrumental Som Três, que misturava jazz com samba.
Formado para servir de banda de apoio para o cantor Wilson Simonal, o grupo resolveu fazer voo solo em 1969, lançando o LP “Um é pouco, Dois é bom, este Som Três é demais”. O Som Três também é conhecido pela faixa Irmãos Coragem, que foi tema da novela de mesmo nome, exibida pela Rede Globo, em 1970.
César participou também como jurado dos famosos festivais de música da Record. Na mesma época, entrou no mercado de jingles e canções para cinema e propaganda.
A criação da “Pilantragem”
Dedicou-se, por muitos anos, como arranjador e produtor de Wilson Simonal. Juntos, César e Simonal criaram o que chamaram posteriormente de Pilantragem: uma mistura de samba, iê-iê-îê e soul, constituindo-se em um verdadeiro movimento, comandado por Wilson Simonal, Carlos Imperial e Nonato Buzar.
Unindo influências da Bossa Nova, do samba, da nascente música soul americana, do jazz, da música de protesto e do rock que se já fazia por aqui na época, sem perder a qualidade, mas fazendo um som que era diferente de tudo isso, e que eles definiam como “mais comunicativo” – isto é – que se comunicasse melhor com as massas, que fosse mais popular, a elaboração de arranjos e repertórios buscava a união do bom gosto com a comunicação imediata.
Entre as canções famosas na voz de Simonal nesta época, estão os sucessos:
- Carango (composição de Imperial e Buzar);
- Mamãe Passou Açúcar em Mim (de Carlos Imperial);
- e Meu Limão, Meu Limoeiro
Parceria na vida e na música de César Camargo Mariano e Elis Regina
Em 1967, Simonal compôs – com Ronaldo Bôscoli – a música que viria a ser um hino da luta contra o preconceito racial: Tributo a Martin Luther King, grande ícone e referência na luta pelos direitos civis americanos. César Camargo Mariano fez os arranjos e a canção foi gravada em compacto no mesmo ano, mas só pôde ser lançada quatro meses depois, por conta da censura.
No fim de 1970, Simonal lançou o compacto “A Tonga da Mironga do Kabuletê” (composição de Vinicius de Moraes e Toquinho), última música do cantor arranjada por César Camargo Mariano e a última canção na qual Simonal foi acompanhado pela banda Som Três.
Nos anos setenta, César Camargo Mariano iniciou uma bem-sucedida parceria – na música e na vida com Elis Regina – e logo após casou-se com ela e tiveram dois filhos: os hoje cantores Pedro Mariano e Maria Rita.
O pianista atuou como diretor musical, produtor e arranjador da cantora, excursionando pelo Brasil e por vários países. O hoje histórico álbum Elis & Tom (1974) teve a participação de Cesar Camargo Mariano como arranjador, pianista e diretor musical.
O primeiro brasileiro a utilizar teclado sintetizador nos seus arranjos musicais
César também participou de trabalhos com Chico Buarque, Maria Bethânia, Jorge Ben Jor, João Bosco, Beth Carvalho, Caetano Veloso, Ivan Lins, Gal Costa, Milton Nascimento, Simone, entre outros grandes artistas da nossa música popular brasileira. Na década de oitenta, gravou dois discos considerados históricos: Samambaia (1981), com o guitarrista Hélio Delmiro, e Voz e Suor (1983), com a cantora Nana Caymmi.
Em 1987, sua música instrumental Mitos foi usada como tema de abertura da telenovela Mandala, de Dias Gomes, na Rede Globo. Ainda nesta década, apresentou o programa Um Toque de Classe, na Rede Manchete.
César Camargo Mariano foi o primeiro brasileiro a utilizar teclado sintetizador nos seus arranjos musicais.
Carreira Internacional
Completando oito décadas de vida hoje, o artista continuou atuando como arranjador, produtor, compositor e pianista no Brasil até 1994, quando se mudou para os Estados Unidos. César tem colaborado com grandes nomes internacionais, desde a música clássica até o jazz.
Mesmo nos EUA, continua em contato permanente com os maiores nomes da MPB, dirigindo e produzindo discos e espetáculos. Entre suas mais de 200 composições, figuram as hoje clássicas Samambaia, Cristal e Curumim.
Entre vários prêmios nacionais e internacionais, César Camargo Mariano recebeu dos diretores da Academia de Artes e Ciências o prêmio especial Lifetime Achievement Latin Grammy Award 2006, em reconhecimento à importância do conjunto de sua obra.
Em 2007, o artista ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira, com seu disco Ao Vivo (com Leny Andrade).
Viva, César Camargo Mariano e sua contribuição para a nossa música!