Processo contra Amazon acirra batalha entre governo americano e big techs

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Processo contra Amazon acirra batalha entre governo americano e big techs, dona do ChatGPT pode se tornar uma das startups mais valiosas do mundo e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (27).

**EUA PROCESSAM MAIS UMA BIG TECH**

A Comissão Federal de Comércio (FTC) dos EUA e 17 estados americanos entraram com um processo antitruste nesta terça contra a Amazon.

Em uma ação esperada há algum tempo, as autoridades acusam a gigante do varejo de prejudicar vendedores e concorrentes e de inflar preços aos consumidores com as políticas de sua plataforma. As ações da empresa recuaram 4% no dia.

O QUE DIZ A ACUSAÇÃO

Que a Amazon exerce uma espécie de monopólio ao punir vendedores que oferecem preços mais baixos que ela, reduzindo a visibilidade deles no site.

As autoridades também afirmam que a varejista “força” os vendedores a usarem seu serviço de logística para que seus produtos apareçam na aba de assinaturas Amazon Prime.

O QUE DIZ A AMAZON

Que o processo da FTC está errado “no mérito e na lei” e prejudicaria os consumidores ao resultar em preços mais altos e entregas mais lentas.

“As práticas que a FTC está contestando ajudaram a impulsionar a concorrência e a inovação na indústria varejista e produziram maior variedade de produtos, preços mais baixos e velocidades de entrega mais rápidas para os clientes da Amazon”, disse um representante da empresa.

POR QUE IMPORTA

Esse processo se soma a outras investidas de autoridades americanas contra big techs, a quem o governo acusa de praticar monopólio. Veja quem mais foi alvo:

– Google: o Departamento de Justiça moveu dois processos contra a big tech, um por suposto monopólio no sistema de buscas –que está em julgamento– e outro que alega domínio no mercado de publicidade digital.

– Meta: a FTC acusou a dona do Facebook de promover uma estratégia para eliminar ameaças ao seu monopólio quando comprou WhatsApp e Instagram, mas teve seu argumento negado pela Justiça.

– Microsoft: a agência americana tentou barrar a compra da produtora de games Activision Blizzard pela big tech, mas novamente perdeu nos tribunais.

**DONA DO CHATGPT PODE VALER ATÉ US$ 90 BI**

A OpenAI, empresa dona do ChatGPT, está conversando com investidores do Vale do Silício para uma oferta que a avaliaria em um patamar entre US$ 80 bilhões e US$ 90 bilhões, de acordo com fontes ouvidas pelo Wall Street Journal.

A transação seria feita via venda de ações de funcionários da empresa, ou seja, a grana não entraria no caixa da startup.

EM NÚMEROS

Caso a avaliação da OpenAI seja confirmada no patamar citado pelo jornal americano, a startup veria seu valor de mercado se multiplicar em até três vezes em menos de um ano.

Em abril, ela levantou US$ 300 milhões junto a investidores e foi avaliada em uma faixa de US$ 27 bilhões a US$ 29 bilhões, segundo o site especializado TechCrunch.

Meses antes, a Microsoft anunciou um investimento bilionário na empresa, que na época foi noticiado como a compra de 49% do capital por US$ 10 bilhões.

O valor de mercado atualizado da dona do ChatGPT também a tornaria uma das maiores startups do mundo, só atrás de gigantes como a ByteDance, dona do TikTok (US$ 220 bilhões), e a SpaceX, de Elon Musk, (US$ 150 bilhões).

A OPENAI

Fundada em 2015 como uma instituição sem fins lucrativos por Musk, Sam Altman (hoje CEO da OpenAI) e outros especialistas em IA, a startup separou uma unidade em 2019 para receber investimentos e acelerar seu desenvolvimento.

Em novembro de 2022 veio o lançamento do ChatGPT, seu grande produto que hoje é responsável pela maior parte de suas receitas.

A OpenAI cobra para que usuários acessem uma versão mais potente do chatbot e para que empresas licenciem o motor da tecnologia para usar em ferramentas próprias.

A startup disse aos investidores que espera alcançar US$ 1 bilhão em receitas neste ano e “muitos mais bilhões” em 2024, conforme o Wall Street Journal.

**BOLSA E REAL VOLTAM PARA JUNHO**

A Bolsa e o real fecharam esta terça no pior nível desde junho, em reação a notícias negativas que vieram dos EUA e a uma pitada de mau humor também no cenário doméstico.

EM NÚMEROS

O Ibovespa fechou em queda de 1,49%, aos 114.193 pontos, menor patamar desde 5 de junho.

O dólar subiu 0,46%, para R$ 4,98, no nível mais alto em relação à moeda brasileira desde o dia 1º de junho. Durante o pregão desta terça, a divisa americana chegou a bater em R$ 4,99.

O QUE EXPLICA

EUA: os índices americanos fecharam em queda, dando sequência a um sentimento no mercado de que os juros devem ficar mais altos por mais tempo no país, conforme adiantou o Fed (BC americano) na semana passada.

Taxas de juros americanas nas alturas significam fortalecimento do dólar ante outra moedas e menor atratividade para as Bolsas mundo afora.

Copom: a ata da última reunião sobre a Selic foi divulgada nesta terça e praticamente enterrou as expectativas dos analistas sobre uma aceleração na queda da taxa básica de juros neste ano.

O comitê reiterou que o ritmo de redução da Selic deve continuar em 0,50 ponto percentual em suas próximas decisões, afirmando que uma intensificação dos cortes exigiria “surpresas substanciais”.

Tem ainda o assunto China, que vem azedando os mercados há alguns dias com a alta da incerteza. A preocupação, mais uma vez, está concentrada na Evergrande, gigante do setor imobiliário local que tem problemas para pagar sua dívida.

**MERCADO DE CANNABIS CRESCE EM MEIO A LIMBO JURÍDICO**

Decisões judiciais que permitiram a importação de maconha para uso medicinal e principalmente associações de pacientes que obtiveram habeas corpus coletivo para o plantio são responsáveis por movimentar um mercado do produto, que vai da indústria têxtil ao agronegócio.

ENTENDA

Os primeiros pedidos para importar produtos medicinais derivados da Cannabis foram aceitos em 2015 pela Anvisa.

Outras resoluções da agência, como uma de 2022, regulamentaram a importação de produtos à base da planta para uso pessoal, mediante solicitação.

Com a concessão de habeas corpus, têm surgido growshops, lojas dedicadas ao cultivo que vendem produtos como fertilizantes e lâmpadas.

De 2015 até hoje, o órgão emitiu mais de 235 mil autorizações —80,6 mil no primeiro semestre deste ano.

Sim, mas… Os empresários que atuam no setor afirmam que a falta de uma regulamentação no Congresso ainda traz riscos jurídicos e financeiros.

Existe no Brasil inclusive uma aceleradora de negócios canábicos. Fundada em 2016, a The Green Hub tem 19 empresas em seu portfólio, incorporadas em quatro rodadas de investimentos. Juntas, faturam R$ 5 milhões por ano.

Veja negócios feitos a partir de Cannabis:

– Marcas que vendem café, cerveja e chocolate com aroma de maconha;

– A clínica com tratamento baseado em Cannabis medicinal que quer virar franquia;

– Uso do cânhamo —que não tem efeitos psicotrópicos— para a fabricação de tijolos e isolantes ou para a produção de ração animal a partir de seus grãos e óleos.

– Calcinhas absorventes feitas de cânhamo e algodão.

– Lojas que vendem acessórios para fumar e cultivar Cannabis em casa.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

PEC DOS PRECATÓRIOS

Proposta para precatórios beira contabilidade criativa, dizem economistas. Separar juros da dívida e não registrar no resultado primário sugere manobra para melhorar contas públicas.

COMO FUGIR DA POBREZA

Bolsa Família seria mais eficaz com fim de benefício mínimo de R$ 600, diz Banco Mundial. Pagamento de valor por pessoa teria mais impacto na redução da pobreza, com menor custo para governo.

MERCADO

Apagão foi causado por sério desalinhamento de informação, diz especialista do setor. Para Mario Veiga, ONS e Aneel vão precisar deixar claro como ocorreu esse desencontro de dados.

PARTIDO REPUBLICANO

Biden se junta a grevistas em movimento sem precedentes para um presidente. Em campanha pela reeleição, democrata visitou piquete em Michigan nesta terça.

INTERNET

Google, 25, vive hegemonia na internet e controvérsias em privacidade. Gigante de buscas trava batalhas com regulação da internet após fake news e uso de dados.

ARTUR BÚRIGO / Folhapress

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