SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, reafirmou nesta quinta-feira (19) seu apoio a Israel na guerra que ele promove contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza ao desembarcar no país do Oriente Médio pela manhã.
“Me orgulho de estar aqui com você no momento mais sombrio de Israel, como um amigo”, afirmou o premiê ao seu homólogo israelense, Binyamin Netanyahu. “Estaremos ao lado do seu povo e queremos que você vença.”
Sunak chegou a Israel um dia depois da visita do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à nação, em um previsível encadeamento de demonstrações de apoio a Tel Aviv pelas forças ocidentais após os ataques terroristas no último dia 7.
“O Hamas são os novos nazistas, são o novo Estado Islâmico”, disse Netanyahu ao lado de Sunak em Jerusalém. “Temos de combatê-los juntos, assim como o mundo civilizado se uniu para lutar contra os nazistas.”
“Apoiamos totalmente Israel no que se refere a seu direito à autodefesa, previsto pelo direito internacional, assim como suas posições quanto ao enfrentamento do Hamas, o resgate de reféns, a dissuasão de futuras incursões e o fortalecimento de sua segurança a longo prazo”, disse ele. “Sei que vocês estão tomando todas as precauções para evitar prejudicar civis, em contraste direto com os terroristas do Hamas, que buscam colocá-los em perigo.”
Bombardeios realizados por Tel Aviv em Gaza já mataram, porém, 3.785 pessoas, incluindo 1.524 crianças, 1.000 mulheres e 120 idosos, de acordo com o Ministério da Saúde local. Os ataques, classificados de “indiscriminados” por mais de uma organização internacional, atingem uma das áreas mais densamente povoadas do mundo, reunindo 2,2 milhões de habitantes, 40% deles com menos de 14 anos.
De acordo com entidades que atuam no território palestino, os alertas de bombardeios são insuficientes para salvar civis, que entraram nesta quinta no 13º dia sob bloqueio total de Israel e convivem com falta de água, alimentos e insumos hospitalares. A expectativa é de que a liberação da entrada de ajuda humanitária pelo Egito, anunciada nesta quarta (18), impeça o colapso dos centros de saúde, hoje iminente, e amenize a situação.
A medida foi, aliás, elogiada por Sunak durante a visita. Antes de se encontrar com Netanyahu, o britânico havia se reunido com o presidente de Israel, Isaac Herzog, em encontro que serviu para ambos enfatizarem a necessidade de evitar uma escalada da violência na região
Outro ponto abordado por Sunak e Herzog -cujo cargo é sobretudo simbólico- foi o resgate de pessoas mantidas em cativeiro pelo Hamas. Pelo menos sete britânicos foram mortos no atentado do dia 7 de outubro, quando cerca de mil combatentes do grupo terrorista invadiram, por ar e terra, ao menos 14 localidades no sul de Israel e mataram 1.400 pessoas. Outros nove cidadãos do Reino Unido seguem desaparecidos, e dois deles foram identificados entre os reféns mantidos pela organização.
Os líderes também enfatizaram a necessidade de evitar uma escalada da violência na região. As tensões têm se agravado em meio às contínuas ofensivas do grupo extremista Hizbullah no norte do país, junto à fronteira do Líbano, e as manifestações de apoio à Palestina em países vizinhos.
As embaixadas do Reino Unido e dos Estados Unidos em Beirute emitiram, nos últimos dias, alertas para seus cidadãos deixarem o Líbano enquanto opções de voos comerciais ainda estão disponíveis.
Sunak segue ainda nesta quinta para a Arábia Saudita, onde se encontrará com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, segundo o porta-voz do político. Enquanto isso, seu chanceler, James Cleverly, está no Egito. Ele visitará a Turquia e o Qatar nos próximos três dias -todos países que o Reino Unido diz serem “vitais para os esforços internacionais de manter a estabilidade regional, libertar reféns e permitir acesso humanitário a Gaza”.
A intensa diplomacia representa uma mudança significativa em relação à decadência da influência britânica no Oriente Médio. O último primeiro-ministro britânico a visitar Israel e Cisjordânia foi David Cameron, em 2014. Em 2022, o governo eliminou discretamente o cargo ministerial dedicado às relações com a região.
Redação / Folhapress