O Brasil caiu da 18ª para a 89ª posição no World Giving Index em 2022, na comparação com 2021. Conhecido como o “Ranking Global de Solidariedade”, o WGI é uma das maiores pesquisas sobre doações no mundo, abrangendo 142 países e divulgada anualmente desde 2009.
Os participantes são questionados se fizeram, no último mês, três tipos de ações: ajudar desconhecidos, doar dinheiro ou realizar trabalho voluntário. O Brasil caiu nos três quesitos em 2022. A maior diminuição foi nas doações para ONGs, passando de 41% para 26%. A assistência a desconhecidos diminuiu de 76% para 64%, e o voluntariado caiu de 25% para 21%.
Os dados foram coletados ao longo de 2022 pela Charities Aid Foundation, representada no Brasil pelo IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social).
Por outro lado, a pontuação média do país ficou em 37%, a segunda melhor do Brasil desde 2009. “Isso significa que o Brasil não está piorando, mas que os outros países tiveram uma melhora significativa”, disse Paula Fabiani, CEO do IDIS em entrevista ao Nova Manhã.
“Em 2022, tivemos eleições. As pessoas ficam naturalmente mais desconfiadas em ano eleitoral. A mídia também dá mais atenção à política, diminuindo a cobertura sobre assuntos que levam a população a fazer doações”, afirmou Fabiani.
Para ela, o brasileiro “age na emoção”. “Quando acontece um evento, como um acidente natural grave ou uma pandemia, o brasileiro se mobiliza. Mas não temos a visão da doação como uma prática cidadã, constante. O brasileiro não é um doador recorrente, como acontece em outros países.”
Pela sexta vez consecutiva, a Indonésia foi o país mais generoso do mundo, seguido pela Ucrânia. Entre os dez primeiros países, apenas três são grandes economias (Indonésia, Estados Unidos e Canadá), enquanto a Libéria, um dos países mais pobres e menos desenvolvidos, ocupa a quarta posição.
“Isso mostra que o hábito de doar não tem relação com o nível de riqueza do país, mas com uma cultura de solidariedade da população”, afirmou a CEO do IDIS.
O Top 10 do WGI é composto por Indonésia, Ucrânia, Quênia, Libéria, Estados Unidos, Myanmar, Kuwait, Canadá, Nigéria e Nova Zelândia. A estimativa é de que 4,2 bilhões de pessoas praticaram algum ato solidário no anos passado, o correspondente a 72% da população mundial adulta.