Família de fã da Taylor Swift pode entrar com ação civil e criminal contra Time for Fun

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O advogado da família de Ana Clara Benevides Machado, fã de Taylor Swift que morreu, aos 23 anos, durante um show da cantora no Rio de Janeiro, disse à reportagem que a família da jovem pretende entrar com uma ação judicial contra os organizadores do evento, a produtora Time for Fun, ou T4F, para reparação de danos.

Num vídeo enviado à imprensa, João Paulo Sales Delmondes disse que o laudo de necropsia de Benevides confirma que os organizadores teriam falhado e sido omissos em relação às necessidades dos fãs durante o primeiro show de Taylor Swift no Brasil.

Em nota, a empresa Time for Fun, responsável por organizar o evento, lamentou a perda de Benevides e disse que prestou pronto atendimento à jovem quando ela passou mal e que está colaborando com os órgãos públicos.

“O laudo acaba confirmando a falha da organização do evento, sobretudo, a sua omissão com todos os fãs, dificultando o acesso à água e a pontos de hidratação. Isso fez com que a Ana ficasse exposta ao calor extremo e, fatalmente, culminasse com a sua morte”, ele diz no vídeo.

“Em razão disso, a família da Ana Clara pretende aguardar a conclusão das investigações no âmbito do inquérito, para verificar qual será o desdobramento com a punição dos responsáveis na esfera criminal e mover as ações judiciais necessárias, objetivando uma reparação de um dano.”

O advogado disse à reportagem que, com o laudo, já deve encaminhar a ação na esfera cível em paralelo ao inquérito. “Entendemos que nós estamos com todos os elementos suficientes para ajuizar a ação de reparação de danos, e isso deve acontecer tão logo eu tenha acesso à íntegra do inquérito até a fase em que ele se encontra.”

Delmondes, o advogado, disse que já entrou em contato com a delegada responsável pelo caso, Juliana Almeida Alves Domingues, e deve se encontrar em breve com ela para obter acesso às informações do inquérito.

“Se ficar mesmo constatada a responsabilização na esfera criminal, ela pode indiciar, podendo até tipificar o crime como homicídio culposo. Nosso papel vai ser acompanhar o desfecho desse inquérito e verificar se vai existir ou não o indiciamento. Se isso caminhar para uma ação penal, pretendemos nos habilitar como assistentes de acusação, mas esse é um momento futuro.”

“Essa dor não tem preço. Nenhuma indenização vai minimizar o sofrimento da família. O objetivo por buscar a justiça é fazer com que essa ação tenha um caráter punitivo, para mostrar que a empresa errou e deve ser responsabilizada pelo dano que cometeu, bem como pedagógico para servir de exemplo para que outras famílias não passem pela mesma dor que a família da Ana Clara vem passando e que os grandes eventos passem a se preocupar mais com o seu público”, acrescentou.

Ana Clara Benevides morreu na noite do dia 17 de novembro, durante a primeira apresentação de Taylor Swift no estádio Nilton Santos, o Engenhão. Na ocasião, o Rio de Janeiro enfrentava uma onda de calor extremo, e a temperatura superava os 40ºC. Exposta ao calor difuso, Benevides teve uma parada cardiorrespiratória com um quadro de choque cardiovascular e comprometimento grave dos pulmões, o que provocou a sua morte.

“A T4F seguiu todas as melhores práticas de organização de eventos, incluindo todas as exigências das autoridades, distribuiu milhares de copos de água e permitiu a entrada com copos de água descartáveis sem qualquer limitação de quantidade no dia do show. A empresa reitera, como tem feito desde o ocorrido, que lamenta profundamente a perda de Ana Clara”, disse a Time for Fun em nota.

“Ela foi prontamente atendida por socorristas e encaminhada em ambulância UTI, acompanhada por médicos até o hospital para que pudesse receber atendimento. A empresa segue prestando todas as informações solicitadas pelos órgãos públicos e colabora com as autoridades na investigação em curso. Em mais de 40 anos de atuação, a empresa nunca havia registrado um episódio trágico como o ocorrido no Engenhão, decorrente de fator climático.”

DIOGO BACHEGA / Folhapress

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